Maldito vaso.

559 70 27
                                    

Joseph me beijou com voracidade antes que pudesse fazer qualquer coisa, em primeiro momento fiquei paralisada, não sabia o que fazer, mas sua língua pedia passagem para entrar em minha boca, então só correspondi, coloquei minha mão em sua nuca e o puxei mais, nossas bocas não se desgrudavam, mordia o lábio inferior dele com frequência, para meu primeiro beijo estava muito bom.

Suas mãos desceram em minha cintura depois subiram pelo mesmo caminho, senti que ele já estava desabotoando minha blusa, então parei de beija-lo e o empurrei.

Seus olhos me olharam assustados, ele estava parecendo muito nervoso, seu peito subia e descia descontroladamente, ele colocou a mão no cabelo, como se não estivesse acreditando no que acabará de acontecer. Então depois de longos minutos ele disse:

- Desculpa...

Entrei em meu quarto rápido, fechei a porta e me deitei na cama, minha respiraçao estava acelerada, meu coração estava quase pulando fora do meu peito... Como pude beija-lo? Um soldado!! Eu odeio eles! ... Mas não vai acontecer de novo. Não vai!

Acabei adormecendo pensando naquele beijo...

Acordei com um barulho alto na casa, acho que Joseph deve ter derrubado algo. Levantei e fui tomar um banho, fiz minhas higienes e coloquei uma roupa de frio, pois aqui na Alemanha é bem frio.

Esperei um pouco e ele abriu a porta, seu rosto mostrava uma expressão séria, sua boca nem se mecheu, então passei por ele e fui direto para a cozinha. Fiz o café da manhã ele se sentou e começou a comer. Depois de alguns minutos, ele falou:

- Éh ... sobre ontem...

- Esqueça. - Falei meio ríspida.

- Não irá mais acontecer. - Joseph respondeu sem me olhar.

Não respondi nada, apenas fui arrumar a casa, que não estava muito bagunçada. Depois de algum tempo ele foi trabalhar.

Já estava terminando, quando novamente por um descuido meu um vaso cai de cima da lareira, estava passando um pano lá, quando esbarrei meu cotovelo nele, se espatifou no chão, acho que o barulho foi muito grande e algum vizinho deve ter escutado. Meu Deus, o que faço agora? Calma, calma. Pensei. Limpei tudo bem rápido, rezando para que ninguém tivesse ouvido nada.

Terminei tudo bem rápido, depois fui arrumar meu quarto e o dele. O quarto daquele soldado era muito organizado, abri seu guarda roupa e todas suas roupas estavam em perfeita ordem, suas calças estavam igualmente dobradas, acho que eles devem aprender a ser bem organizados em seus treinos.

Depois fui ao quarto das roupas, peguei algumas e começei a colocar em meu guarda roupa, pois assim ficaria bem mais fácil para mim quando quizesse colocar alguma.

Estava bem entretida arrumando minhas novas roupas que nem percebi a noite chegando. Ouvi alguém tossindo na porta de meu quarto, olhei assustada e falei:

- Que susto!

- Desculpe - Joseph disse soltando um meio sorriso - Vejo que gostou das roupas.

- Gostei sim - respondi sem tirar os olhos da peça que estava dobrando. - De quem eram?

Percebi que ele não gostava desse assunto, seus olhos encaravam o chão, parecendo estar triste.

Então falei:

- Se não quizer, não precisa falar.

- Essas roupas eram da minha irmã, ela morava aqui comigo.

- Por que ela foi embora daqui? - eu e minha curiosidade absurda.

Ele me olhou um pouco e respondeu baixo:

- Ela morreu.

- Sinto muito. Me desculpe. - Disse meio aflita.

- Tudo bem. Acredito que ela esteja num lugar melhor.

- Também acredito . - Não sei por que mas naquela hora me veio a cabeça as lembranças da minha família. Espero que estejam em um lugar melhor também!

Ele falou, mudando de assunto:

- Estou com fome, vá fazer a janta.

- Estou indo agora - disse já arrumando a última peça de roupa.

Fui para a cozinha e começei a fazer a comida, acho que Joseph estava tomando banho, ele estava demorando para vir à mesa.

Depois de alguns minutos ele aparece, seus olhos estavam totalmente azuis, seus cabelos derramavam algumas gotículas de água, revelando o banho recém tomado, ele usava apenas uma calça preta e uma blusa grande de frio também preta. Joseph se sentou e esperou que eu terminasse.

Estava lavando alguns legumes, quando ouço duas batidas na porta, olho para Joseph assustada, como se perguntasse ... O que devo fazer?. Ele me olhou e colocou um dedo em sua boca em expressão de silêncio, fechei a torneira. Ele chegou perto do meu ouvido e falou bem baixo:

- Vá para seu quarto, tranque a porta e não faça nenhum barulho. - Joseph tirou uma chave do bolso e me deu, minhas mãos estavam trêmulas, ele deve ter percebido, pois segurou a mesma e continuou - Se acalme.

Assenti com a cabeça e fui rápido, tranquei a porta sem nenhum barulho e me sentei no chão perto da porta.

Ouvi a maçaneta da porta se abrindo e Joseph falando:

- Olá Sr Adolf.

- Oi Joseph. - O homen respondeu.

- O que trás o senhor aqui? - o soldado perguntou direto.

- Vim lhe informar que hoje ouvi um barulho bem forte vindo da sua casa.

Quando o homem falou isso, meu coração começou a bater forte, então eles ouviram? O que vai ser de mim? Meu Deus me ajude! Algumas lágrimas desciam pelo meu rosto. Continuei os ouvindo:

- Posso lhe assegurar que não foi em minha casa, aqui não tem ninguém além de mim. - Joseph falou com certeza.

- Você não sentiu falta de algum objeto? Talvez tenha sido um ladrão.

- Como pode ver está tudo em perfeitas condições, não falta nada. - Joseph respondeu rápido.

- Vou acreditar em você pois acho que não esconderia nada, afinal, é um soldado! - O homem deu ênfase aquela última palavra.

- Tenha certeza! Não esconderia nada.

Após isso, ouço a porta se trancando. O que será que Joseph vai fazer comigo? Meu rosto já estavam bem molhado, continuava chorando ao lembrar de suas palavras... 'não quero nenhum barulho aqui, ninguém pode te ver' ... ' se alguém sonhar que está aqui...'
O que será que vai acontecer comigo? Acho que ele não me mataria ... ou mataria?

Me apaixonei pelo brilho da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora