— Sim, aquela doida me persegue desde pirralha. — Estávamos na quarta ou quinta taça, Isabela sorria encantada me ouvindo falar sobre a Anne e como nos conhecemos. Ela estava tão interessada em ouvir que apoiou seu queixo na palma da mão, e o cotovelo na mesa, fixando seu olhar em mim. — Ela sempre foi meio maloqueira e não gostava de brincar com as meninas da nossa rua, então sempre veio brincar de carrinho, futebol, guerrinha... no começo eu não a queria andando com a gente! Depois que vi, que ela sabia brincar igual menino, comecei a aceitar.
— Preconceituosos e machistas desde pequenos. — Concluiu com uma careta.
— Eu era moleque Isabela, acertava a bola nela só para testar, ela nunca chorava igual as menininhas. Pelo contrário, ficava vermelha de raiva e jogava ainda melhor que a gente. — Falei com um carinho nostálgico.
— Coitada! — Sorriu enfiando mais um canapé na boca. Ela já tinha devorado uma bandeja sozinha.
— Quando começamos a estudar, conhecemos o Theo e o Dave, ainda moleques, eu tinha vergonha dos caras, não queria uma garota andando com a gente. Ela tentava conquistar outros grupos para termos interesse na companhia dela, coisas de criança sabe?
— Sei. — Sorriu ainda mais concentrada no que eu falava.
— Nós crescemos, continuávamos nos encontrando na rua depois da aula, mas na escola não nos falávamos, eu não percebia que tinha um carinho gigantesco pela Anne, até os caras começarem a mexer com ela. Eu não deixava os meninos dar em cima, porque era como se fosse minha irmã, ela ficava puta da vida, até a Vienna aparecer, foi sua primeira amizade feminina, ela estava se sentindo bem excluída quando começou andar com a Vih, e desde então as duas não se desgrudam.
— Uau! Vocês foram muito otários.
— Não, não fomos. Estávamos protegendo a Anne, eu conhecia os caras que queriam chegar nela e não deixaria isso acontecer, eu fiquei tão neurótico, que coloquei o Theo para ficar em cima dela, só não imaginava que eles iriam acabar ficando.
— Como assim? — Perguntou rindo alto. — Você colocou seu amigo galinha para ficar em cima dela, e esperava o quê?
— Ele só precisava falar que estava ficando com ela, não precisava ficar de verdade, criaram uma amizade bem legal, mas acho que ele tinha tanto medo deu descobrir que tentaram esconder, mas eu soube pouco tempo depois e dei uma dura nele.
— Como assim deu uma dura nele?
— Não deixei assumir nada com ela. — Isabela me encarou indignada.
— Ethan, você falou para o Theo... Não assumir a Anne? Com qual intensão?
— Não queria que ela acreditasse que ele estava gostando dela. — Dei ombros. — O Theo é da zoeira Isa, nunca quis mais do que isso.
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Fragmentos - Livro 1
Roman d'amour🥈2° Lugar na categoria DRAMA. Do concurso #Enredodourado 2° Edição. #22/11/20 | #01bestseller Perto de completar seus 17 anos, Isabela Callegari retorna a cidade natal da sua mãe, onde fará de tudo para fugir de um passado que não lhe pertence...