Ainda estava chorando, quando ouço Joseph falando atrás da porta:
- Naama abra a porta - sua voz parecia bem séria.
Levantei bem devagar e abri a porta, ele estava com os braços cruzados, os olhos dele me estudavam, sua expressão era séria.
- Por que não me contou? - Ele perguntou sem se mecher.
- Por que ... por que - mais lágrimas desceram pelo meu rosto - estava com medo. Você disse que me mataria.
Ele me olhou por algum tempo, como se quizesse saber o que eu estava sentindo, e depois falou:
- O que você quebrou?
- Um vaso.
- Olhe, vou deixar isso passar, mas dá próxima você já sabe o que vai acontecer. - Assim que ele disse aquilo uma felicidade tomou conta de mim, sem pensar corri e o abracei, ele ficou parado, como se aquilo fosse algo contagioso, soltei ele rápido e falei envergonhada:
- Desculpe.
- Tudo bem - Foi uma miragem ou vi um meio sorriso no rosto dele, acho que vi errado mesmo - Agora vá terminar de fazer a janta.
Fomos para a cozinha rápido e terminei de fazer tudo, após colocar o prato na frente dele, perguntei:
- Posso ir para meu quarto?
-Não. Sente-se e me faça companhia.
Sentei meio irritada, não queria ficar ali, sentada na frente de um homem perfeito, com a boca ridiculamente macia, com os olhos azuis como o mar, e ainda por cima cheiroso, não conseguia nem identificar o que ele cheirava, de tão bom que era.
Ele me olhou, depois desviou seus olhos ao prato e perguntou:
- Com quem você morava?... Digo... antes da guerra.
- Minha família. - Ao lembrar deles meus olhos já encheram de água.
- Eles foram pegos? - Não acredito que ele falou isso!
- Sim. Por isso que odeio todos os soldados.
Ele me olhou como se apresentasse surpresa.
- Mas não deveria.
- Por que? - Devo sim odiar todos eles!
- Tem alguns que não fazem isso, trabalham em outras coisas.
- Como você? - peguntei rápido.
Ele levantou os olhos e olhou diretamente nos meus, depois disse:- Sim. Como eu. - Sério que ele disse que não deveria odia-lo?
- Mas de qualquer forma trabalha para Hitler.
- Às vezes não temos escolha, nem sempre fazemos o que queremos. - O que? Ele disse que foi obrigado?
- Sempre podemos dizer um não para qualquer coisa. - Respondi.
- Não quando sua vida está em jogo - Ele levantou da cadeira e colocou o prato na pia.
Joseph me acompanhou até meu quarto e trancou a porta deitei na cama ainda pensando nessa conversa que tivemos... como assim Joseph? Você foi obrigado? ... ? Preciso de resposta. Será que se ele não fosse um soldado poderia morrer?
.. preciso saber!Adormeci pensando nele.
Acordei no outro dia ainda meio sonolenta. Fui para o banheiro, escovei meus dentes, lavei meu rosto e amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo alto. Coloquei um conjunto de moletom e esperei. Após alguns minutos Joseph abre a porta. Passo por ele rápido e sinto o cheiro de seu perfume encantador.
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Me apaixonei pelo brilho da Morte
RomanceEu?? Uma judia no meio da Alemanha! Em plena segunda guerra mundial. Se vou morrer?? Não sei. Talvez. Mas farei o possível para que isso não aconteça. Se tenho família?? Tinha, até eles serem capturados pelas tropas de Hitler, e provavelmente fora...