Capítulo 37 - Eu Vs Eu

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Pov Filipe Treveli

- Amor onde? Ela ligou e eu falei que você estava dormindo. Acho que ela ainda está bem longe.
- Como assim ela ligou Pai? Você conhece ela?
- Ué, ela está vindo na estrada. O pai dela está vindo trazê-la. Ele está certo, essas estradas de hoje em dia estão cada vez mais perigosas.
- Pai eu não estou te entendendo. Quem é que ligou? Quem está vindo pra cá!?
- A Jess é claro, Filipe. A não ser que você tenha outra namorada e não tenha me contado. É isso? - Ele gargalhou.
- Não, pera. Jess? Eu terminei com ela faz tempo, antes de mudarmos.
- Como assim terminou com a Jess? Então porque ela está vindo para cá hoje? Eu hein! Não entendo esses jovens de hoje. Ela descobriu sobre você?
- O que?! Não. Eu achei que você sabia que eu tinha terminado com ela... Lembro de te falar isso.
- Você nunca me contou filho. Primeiro Lúcia chega dois dias adiantado, sem nem mesmo avisar, e agora você vem com isso. Achei que vocês eram mais comunicativos. Ou eu estou ficando meio maluco, só pode ser algo da idade.
- O que está acontecendo Lúcia? -Perguntei
- Eu não sei Filipe. Talvez você não tinha terminado até esse momento... Ou não?
- Lúcia, presta atenção. Eu terminei com a Jess antes de me mudar para a cidade, sério. Tem alguma coisa bem errada aqui. Muito errada e estranha.
- Acho que é só um mal entendido. Se resolva com o pai aí. Depois a gente sai para comemorar o fim disso tudo. Depois de vários dias presa no porão daqui de casa, sério, preciso espairecer.
- Ta bom....
Em poucos momentos que Lúcia havia subido para seu "novo quarto" a mesma desceu, com uma feição de desespero.
- Filipe, vem aqui! Rápido. - Lúcia me arrastou para os fundos da casa, cochichando.
- O que foi Lúcia?!
- Filipe! Tem outro Filipe lá em cima!
- Como assim Lúcia?
- Tem outro de você lá. Isso mesmo, outro. Ele me viu e até me cumprimentou. - Ela falava assustada.
- Você acha que pode ser Hugh? Ele foi um mestre de disfarces o tempo todo. Talvez ele tenha... Sei lá.
- Eu tenho certeza que não. Ele é vampiro e bruxo como você. Eu pude sentir. Eu sempre senti a sua energia Filipe, ela é igual.
- Isso não é possível Lúcia. Talvez seja algum truque, eu não sei... Não teria como ele replicar minha energia de alguma forma estranha?
- Eu não entendo, é outro...você. Não é Hugh.
- isso não faz sentido. Dopplegangers não existem e você sabe disso... E que eu saiba clonagem humana também não é possível.
- Talvez Filipe, o intruso, seja você.
- Como assim?
Meu pai interrompeu minha conversa com Lúcia.
- Filipe, tem alguém chamando seu nome na porta. - Ele gritou da longe.
- Lúcia! Eu tenho que atender antes que o outro Filipe desça. - Fui mais rápido que pude e abri. Era Sam, juntamente com Ana.
- Filipe, nós temos que...
- Deixa eu adivinhar, vocês não são os únicos que são vocês mais?
- Você já descobriu então né?
- Por pouco não topo com o "eu mesmo". Aconteceu o mesmo com vocês? - Suspirei.
- Vamos dizer que meu encontro não foi muito agradável. - Sam respondeu.
- O meu também não teria sido, se não fosse a Samanta. - Ana disse direcionando o olhar para Sam.
- Então, se for isso mesmo, Lúcia e Elisa também devem ter certo? - Sam falou.
- Sim, mas...
- Eu acho que nos cometemos a maior burrada de nossas vidas. - Sam exclamou.
- Como? - Perguntei curioso.
- Nós viemos parar numa realidade diferente da nossa. Não foi nada de retrocesso bosta nenhuma. Talvez algumas coisas não sejam como estejamos pensando. Até agora está tudo normal pra vocês? Além de terem dois de nós, claro...
- Na verdade não, aqui parece que eu nunca terminei com Jess.
- Jess? - Ana Falou.
- Minha ex-namorada. - Quando respondi, Sam fez uma cara de quem comeu eu não gostou.
- Quem são vocês? Lúcia quem são eles? E você? - Quando me virei lá estava o outro eu me olhando.
- Filipe, olha, eu vou te explicar...
- Explicar o que? Tem outro igual a mim na minha frente! Isso é algum tipo de truque?
- O que está acontecendo aí? - Meu pai gritou lá de dentro.
Todos começaram a falar ao mesmo tempo até que Sam o apagou.
- Sam, você não pode fazer isso! Se o pai ver ele vai fazer alguma coisa! - Falei.
- Pai não tem mais magia. Eu lido com ele. Eu sei o que eu tenho que fazer Filipe. Vocês vão embora, para algum lugar, eu fico aqui, até eu chegar em dois dias. Eu invento uma desculpa e faço você, quer dizer, ele acreditar que foi um sonho ou alucinação sei lá. Vão vão!
- Você vai ficar bem? - Perguntei.
- Claro Filipe. Eu sou a melhor versão de mim. - Ela riu.
- Vamos todos para o meu apartamento.
- Pessoal esperem, a minha outra eu está presa dentro do banheiro.
- É.... Verdade. Ela está no circulo mágico. Não pode sair sem que alguém a tire.
- O seu colar não repele esse tipo de magia? - Perguntei
- Acho que sim, mas nessa época eu estava afastada da agência, não estava usando o colar. A não ser que aqui seja diferente...
- E agora, o que vamos fazer? - Sam perguntou.
- Sinceramente, eu não sei. Agora, a luta, pode ser entre nós mesmos. - Ana Falou.
- Vamos checar a sua casa primeiro Ana. Depois vamos para o apartamento de Sam ver uma solução.
- Tudo bem.
O caminho para a casa de Ana partindo da minha era curto. Até chegarmos lá a pé, o tempo era de aproximadamente doze minutos.
- Ana, você voltou mais cedo? O que houve? E você saiu sem comer o café da manhã. - Disse a mãe de Ana à porta quando nós batemos.
- Ah mãe. É que hoje na verdade não tinha aula. Começa amanhã.
- Entendi... E que são esse rapaz e essa moça?
- Meu nome é Marcus, Marcus Oliver. Sou Médico Cirurgião do hospital de Nevada. - Estendi a mão usando a mesma falsa identidade que havia feito a algumas semanas para os pais de Ana.
- E ela?
- Essa é minha esposa Genevive. - Falei na hora, no improviso.
- É... - Sam me olhou mas entendeu o que estava acontecendo. - Sim, eu também sou médica, dermatologista.
- Que legal, mas o que vocês fazem aqui com a minha filha?
- Eu sou um Ex Aluno da escola e estou procurando alunos que queriam participar de um emprego de meio horário no hospital e da experiência para seguir carreira médica.
- Isso mesmo. - Ana confirmou, mesmo sendo péssima em mentir, o que refletia em seu rosto.
A mãe de Ana moveu os olhos mas pareceu ter acreditado.
- Que ótimo. Vocês não querem entrar, tomar um café?
- Claro. - Sam respondeu.
- Apaga ela logo. - Cochichei no ouvido de Sam.
Num estalar de dedos a mãe de Ana caiu no chão adormecida.
- Ei! Não machuquem ela. Ainda é minha mãe.
- Fica tranquila Ana, ela acorda em meia hora. - Respondi.
Subimos para o quarto de Ana, onde ficava a suíte que Sam havia prendido a outra.
- E eu prendi ela bem aqui! - Sam abriu a porta e nós a olhamos. Não havia ninguém no banheiro.
- Droga. - Sam completou.
- Deixa eu ver, eu costumava guardar o colar numa caixinha prata, nessa gaveta. - Ana Exclamou. - Achei!
Ela levou a caixinha e abriu.
- Não há nada dentro. Ela provavelmente estava usando.
- E agora!? Ela viu você e a Sam?
- Não. Ela só me viu. Eu apaguei ela antes que a Ana acordasse. - Sam falou.
- Pessoal, vocês precisam ver isso. Eu costumava guardar uma faca aqui em baixo e....
- Puts. - Falei levantando com uma mão a cama de Ana.
Por baixo da mesma tinham muitas armas, facas, e várias outras coisas estranhas que com certeza serviam para matar pessoas.
- Parece que a Ana daqui levou muito a sério o ser caçadora. - Ana Falou.
- Estamos ferrados, uma hora dessas ela já contou pra todos os seus amiguinhos que foi atacada. - Sam falou.
- Provavelmente...
- E agora? - Ana Falou.
- Vamos encarar nós mesmos, o melhor vence.

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