Me apaixonei pelo brilho da Morte

Viajem?

Respondi rápido:

- Não Joseph! Não pode ser. - Dei dois passos para trás.

- Mas é a verdade. Estou gostando de você Naama!

- Mas isso é impossível Joseph.

- Eu sei. Mas podemos pelo menos tentar?

- Vou pensar. Não sei direito o que sinto por você! Odeio soldados! Mas com você é diferente.

- Entendo, pense quanto tempo precisar.

Fui para meu quarto e não conseguia esquecer aquela conversa com Joseph.

Será que gosto dele?
Será que podemos tentar algo à mais?
Ele é um soldado!
Mas é diferente! ?
Ele trabalha para Hitler!
Isso seria impossível!
Está tudo tão confuso.

Ao mesmo tempo que quero tentar, tenho medo... de tudo.

Adormeci pensando nele...

Acordei com o barulho da porta se abrindo, olhei para Joseph que sorria.

- Bom dia. - Ele disse.

- Bom dia. - Levantei e fui direto para o banheiro fazer minhas higienes.

Quando terminei segui para a cozinha, começei a fazer o café, após alguns minutos ele se sentou na cadeira.

- Por que você tem um alçapão na sua sala? - Não contive minha curiosidade.

Ele exitou em responder, mas falou:

- Queria proteger minha irmã, caso ocorresse uma rebelião contra Hitler, então resolvi fazer este alçapão, ele não cumpriu seu propósito original mas agora vejo que foi útil.

- Ah sim. Posso te fazer outra pergunta?

- Claro. - Joseph falou rápido.

- Em que realmente você trabalha?

- Sou um soldado-segurança de Hitler, ou seja, acompanho ele em todo lugar, tenho que protege-lo.

- Então você não tem um contato direto com o que acontece com os judeus que são pegos? - Perguntei olhando em seus olhos.

- Não tenho nenhum contato. Mas sei um pouco como acontece.

- Poderia me explicar o que ocorre com eles depois que são pegos?

- Acho melhor não.

- Por que? - Pergunto.

Ele não me respondeu. Apenas levantou e saiu.

Não entendo, por que Joseph não quis me falar? Será que é algo muito ruim? Será que matam todos, como presumi antes?

Tenho que descobrir!

Fui tomar um banho assim que terminei de arrumar a casa. Coloquei uma roupa qualquer de frio e fui para a cozinha preparar a comida.

Após alguns minutos Joseph entra e se encosta na parede, percebo seus olhares em cima de mim.

Tentei acabar com aquele silêncio, perguntando:

- Como foi seu dia? - Olhei para ele, o mesmo abriu um grande sorriso e respondeu:

- Assim até parece que você virou minha esposa.

Fiquei vermelha de tanta vergonha, não virei esposa de ninguém! Só estava tentando acabar com esse silêncio.

- Ah... - Não consegui falar mais nada.

- Já te falei que você fica muito linda com vergonha?

Agora é certeza que meu rosto virou um pimentão bem vermelho.

Mas respondi:

- Obrigada.

Depois de algum tempo ele voltou a falar parecendo sério:

- Daqui a pouco alguns soldados irão vir aqui em casa. Então entre no seu quarto e não faça nenhum barulho, nós ficaremos só na sala.

- Tá. Mas para que eles virão?

- Todos os meses dez soldados se juntam na casa de algum de nós, para conversarmos como as coisas estão indo.

- Entendo. - Terminei de fazer a comida e fui para o meu quarto, deitei na cama mas não estava conseguindo dormir.

Passado alguns minutos ouço a porta se abrindo e muitas vozes falando ao mesmo tempo. Não entendo muito bem o que eles estavam falando, só algumas coisas. Uma voz diz:

- Hoje foi um dia produtivo.

Reconheço a voz de Joseph perguntando:

- Por que?

- Capturamos muitos judeus e levamos todos para os campos de concentração.

- Entendo. - Joseph falou.

- Qual dos campos? O da câmara de gás ou o de fuzilamento? - Outra voz desconhecida perguntou.

- Os mais fortes levamos para trabalhar e os fracos você já sabe né!? - Ouvi altas gargalhadas.

Então eles matam mesmo os judeus o que eu pensei estava correto. Meu Deus como podem fazer isso?

Hitler desgraçado!

Algumas lágrimas já desciam pelo meu rosto.
Minha família realmente está morta!

-...

- Ora Joseph, por que está tão calado hoje?

- Deve ser pela viajem que vai fazer e não pode cometer nenhum erro pela segurança de Hitler. - Um outro soldado fala.

O que? Ele vai viajar?