Ouvi de longe batidas na porta que me despertaram. — Que horas são? E por que eu estou no quarto do Dave? — Questionei mentalmente. Tudo era uma grande confusão.
Sentei-me na cama, procurando por pistas além da minha fodida dor de cabeça. Encontro uma garota loira dormindo do lado direito da cama, abraçada com uma morena cujo as tranças cobriam seu rosto.
Algumas lembranças da noite passada começam a ficar claras.
Ouço alguém bater na porta novamente e encaro meu estado, para ver se tenho condições de abrir a porta.
Só de cueca. Foda-se.
Sacudi minha cabeça tentando espantar a dor, mas me arrependi logo em seguida pois latejou como o propulsor de uma bateria. Caminhei até a porta cambaleando. Tonto de sono e dor, abri ao som de mais batidas e amaldiçoei quem quer que fosse.
Ao avistar a cabeleira castanha embalando sua expressão cansada de olheiras fundas, acreditei que estivesse sonhando. Mas não.
Ela estava ali, tão surpresa quanto eu, prova disso é que empalideceu. Isabela pareceu estudar meu estado, enquanto procurava palavras talvez. Tive a certeza de que ela não esperava me encontrar.
— Ethan?! — Diferente de todas as vezes que a peguei olhando pra mim, dessa, não senti uma coisa boa.
Sua roupa era a mesma da noite passada, o que me fez concluir que ela apenas tinha voltado, as botas estavam sujas de terra, mas resisti ao impulso de querer perguntar onde havia ido. Não me importava.
— O que você quer? — Minha voz sai rouca de sono. Ela voltou a me olhar nos olhos e pensou até demais para responder. Parecia não compreender minha entonação.
Minutos intermináveis antecederam sua resposta, minutos que pareceram horas, pois seu olhar sobre mim parecia perfurar, e corroer cada camada da minha pele desnuda.
— Estou procurando pela Olívia. — Seu olhar não escondia as inúmeras perguntas que ela desejava fazer. Impaciente, abri a porta e deixei que ela pudesse ver.
Isabela relaxou todas as suas linhas expressivas quando seu olhar caiu sobre a cama. Mesmo que seus pensamentos sejam indecifráveis pra mim, seu semblante era um misto de decepção e perca. Senti-me um fiapo de merda quando um brilho envolveu sua iris, longe de ser uma coisa boa.
— Como pode ver, ela não está aqui! — Deixei claro que não estava me importando com o que ela estava supostamente pensando sobre aquilo.
Não percebi que estava atento ao seu olhar, até que o mesmo me procurou. Um verde opaco e vazio, era como se ela estivesse distante. Eles não tinham mais aquelas dúvidas escondidas, brilhavam mais que o comum, isso porque lágrimas se acumulavam ali, lágrimas que ela não permitiu cair.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Fragmentos - Livro 1
Romance🥈2° Lugar na categoria DRAMA. Do concurso #Enredodourado 2° Edição. #22/11/20 | #01bestseller Perto de completar seus 17 anos, Isabela Callegari retorna a cidade natal da sua mãe, onde fará de tudo para fugir de um passado que não lhe pertence...