Capítulo 17

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É sábado, um dia atipicamente ensolarado por aqui

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É sábado, um dia atipicamente ensolarado por aqui. Acordei bem cedo, mesmo estando exausta mentalmente pelos longos dias trabalhando com a Ellie, essa noite foi na verdade, a única em que de fato dormi. Sua ansiedade havia passado pra mim, e meu principal cargo era não deixa-la enlouquecer com tantos detalhes.

Hoje é o tão esperado coquetel presidencial, totalmente coordenado pela minha tia. Com tudo encaminhado, Ellie também tirou o dia só para ela, já eu, preferi tomar meu café da manhã fora de casa.

Entrei no primeiro ônibus que passou e desci direto na ByWard, caminhei o restante a pé até o "Lé Coffé", por sorte, o dia estava tranquilo, me dando a chance de conseguir uma mesa no meu lugar favorito até agora.

Me sentei e logo fui atendida, enquanto esperava meu pedido chegar, coloquei o notebook na mesa e toda minha inspiração para trabalhar. Passei horas digitando, quando um rapaz colocou sobre a minha mesa uma cestinha com pães doces. Tirei os olhos do computador e o observei 

Os olhos castanhos e cabelos jogados me fazem lembrar... Ian, o dono daqui que a Olívia fez amizade.

— Ah, isso não é meu — falo oferecendo de volta.

— É sim. — Sorriu e a colocou de volta.  — Por conta da casa.

— Sério? — Sorri. — Obrigada! — Quem não gosta de ganhar comida? — Espera, isso foi uma indireta para eu pedir mais alguma coisa ou ir embora? — Ele gargalhou negando.

— Na verdade, foi uma desculpa para ver se era realmente o que eu suspeitava, por algum motivo, meu estabelecimento atrai muitos escritores como você. — Foi minha vez de rir envergonhada.

— Escritora? Não — protesto. — Quer dizer, escrevo só pra mim.

— Por enquanto — afirmou com convicção. — Como você passa aqui todos os dias, eu com certeza vou ter a oportunidade de ler um dia, não vou? Qual é, eu ofereço a cafeteria mais inspiradora de Ottawa, o mínimo que eu mereço é uma amostra em primeira mão.

— Não consigo ao menos pensar na possibilidade. — Ian ergueu as mãos em redenção. Não lembro em que momento escrever se tornou um hábito frequente. De alguma forma eu precisava tirar sentimentos de dentro de mim e a maneira mais individualista que encontrei foi em palavras. Pensar na hipótese de alguém lendo meus pensamentos me pareceu absurdo.

Nem mesmo eu tinha coragem de ler. Uma vez que escrevia, era como se tudo de ruim que se acumulava dentro de mim, fosse jogado naquele abismo.

— Já dizia meu avô, uma história não lida é como a força do pensamento, só existem na cabeça do autor. Pense nisso — disse ele, antes de sair.

Fragmentos - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora