22-então fugimos

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Eles assentem.

Primeiramente corro e os abraço. Eu não sou muito de abraços, mas não aguentava mais ficar sozinha.

Suas respostas são silêncios surpresos, depois eles me abraçam também até que me afasto.

-eu achei que iria nos convocar, só não sabia quando. Na verdade achei que você já tinha morrido. -fala Ian.

-eu também, por isso bolei um plano. Mas antes preciso que me confirme uma coisa-começa Lúcia.-o que há depois das celas?

-não sei. Mas podemos descobrir. -respondo.

E sorrio.

Não porque saiba o que há ou ache que há alguma coisa surpreendente, mas por estar feliz de vê-los e de organizar fugas com eles novamente.

******************

Apolo não voltara durante os dez minutos que se passaram.então bem de fininho eu ando até os limites do corredor. Viro a esquerda e dou quase de cara com uma grande porta de metal, que abro cautelosamente, até que a empurro com força e a luz do sol forte cega-me os olhos.

Em princípio não assimilo o lugar onde estou. Parecem árvores, folhas bem verdes, luz do sol e grama longa abaixada pelo vendo como a crina de um cavalo. Me sinto tonta e o calor do sol e o ventinho me faz lembrar o quão cansada estou, de tudo isso, dessa situação, dessa guerra desnecessária que só serve pra provar o quanto as pessoas são orgulhosas. Da saudade de ficar em volta da fogueira no acampamento, de dormir com a brisa do mar nos meus ouvidos, e vem uma vontade louca de me deitar em qualquer lugar e dormir até isso acabar. Ando uns passos dentro do lugar sem fronteiras nem esquinas.

De repente eu quis voltar pra cela e dormir.

Lá eu ficaria longe de tudo e só sairia depois.

Mas espere...por que eu quero voltar? O objetivo não era sair?

Eu nem sabia mais meu objetivo. E não ligava.

Dou meia-volta, dando de cara (cara mesmo!) Com um Ian curioso, e ele faz uma careta de dor.

-ei, ei, onde pensa que vai?

Fico confusa.

-acho que... o que tem depois da porta?

-você não lembra?

-acho que tem algo legal.

-pode apostar que não têm. -ele dá um sorriso de lado- você tá boiando né?

-quê?

Ele ri e me puxa pelo braço para dentro.

Vejo o corredor de celas e me lembro. Gente? O que aconteceu comigo?

-hey, Lúcia. Eu acho que tem um feitiço do lado de fora. Margo ficou querendo voltar pra dentro.

-hm...-diz a ruiva surgindo de trás da cela. -é bem típico. Vamos ter que passar por ali, não há outra passagem e as celas nunca foram habitadas. Não tem jeito.

Ian levanta os ombros.

-mas aí vamos ficar bobões que nem Margo ficou e não vamos sair daqui.

-ei, ainda estou aqui!-levanto os braços.

Lúcia pensa um pouco, e de repente, seu rosto se ilumina.

-RESPIRAÇÃO! É CLARO!-ela grita, me fazendo pular de susto.-deve haver algum ar, gás, sei lá, que esteja manipulado para entorpecer quem inalar. E nós só temos que passar sem respirar!-ela bate o punho na mão espalmada ao terminar, como um legítimo gênio.

O Semideus Perdido (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora