1 ano antes... 1938!
- Naama!!! - Ouvi gritos de minha mãe no andar de baixo - Levanta-se logo, se não irá se atrasar para a escola.
- Já vou. - Gritei em resposta.
Levantei da cama ainda sonolenta e vou para o banheiro. Parei em frente ao espelho para me maquiar, percebi que meus cabelos haviam crescido muito, a cor castanho escuro realçava minha pele branca.
Coloquei o uniforme da escola e desci as escadas. Peguei minha mochila que estava em cima do sofá e quando já ia saindo de casa, minha mãe falou:
- Naama, não vai comer nada?
- Não estou com fome. Até mais tarde.
- Até!
Já eram 07:20 da manhã, tenho que apressar meus passos, não quero me atrasar.
Estava ofegante quando cheguei ao portão, quase que o mesmo fecha e eu ficaria sem aula, se bem que isso não seria má idéia, já que a primeira aula seria de matemática e eu odeio esta matéria.
As aulas passaram normalmente, marquei com minhas duas amigas de fazer uma festinha surpresa para minha mãe, já que hoje é o aniversário dela, nem dei parabéns mais cedo para inventar que eu tinha esquecido, mas nunca esqueceria uma data como essa.
Cheguei em casa, como esperado ninguém estava, minha mãe deve ter ido à uma casa de qulquer amiga e provavelmente demoraria horas, meu irmãos foram para a escola e meu pai estava trabalhando.
Não passou muito tempo, e bateram na porta:
- Cheguei! - Falou Kate, uma de minhas amigas.
- Trouxe tudo? - Perguntei olhando em suas mãos, que estavam com algumas sacolas.
- Sim!
- Então vamos começar, por que acho que a Liane vai demorar.
- Tabom.
Começamos com a decoração, colocamos balões em quase todo o andar de baixo, a sala de estar e a sala de jantar estavam cheios de balões e cartazes escrito 'parabéns', 'te amo mãe'.
Depois fomos direto para preparar o bolo, já estava começando a fazer quando ouço alguém me chamar là fora:
- Naama!
Fui até à porta e a abri.
- Pensei que não viria Liane, demorou muito.
- Tive que fazer algumas coisas. E vocês já decoraram?
- Já sim!
Ela entrou e fomos para a cozinha.
- Liane prapara uma torta, só você que sabe fazer, por favor. - Fiz minha melhor expressão de fofa, ela riu e respondeu:
- Tabom.
Olhei no relógio, já tinha passado três horas desde que começamos, a qualquer momento minha mãe e meus irmãos iriam chegar.
- Meninas vou tomar um banho, me sujei demais fazendo este bolo.
- Tá, a gente termina de fazer o resto - Liane respondeu.
- Obrigado.
Subi para o meu quarto, tomei um banho rápido e coloquei uma roupa de frio, pois aqui na Alemanha o frio é constante.
Estava descendo as escadas quando a porta se abriu e minha mãe e os meus dois irmãos entram.
Ela olhou em volta, depois olhou para mim e disse:
- Filha, não acredito que fez isso! Pensei que tivesse esquecido.
- Nunca mãe. Eu te amo.
- Obrigado filha. Eu também te amo.
Dei um abraço nela e comemoramos muito.
Mal sabíamos que esse seria o último aniversário de sua vida.
Começo de 1939...
O país todo estava em guerra, muitas pessoas judia estavam desaparecendo e ninguém encontrava resposta para isso.
Fui para escola com muito medo, pois todos sabiam que eu sou judia. Mas felizmente ocorreu tudo bem lá.
Mas quando estava voltando para a casa me deparei com uma cena horrível. Estava a mais ou menos a quatro casas da minha.
Em frente a minha casa, havia um carro de soldados, esperei alguns segundos para ver o que acontecia ali, até que um soldado sai segurando meu pai e outro segurando meus dois irmãos, um de meus irmãos estava chorando e tentando se soltar do soldado, então o mesmo bateu com a mão na cabeça do menino fazendo a criança desmaiar na hora. Meu pai vendo aquilo tentou se soltar mas os homens jogaram ele com muita força para dentro do carro, e o que mais me causava revolta era que aqueles malditos estavam rindo bastante, como se aquilo estivesse engraçado.
Dei dois passos para a frente, quando vi minha mãe saindo de casa, parei de andar na hora, suas mãos estavam amarradas para trás e um soldado à seguia. Ela virou sua cabeça, e pude perceber um hematoma roxo em seu olho, seus olhos caíram em cima de mim, algumas lágrimas desceram ao mesmo tempo de nossos olhos, até que ela disse alguma coisa e eu entendi, pelo jesto de sua boca, que era...
'Filha... Fuja'!
Sai correndo, sem pensar em nada, joguei meus materiais no chão e segui chorando sem ter para onde ir.
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Me apaixonei pelo brilho da Morte
RomanceEu?? Uma judia no meio da Alemanha! Em plena segunda guerra mundial. Se vou morrer?? Não sei. Talvez. Mas farei o possível para que isso não aconteça. Se tenho família?? Tinha, até eles serem capturados pelas tropas de Hitler, e provavelmente fora...