2-meu diretor vira um monstro

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Ele parece furioso, e a professora também. Ela chegou no exato momento em que a água sumiu, não sei o que viu, mas deve ter sido ruim.

-e-eu...-o que eu digo? Nem sei o que seus olhos mortais viram.

Nos chama com um aceno da mão, e tento não encarar os olhares que penetram como navalhas atrás de mim.

Quem amadureceu agora?

Sra. Cátia nos escolta pelos grandes e antigos corredores até uma sala onde vejo escrito sem floreios:

"Diretor Craig"

E a professora nos deixa ali, ainda brava por causa da bagunça na sala. Abro a porta bem devagarinho, me preparando para uma detenção, ou pior, uma expulsão, de acordo com o rígido padrão daqui.

Adentro lentamente o recinto bem-arrumado até demais, coberto por um carpete, com móveis de couro e papel de parede marrom da cor de cascas de árvores.

O diretor está sentado em uma poltrona atrás de uma mesa cuidadosamente limpa de poeira e com várias coisas de escritório organizadas em cima.

Aqui chega a dar medo.

-entre srta. Jimmy, e sr. Launter.-diz calmo. Ele tem uma voz meio sibilante que já ouvi antes, mas aonde?

-feche a porta-diz apontando com o lápis, e eu a fecho.

Sentamos nas cadeiras duras à frente da mesa, esperando um castigo certo.

-como fez aquilo? -pergunta estreitando os olhos.

-o quê? -pergunto fazendo de desentendida

-explodir um bebedouro e levar a água até a sala para afogar seu colega.

COMO ELE SABE DISSO?

-como o senhor sabe disso?

-sou eu quem faz as perguntas aqui, mocinha. E creio ter de tomar uma atitude diante desta situação. -meche nos lápis na mesa.

-o quê? Detenção?

-não. Talvez algo mais...rápido.

Seus olhos antes castanhos, agora estão amarelos, e seus caninos parecem aumentar. Seus braços mudam rápido, virando garras, e suas costas vão dando lugar a espinhos, enquanto pulo da cadeira e clico no anel em meu dedo, o transformando em uma espata de puro ouro, enquanto Cristopher se assusta e derruba tudo da mesa ao desviar meio rápido demais pra um mortal de uma mini rajada de espinhos.

Obrigada, Percy, por me forçar a aprender sobre monstros, sei exatamente o que ele é.

Manticore.

.....................

Avanço em sua direção, mas a sala é muito pequena, e um espinho lançado crava em minha perna, uma dor excruciante que deve durar até tirar o negócio daqui, mas corro para fora, confiando na névoa para proteger a mente alheia agora. E o manticore vai atrás de mim, ah, e de Cristopher, logo atrás em disparada.

Assustamos pessoas e morro de dor, chego até o pátio, mas ele é muuuito rápido. Decido que é melhor só correr.

Corro e corro,e meu irritante colega me segue, até a faculdade de Percy, que graças a Zeus é bem aberta, e está no intervalo. Me esgueiro por uma viela indo ligeiro até o monstro se perder brevemente, mas me captar pelo cheiro. Nessa hora que ele pergunta:

-o que acabou de acontecer?

-o que você viu? Espera, nem precisa. Já dá pra ver que você viu certo-deve ser desses mortais que vêem pela névoa. -explico depois, só corra.

Vamos como um raio até Percy, que está na rua sem Annabeth, e conto tudo o que aconteceu enquanto o manticore está ocupado demais me rastreando.

Percy entende de primeira, e corre para o carro, onde surpreendentemente, Cristopher não se importa de entrar.

O manticore corre atrás do carro, chegando tão perto que quase infarto, mas, depois que já estamos na esquina do apartamento, ele já foi despistado.

Descemos do carro, menos Cristopher, que se recusa. Por mim, deixava-o na rua mesmo, mas Percy insiste em leva-lo depois.

Subimos até nosso andar, onde Sally está lavando a louça, e conto tudo o mais rápido que posso. Ela faz um curativo em minha perna, com algum líquido estranho que ameniza a dor, mas o espinho tem pontas viradas para cima, e deve ser retirado quando chegarmos. Assim, ela nos ajuda a arrumar nossas coisas e saímos para o carro.

Sento no banco do carona, e assim que Percy liga a chave, ouço um som que parece meio um rugido, meio um ganido, e uma saraivada de espinhos crava na lataria.

É, parece que ele nos achou.

Percy sai em disparada pelas ruas, e só diminui quatro ruas depois, quando há mais carros por aí.

Ao chegar na estrada para o acampamento, é que Cristopher se manifesta com uma voz irritada:

-afinal, aonde estamos indo?

-a um lugar seguro.-responde Percy. Eu me recuso a falar com ele.

-de quê-pergunta

-de monstros-depois vira o rosto pra mim.-Margo, eu não acredito que fez amizade logo com um semideus!

Uma ponta de revolta salta de mim.

-fazer amizade? Isso aí é o demônio.

-ei!-grita lá atrás-POR.QUE.ESTÃO.ME.LEVANDO. PARA.UM."LUGAR SEGURO"?

-primeiramente,pare de gritar, segundamente...ah, Quíron vai explicar quando chegarmos.

-quem é Quíron?

-o centauro.

-o que é um centauro?

-um cara meio cavalo.

-isso existe?

-sim-meu irmão agora já está visivelmente irritado.

-e pra que serve?

-CALA ESSA BOCA E SÓ VOLTE A FALAR QUANDO CHEGARMOS!-intervenho. É ou não é o demônio?

..................

Mais do que imaginei, o caminho percorre em silêncio, e aqui estamos, na barreira da entrada.

Mas ainda não sei porque Percy o trouxe se ele nem vai passar da barreira. Fala sério, depois, Quíron ainda vai ter que apagar a memória dele. Humpf!

Saímos do carro e vamos até o pinheiro com o velocino, onde tenho certeza, teremos de deixar o chato do Cristopher, quando percy entra e algo acontece.

Cristopher também entra.

Ele é mesmo um semideus.

E acho que já sei quem é seu regente, quando surge uma luz em volta de si, uma luz roxa e mística, que indica claramente pra mim.

Hécate.

-Laurinha

O Semideus Perdido (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora