Ele voltou

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  Os passos se afastaram e meu coração martelava contra minha caixa torácica. Minha respiração ofegante não me ajudava. Estava com medo.

  Ela não poderia me ver!
  Não poderia abrir essa porta!

  Não sabia o que fazer. Fiquei paralisada no meio do quarto. Estava em pânico.

  Os saltos! ... novamente o barulho irritante vinha se aproximando e com ela minha possível morte.

  Algumas lágrimas escorriam em minhas bochechas tudo parecia perdido. Já ouvia ela tentando contra a porta.

  Até que uma voz conhecida grossa, grita:

  - Naama?! Naama?! - Era Joseph! Meu deus! Era Joseph! Seu tom parecia preocupado.
 
  Ouvi passos pelo corredor, deve ser ele. Até que o silêncio paira no ar.

  - O que você está fazendo aqui? - Ele pergunta, parecendo estar com raiva.

  - Quem é essa tal de Naama? - Addie pergunta desconfiada.

  - Não fuja da minha pergunta!- Ele grita - O que está fazendo na minha casa? Não te dei o direito de estar aqui!

  - Vim te esperar Joseph! Eu te amo! Você vai ficar comigo querendo ou não! - Ela também gritou.

  Ele deu uma gargalhada alta irônica e falou:

  - Eu te odeio Addie. Agora saia da minha casa e nunca mais venha aqui ou vou chamar a polícia e você vai ser presa.

  - Quem é a vadia? Ande me fale Joseph! Quero saber quem é essa tal de Naama!  ... Se bem que esse nome não é Alemão, se eu não me engano é nome judeu. Estou correta Joseph?

  Ele não respondeu nada. E o meu medo voltou.

  - Acho que está mal informada ou está surda. Não falei em momento algum este nome. - Ele respondeu calmo.

  - Você... - Ela fez uma pequena pausa. -  Um homem tão correto e ainda por cima segurança de Hitler não ousaria esconder nenhum bastardo judeu daqueles não é Joseph?

  - Não ousaria. Agora voltemos ao caso você invadiu minha casa então vai ser presa, vou chamar a polícia.

  - Primeiro abra essa porta. Quero comprovar que não tem mais ninguém aqui Joseph. - Ela falou em tom autoritário.

  - Você não tem o que comprovar! - Ele gritou. - Você não é nada minha, não tem nada haver com minha vida. Agora Addie, você será presa.

  Passos se afastam.

  Após alguns minutos ouço muito barulho lá fora. Devem ter vindo pegar a Addie, aquela mulher deve sofrer de algum distúrbio mental, a obsessão que ela tem com Joseph é muita. Não é normal.

  Após isso, a porta do quarto se abre, e vejo ele, algumas partes de seu rosto estava vermelho, parecia machucado, seu cabelo estava despenteado, algo fora do normal.

   Fui correndo o abraçar, ele me fez falta, muita falta. Seu cheiro me passava calma.

  - Aí. - Joseph falou rindo.

  - Desculpa, desculpa. - Reparei agora que Joseph usava uma espécie de muleta.

  - Tudo bem. - Ele respondeu se sentando na cama.

  Me sentei ao lado dele e perguntei:

  - O que aconteceu com sua perna?

  - Levei um tiro. - Ele respondeu rápido.

  - Onde? De quem? - Perguntei aflita, só de pensar que Joseph correu risco de morrer uma preocupação me toma.

  - Foi onde estávamos dormindo. Bombardearam o lugar todo. Acho que estavam atrás de Hitler. - Ele falou pensativo.

  - Entendo. Morreram muitas pessoas?

  - Acho mais fácil falar os que sobraram. Alguns saíram com Hitler e sobreviveram, outros ficaram, eu fui um deles, apenas um sobreviveu.

  - Você! - Falei surpresa.

  - Sim. - Joseph respondeu meio triste.

  - Você foi em algum campo de concentração? - Eu sei, eu sei que ele não queria me falar nada sobre aquele lugar, mas a curiosidade era muita.

  - Sim. Foi a pior experiência da minha vida. - Ele falou ainda mais triste. - Um homem, ou melhor, um amigo morreu por minha causa.

  - O que você fez?

  - Dei comida a um menino judeu no campo, um soldado me viu ao longe, só que ele pensou que fosse Hans, e o mataram. Não pense que sou um covarde! - Poucas lágrimas caiam de seus olhos. - Eu juro que tentei convencê-lo. Mas ele não quis!

  - Calma. Ele preferiu assim, deveria ser uma boa pessoa. - Abracei mais uma vez Joseph. Tentando reconforta-lo.

  - Senti sua falta. - Ele falou ainda me abraçando.

  - Eu também.

  Ele me soltou do abraço e me beijou, um beijo calmo cheio de saudades.

  Fiz algo para comermos e fomos dormir.





   Desculpem :/ Capitulo pequeno :(...

Me apaixonei pelo brilho da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora