Capítulo 28 - Um Adeus e um Recomeço

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POV: Filipe

Meus olhos começaram a abrir cerradamente. Não sei por quanto tempo eu havia apagado. Quem é que tenha causado essa armadilha esqueceu de uma coisa. Eu como hibrido sou bruxo e vampiro. Vampiros não podem morrer por causas naturais, porém podem por doença de bruxo. Mas eu ainda sou um bruxo... Foi apenas o tempo necessário para que eu morresse e meu corpo me trouxesse de volta a vida.
Me levantei com um pouco de dificuldade. Eu precisava de sangue para me recuperar, mas eu não podia correr o risco de me contaminar novamente, e apagar outra vez. Chequei o celular para ver se as garotas haviam respondido minha mensagem, mas não havia nada, apenas umas cem ligações de Sam. Provavelmente já estavam mortas.
Fui andando sorrateiramente para dentro da escola, e vi alguém parado em uma das portas.
- Ei, fuja. - Falei com a altura máxima que eu conseguia no momento.
- Filipe? - O vulto veio correndo em minha direção e eu pude reconhecer, era Samanta.
- Sam...
- Filipe, eu achei que...
- Eu não sou fácil de abater. - Falei com um sorrisinho sarcástico.

Ela me beijou.

- Wow... Eu não estava esperando por isso de novo tão cedo. - Falei
- E nem eu que você voltasse... - Logo depois dessa fala eu retribui o beijo. Talvez tenhamos gastado uns quarenta segundos naquilo.
- Eu sei do que você precisa Filipe. - Sam disse entendendo o seu braço para mim.
- Você? Eu não posso...
- Anda logo. - Ela me olhou fixamente.
Eu retribui com um sorriso e dei de ombros. Mordi com o máximo de delicadeza o seu punho e suguei um pouco do seu sangue. O mínimo que eu precisei... Afinal, eu sei a falta que o sangue faz em corpos não vampíricos.
- Eu... Obrigado. - Falei com ela limpando a boca com a barra da blusa e passando a língua nos dentes com gosto agridoce.
- Você... fica fofo com a boca vermelha. - Sam falou.
- O que? - Assustei. - Obrigado, eu acho. Você conseguiu o antidoto?
- Eu ainda preciso de uma amostra de DNA do que espalhou a praga.
- O corpo... Ele estava bem do meu lado. Não sei como saiu dali.
- Você chegou a tocá-lo? Talvez em seus dedos. - Sam tentava achar uma solução, sem muita esperança.
- Eu não sei...
- Coloque-os aqui. - Ela pegou um frasco com um liquido viscoso.
- Está funcionando! - Ela gritou, pois assim que eu mergulhei meus dedos no liquido, ele tornou-se azul.
- Eu sinto muito Sam, mas é impossível curar todos, além do mais muitos já devem estar mortos. Ana e Elisa falaram com ele... O vírus deve ter atingido com muita força os seus corpos.
- Na verdade, eu andei pensando, se você bebesse o antidoto, e depois as pessoas bebessem seu sangue, talvez funcionasse...
- Ei, na verdade poderia funcionar. Pois quando eu drenei Hugh... Acho que pode funcionar.

Peguei o frasco das mãos de Sam e bebi. O gosto era extremamente horrível, nem imagino o que ela usou para fabricar isso.
- Agora temos que ir rápido antes que meu corpo renove o sangue.
Samanta pegou um copo perto do bebedouro e pediu que eu o enchesse com meu sangue, e assim o fiz. Fui com Samanta em uma das salas de aula, e infelizmente já haviam muitas pessoas mortas, mas felizmente algumas ainda estavam em seus últimos momentos. Eu podia ouvir suas respirações fracas.
- Ele aqui, ainda está vivo. Apontei para um garoto próximo...
Sam se abaixou e fez ele beber do copo. Rapidamente ele tossiu e parecia ter recuperado sua lucidez.
- Onde estou? - O garoto falou.
- Funcionou. - Falei. - Cure o máximo de pessoas que você achar. - Falei enchendo mais dois copos com meu próprio sangue.
- Logo logo mais autoridades vão chegar. - Sam falou.
- Eu vi o que você fez com os paramédicos.
- Eu não tive escolha...
- Depois você tem que me ensinar.
- Engraçadinho... Será que você poderia lançar um encantamento no prédio?
- Verdade. Não podemos deixar ninguém sair até que recuperemos o máximo de pessoas e apaguemos suas memórias, vamos deixar parecendo que houve um atentado.
- Onde você vai? Você pode lançar o encantamento daqui.
- Eu tenho que procurar por Elisa e Ana, afinal elas estão tão envolvidas nisso quanto nós.
- Ah, ok.
Enquanto eu andava pelos corredores fui repetindo as palavras que Sam havia escrito em um pedaço de papel para mim. Senti uma grande onda de energia mágica se formando ao meu redor. Acho que tinha dado certo. Agora eu precisava encontrar as duas, e eu esperava que estivessem vivas.
De sala em sala eu tentava encontra-las. Até que eu chequei a última sala e nenhuma das duas estava lá.
- Sam? - Eu olhei para trás ao escutar um barulho.
Num instante os armários escolares começaram a se abrir, liberando folhas e outras coisas. Até que em um certo ponto parou e uma porta se abriu. Era o banheiro feminino.
Quando eu olhei vi Elisa e Ana caídas no chão e bastante sangue, que provavelmente havia saído de suas bocas.
- Meu deus. - Imediatamente eu mordi meu próprio braço e levei meu sangue a suas bocas.
Elisa foi a primeira a responder ao meu sangue. Ela deu uma tossida e levantou seu tronco.
- Já vi que Jorge conseguiu trazê-lo até aqui.
Entendi o que havia sido todos aqueles armários se abrindo.
- O que aconteceu? - Ela perguntou em seguida.
- É uma longa, longa história... - Respondi olhando para Ana enquanto ela não acordava.
- O porque daquela mensagem?
- Olha Elisa, eu realmente não tenho tempo agora. Sam está no prédio, vá encontrá-la. Talvez você seja útil. Só não se assuste se você ver muitos...
- Deixa pra lá, vai logo. - Ela desconfortável com o meu tom de voz, obedeceu mesmo assim.
Nesse meio tempo, coloquei Ana encostada na parede, talvez ela não tenha engolido o sangue. A posição ajudaria descer para seu organismo. Eu esperei três minutos, e não acontecia nada. Até que eu prestei atenção e sua respiração estava oscilando muito.
Eu a carreguei e levei até onde Sam estava.
- Sam! Veja, não está funcionando. Tem alguma coisa errada.
- Eu não sei... - Sam respondeu.
- Ahhh! - Elisa deu um grito super assustado.
- O que? - Falei também assustado.
- O...O... Espirito dela. Está saindo e voltando, eu nunca vi algo assim antes! - Ela disse super assustada.
- Como assim? - Eu coloquei meu ouvido em seu tórax para tentar ouvir seus batimentos. Estavam muito fracos.
- Filipe! - Sam gritou quando viu algo e veio levantou a blusa de Ana. Sua barriga estava roxa e inchada.
- O que é isso?! - Perguntei
- Parece... Uma hemorragia. Mas eu realmente não sei... Ela está morrendo. - Elisa afirmou sem esperanças.
- Acho que chegamos tarde demais... - Sam lamentou.
- Para mim já chega... Treveli eu agradeço por você ter me salvado. Mas eu vou seguir seu conselho. Eu vou sair da cidade... Eu não sei se eu aguento mais. Eu não sou como você que pode se defender a qualquer hora, e ressucitar dos mortos. Ou como ela - apontou para Sam - que pode fazer feitiços para ir para casa sem andar um metro. Eu não consigo.
- Isso é um adeus?
- Eu acho que sim... - Ela começou a chorar e saiu da sala correndo.
- Ela não está morrendo por causa da Doença, e sim por ela mesma. - Sam apontou para Ana
- Oh meu deus! Ela não pode morrer... Depois de tudo. E agora a Vidente foi embora. Eu vou ter que...
- Filipe você não pode... - Sam falou.
- Eu posso e eu vou. Vou transformá-la. - Abaixei e mordi seu pescoço, e as presas teriam de ficar por trinta segundos em cada lado, e assim eu fiz.
- Está feito.
- Ela vai te matar... - Sam falou.
- Eu não posso morrer. Sou um vampiro.


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