Como podem fazer isso?

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Hoje em dia... fim de 1939

Pulei a janela...

Por fora essa casa era simples, mas por dentro parecia uma casa de rico, sabia que não deveria ter entrado, mas foi preciso ou morreria congelada lá fora.

Sentei em uma poltrona perto de uma lareira que estava acesa, acho que alguém acabou de sair dali, onde estou parece uma sala de estar, só havia um quadro pequeno em cima de uma mesa de centro, era um homem loiro de olhos azuis, ele era bem bonito por sinal. Minha barriga roncou, me avisando de que não havia se alimentado à muitas horas, fui até a cozinha vê se podia pegar alguma coisa sem que o dono perceba. Em cima de uma mesa pequena tinha algumas frutas e uns pães, peguei apenas um pão e duas frutas, acho que ninguém iria perceber. Abri a geladeira e a mesma estava lotada de tanta coisa gostosa, mas apenas peguei uma barra de chocolate, nem me lembro a última vez que havia comido chocolate. Peguei uma pouco de leite e comi com o pão, tentando ao máximo saborear aquela comida perfeita, pois desde que aqueles soldados nojentos pegaram minha família inteira eu só comia coisas do lixo, vivia em buracos de esgotos e só saia se precisasse mesmo. Até que um dia alguns moradores alemães me viram e me denunciaram, tive que sair de lá as pressas, e vim para essa casa, não sei como sobrevivi até hoje.

Estava andando um pouco pela casa, comendo a barra de chocolate e a fruta ao mesmo tempo, aquilo era muito bom para quem não tinha comido nada à muito tempo, quando uma porta me chama atenção, ela estava com um papel escrito 'Não entre, escritório'.

Andei até lá e abri a porta, sou muito curiosa, ainda mais quando tem um papel escrito para não entrar. Só que tomei um susto, quando vi um quadro bem grande com aquele homen loiro de olhos azuis, ele estava usando uma farda, ele é um soldado de Hitler! Não acredito! Preciso sair daqui imediatamente!

Mas assim que fechei aquela porta, ouço duas vozes masculinas lá fora, após alguns segundos a maçaneta vai se girando.

Sai correndo, passei pela cozinha, tinha outro corredor, passei por ele e entrei numa única porta ao fundo. Fechei à porta e fui escorregando sobre ela, meu coração está totalmente disparado, minhas mãos estão suando, estou com muito medo .
Não posso ficar aqui!
Não posso!

Ouvi alguns passos pesados, aposto que estavam na cozinha, deduzi que era mais de uma pessoa, pois eram muitos passos e gargalhadas ecoando pela casa. Depois de alguns minutos o silêncio veio como se todos estivessem saído da casa.

Esperei mais alguns instantes e abri uma pequena brecha na porta, olhei e não vi ninguém, passei pelo corredor e pela cozinha com muito cuidado, estava tudo vazio, mas vinha muitas gritaria lá da rua, resolvi ver rapidamente o que era, fui até uma janela que dá direto em frente a rua, a janela estava coberta por um pano branco mas nada me impediu de ver aquela cena horrível.

Havia vários soldados, todos com algo parecido com chicotes em suas mãos, no meio da rua passava uma fila de judeus, todos eles pareciam bem debilitados, estavam um amarrado ao outro pelas mãos, a única peça de roupa que vestiam era uma bermuda surrada. As expressões em seus rostos era das piores, com muitos hematomas. Olhei em volta e percebo que havia várias famílias em frente suas casas, como se estivessem prestigiando aquele momento, que horror!

Me desviei dos meus pensamentos quando meus olhos encontraram um soldado, ele estava de costas, mas o reconheci, é o mesmo da foto, então essa casa é dele! Mas isso não era o pior, pois aquela hora ele se virou e veio vindo até sua casa, sai correndo e entrei no mesmo lugar que estava antes, ali parecia um cômodo abandonado, todo sujo e bagunçado.

Me sentei no chão encostando minhas costas e minha cabeça na parede, meus olhos se fecharam automaticamente e lágrimas desceram pelo meu rosto...

Como podem fazer isso?

Me apaixonei pelo brilho da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora