Capítulo 22 - Cara a Cara

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POV: Filipe Treveli

   - Tem que ter um jeito de sairmos daqui.
   - Eu já tentei de tudo. Uma vez consegui fazer uma rachadura bem pequena na parede. Até que eu acordei algemada. - Disse a garota, Sofia.
   - Espere. Onde está essa tal rachadura? - Samanta falou.
   - Está ali. - Sofia apontou.
Sam foi até lá e avaliou. Logo depois ela me chamou para um canto e falou baixo, de forma que os outros não entendessem.
   - Filipe, como sua força funciona aqui? É parte do seu sangue, nao é? Eu sei que você foi concebido com magia.
  - É, eu acho.
  - Tem alguma coisa estranha nessa sala. Eu sinto um tipo de bloqueio estranho. Algo como uma magia reversa que bloqueia a minha.
   - O que quer que eu faça?
   - Eu imagino que você saiba. Para nós sairmos daqui eu vou precisar do seu sangue. Eu não estou acostumada a ter minha magia bloqueada. Não quero me gabar nem nada, mas minha magia é uma manifestação muito forte. Então acho que se eu tiver um "empurrãozinho", eu consigo tirar nós dois daqui.
  - E quanto aos outros? - Ele nos encaravam em silêncio neste momento.
   - Nós viremos por eles depois. O feitiço de transmutação vai nos tornar fumaça por alguns segundos, e passaremos pela rachadura.
   - Não seria melhor avisá-los? - Falei.
   - Você acha?
   - Na verdade, é melhor não. Ana nunca aceitaria. E a estranha provavelmente piraria se saissemos sem ela.
   - E se não der certo?
   - Vai dar certo. Primeiro veja se você consegue aumentar a rachadura um pouquinho mais.
Olhei ao redor, passei uma mão na outra, e subtamente dei um soco na parede. Com as vibrações do soco, pude sentir que era muito grossa.
   - O que está fazendo? - Ana perguntou. Não entendendo o que eu fazia. Enquanto isso Elisa parecia estar em seu próprio mundo conversando com algum morto. Se eu não soubesse que ela tinha essas habilidades, poderia jurar que ela era doida.
   - Tentando nos tirar daqui. - Eu continuava socando a parede.
   - Como? - Ela tornou a perguntar. Porém não respondi.
   - É impossível. Pelo menos sem magia.
   - Não estamos sem magia. - Sam falou.
   - O quê? - Ana perguntou.
   - Agora Filipe.
Com minhas próprias unhas, rasguei a palma das minhas mãos, que agora escorria sangue. Sam rapidamente pegou minha mão e fechou os olhos.
  - Eu voltarei por vocês, eu prometo.
  - Treveli! - Ana gritou tão furiosa, mas seu grito ecoou enquanto nossos corpos se transmutavam em fumaça.
Foi questão de segundos. E lá estávamos nós, do outro lado da parede. Em outra sala. Porém a sala era toda branca. Paredes brancas, luzes brancas, e apenas uma mesa branca no centro.
   - Porcaria. - Falei.
De repente, da parede, abriu-se uma porta. Entrou alguém que eu não podia acreditar, e trajava um terno todo branco.
   - Meu deus. Seu filho da mãe! - Era Hugh, ou melhor o corpo de Hugh.
   - Você conhece ele? - Sam falou baixo.
   - Eu conhecia.
   - Parabéns Treveli. - Ele se aproximava lentamente aplaudindo. - Você sempre se superando. E você também Samanta.
   - Onde você colocou a gente? Seu desgraçado? Onde está minha irmã? - No impulso eu o segurei pela gola de sua camisa. Mas senti uma dor de cabeça que me obrigou a solta-lo.
   - Sem agressividade Treveli. - Ele falava rindo, e em tom de deboche. - A sua amiga Ana sabe muito bem onde nos estamos, talvez ela só não tenha vindo a tanto andares no subsolo.
   - Você sabe com quem você está lidando? Eu não posso ser dominada. Você provavelmente sabe disso. - Sam falou.
   - É, eu sei. E você está errada. Esse lugar é todo feito de Tremargânio. Você já deve ter visto, a pedra roxa que brilha. Eu tive uma ajudinha bastante especial na construção de tudo isso, e principalmente vou ter agora. - A porta na parede novamente surgiu. - Conheçam Marcone, meu fiel escudeiro.
   - Pelos Deuses. Pai? Você está realmente nessa? - Sam disse, e eu fiquei estreitamente surpreso.
   - Filha, você também pode vir conosco. Nada vai acontecer com você. Só precisa confiar em....
   - Eu não vou confiar em merda nenhuma! Eu sei que é realmente você. Como você pode?
   - Tem muitas coisas que você não consegue entender.
   - Eu consigo entender sim, estúpido.
   - Sua mãe teve a mesma reação.
   - Ah não.... Você fez o que com ela?
   - CHEGA! Não sou obrigado a ouvir essa discussão familiar. - Hugh interrompeu.
   - O que vai fazer conosco, Pulador de merda? - Perguntei, com raiva.
   - Pulador? É assim que vocês nos chamam? - Ele riu. - Nos somos muito mais que isso. Nos somos uma nova ordem de pessoas, todas evoluídas. Não há espaço para humanos e sobrenaturais no mesmo mundo. Todos nós só queremos conquistar o que é nosso, por seleção natural, pelo futuro.
   - Então, é isso que você quer fazer, pai? Que coisa mais ridícula.
  - Cala a boca, Samanta. - Ele explodiu.
  - E agora, vocês vão se juntar à nós, nesse objetivo tão nobre. Um híbrido e uma maga, não são nada mal para a nossa equipe.
De repente duas cadeiras estranhas, como aquelas que vemos em dentistas saíram das paredes e de algum jeito, fomos forçados a nos deitar.
   - Como ele está usando magia?
   - Você lembra de aulas de química? É alguma reação, que faz ele poder ultrapassar a barreira gerada pela grande quantidade da pedra.
  - Olha. - Apontei com meu olhos, pois nossas mãos e pernas, estavam sendo amarradas por fios automatizados. - O Anel. - Tinha uma pedra amarelada.
   - Só pode ser isso.
   - Nós só temos uma chance.
Com a ponta do dedo, rasguei outro dedo, e juntamos as pontas dos dedos com meu sangue. E conseguimos escapar das cadeiras.
Fui correndo tentar pegar o Anel. Porém o pai de Sam era muito forte, e antes mesmo de eu me aproximar muito, eu estava no chão, tendo meu ossos todos quebrados por magia manifestada. Eu não conseguia ver Sam, mas escutava gritos de dor.
De repente, algo voa e bate na cabeça de Marcone e tudo para subitamente. Viro minha cabeça e vejo Sofia, Elisa e Ana, que segurava uma corrente em suas mãos, provavelmente algo que ela jogou.
   - Não temos muito tempo. Vamos logo! - Elisa gritou.
   - Como? Vocês... ? Não estão com raiva?
   - De alguma forma, a garota fantasma explicou tudo. Eu compreendo. - Ana Falou. - Se subirmos até um determinando andar, talvez eu saiba como sair.
   - Ele está fugindo! - Gritou Sofia.
Era Hugh, que entrara em uma porta na parede e saira de fininho.
  - Deixe ele fugir, nós temos que fazer o mesmo. - Elisa tocou na parede e fez um desenho com seus dedos, de forma que uma porta se abriu.
   - Como você sabia disso? - Sam perguntou.
   - Eu tenho meus contatos. - Ironizou Elisa.
    Era um elevador. Subimos até um certo andar e Ana nos guiou por um caminho. De repente, caímos numa sala cheia de pessoas. Ana parou de correr. Provavelmente, conhecia aqueles sujeitos.
   - Nós temos que correr. - Falei enquanto todos da sala nos encaravam em silêncio, junto a vários e vários colares roxos que brilhavam
   - Subam as escadas e virem a esquerda, na porta de vidro. Preciso resolver algo. - Ana disse.
Rapidamente fizemos o que ela mandou e, assim que pusemos os pés para fora do prédio, Sam estalou os dedos fazendo com que eu, Elisa, Sofia e ela parássemos em seu apartamento.
   - Alguém quer uma bebida? - Ela deu um suspiro, enquanto a olhávamos.

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