Epílogo, o capítulo final

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P.O.V. Ian

Um ano.

Já fazia um ano desde a última missão. Quer dizer que já tínhamos...15 anos.

Eu estava (junto com Jason, que viera passar um tempo no acampamento) indo para a casa de Percy, Sally e... e Margo. Todos iríamos para lá passar a noite de Natal.

Depois de chegarmos, já estavam lá uma boa parte da galera. "Galera", nunca me referi aos meus amigos assim, que estranho.

Estava frio quando saímos do carro. Eu e Jason não havíamos conversado muito.

As decorações natalinas estavam por toda parte naquela rua. Na neve se viam alguns bonecos. Eu nunca gostara de bonecos de neve, eles me davam medo quando era pequeno.

Ri-me com essas lembranças. Na época eu não achava graça.

Entramos no apartamento direto. Deviam já ter comunicado que viríamos.

Subimos de elevador e um silêncio desconfortável instalou-se. Estava tão absurdamente frio lá fora e no saguão que chegava a acontecer um choque térmico ao chegarmos no corredor.

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Margo nos cumprimentou com abraços e sorrisos ao atender a porta. Lá dentro já estava quase todo mundo. A mesa estava arrumada e ninguém estava vestido como nos filmes americanos no Natal.

-achei que vocês iam chegar bem mais tarde!

Penduramos nossos casacos.

-ah, ele quis vir mais cedo.-falou Jason indiscretamente-estava louco para ver voc... hummm!-ele resmungou quando tapei sua boca com um olhar mortal e minha cara queimando.

Vi um sorrisinho de lado no rosto de Margo, que virou as costas para arrumar alguma coisa na mesa.

Sentei-me ao lado de Lúcia no sofá do grande apartamento. Estava passando um programa de auditório de natal.

-não sabia que você curtia esses programas.

-ninguém curte esses programas, Dare. Mas não há nada melhor passando. E você parece o pequeno Príncipe com esse cachecol.

Revirei vagamente os olhos e peguei o controle para achar um canal melhor.

Cerca de vinte chatos minutos depois, Margo já estava sentada conosco, também entediada e comendo um biscoito de chocolate. Lúcia acabara saindo e resolvi abrir um assunto antes que surgisse alguém.
-hã, Margo, tem uma coisa que eu queria te falar, sabe...

Ela se virou com a boca cheia, perguntou "o quê? " e eu respirei fundo com uma das mãos na nuca e a mínima ideia do que ia falar.

-é a respeito de...-para de enrolar! -que faz um tempo que...-Não, não conta do início!- e a gente não se viu mais...

Sally apareceu e pousou a mão no ombro de Margo. Minha mão voou na minha testa quando ela se virou.
-Margo, preciso que...oh, olá Ian!- ela cumprimentou e eu retribuí com um sorriso amarelo.-preciso que vocês vão buscar...-nessa parte eu parei de ouvir.ouvi uma reportagem na TV sobre o clima e a grande quantidade de neve provocando acidentes nas estradas e trancando a passagem de carros tamanha densidade. Um dia chega a hora de eu conversar com ela.

Margo se levantou, foi em direção aos casacos pendurados e fitou-me. Fez sinal para eu ir. Ah, é. Sally pediu que fôssemos buscar alguma coisa.

peguei meu casaco e saímos para o fim de tarde gelado.

******************

Andamos um pouco e até com certa dificuldade sem eu nem saber aonde estávamos indo. O caminho foi repleto de sons estranhos nos becos e viradas abruptas de cabeça.

Até que Margo resolveu verificar de onde vem o som. Nos viramos de cara com um cara distante e encapuzado, todo coberto. Sua imagem sorridente tremulou e vi seus dentes pontudos e suas mãos(quase as únicas partes à vista) escamosas (?)

O cara fechou o sorriso e passou a se aproximar.

Apertamos o passo ainda com olhadelas para trás. Na terceira mais ou menos, vi-o quase na nossa cola. Começamos a correr e ele foi atrás.

Entramos em um armazém sem ninguém cuidando com a criatura na nossa cola, fomos nos escondendo atrás de bancadas até que nos enfiamos no porão de serviço e trancamos a porta com uma barra de metal muito conveniente entre os puxadores, antes que ele venha.

O monstro forçou a entrada de todo jeito. Chutes, socos, cabeçadas...enquanto eu e Margo ficamos segurando com a mesma trancada até ele desistir. Ouvimos um clic metálico e um alívio na pressão.

Nos entreolhamos e devagar soltamos a porta, com as mãos à frente por uns trinta segundos. Então escorregamos as costas pela porta até cairmos no chão. Margo estava esbaforida.

-ufa! Pelo jeito esses monstros não se cansam de ir atrás de nós-ela falou meio sorrindo, não entendi porque.

-hum, pois é.

Levantei-me e abri a porta.

Ou melhor, tentei, porque a mesma não cedeu.

-mas o que...-forcei mais e nada. Nada.

Margo se levantou também e também tentou abrir.

-ai, meus deuses...ele deve ter trancado por fora! Affe!-ela forçava mesmo que fosse inútil.

Nos escoramos novamente e ficamos olhando a pouca luminosidade exibindo partículas de poeira no ar sobre as caixas de produtos velhos. Até que Margo se vira.

-o que você queria me falar mesmo?

Lembro-me do que estava esperando tanto para falar e...

(Sério, eu nem sei como explicar essa babaquice. Apenas acompanhe.)

Eu comecei a falar umas coisas sem sentido. Na verdade faziam muito sentido pra mim, e Margo acompanhava com um sorrisinho de lado.

-hm...não sei como dizer isso sem parecer um idiota...

-IAN DARE!!!-ela me cortou.
-oi?
-me faça um favor?-assenti.
-cale a boca.

E foi depois de dizer isso que ela subiu na pontinha dos pés e me beijou.

Foi tão de surpresa que quando ela se afastou eu parecia um peixe fora d'água.

Ela sorria. Acho que estava rindo da minha surpresa.

É uma besta mesmo.

Mas pelo menos eu calei a boca.

*****************

Voltamos para o apartamento bem rápido, subimos e guardamos os casacos. A essa hora não faltava ninguém. Percy nos parou na porta e levantou uma sobrancelha.

-ué, onde estão os biscoitos que vocês foram buscar?

Nos entreolhamos.

Ótimo.

(Estou batendo palmas bem devagar agora.)

Margo apenas deu de ombros e justificou:

-fomos perseguidos por um monstro e acabei esquecendo.

Percy levantou mais uma sobrancelha como se dissesse "ok... sei."

Entramos.

Eu nunca fui muito fã de tradições natalinas, mas sei lá, com eles era diferente.

De verdade verdadeira acho mesmo que quase qualquer coisa que eu faça com eles pode vir a ser especial. Por mais ridículo que seja.

Estávamos comendo, alguns rindo, outros conversando. E quando fui embora, peguei meu casaco, e antes que saísse Margo se esticou e deu um beijo no meu rosto. Que infantil, mas comecei a ficar vermelho.

-até o próximo verão. -ela piscou.

(Suspiro por parte do narrador).

Até o próximo verão.

* * *

A Heroína do Olimpo
2016
Laura P.

E Fim.








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⏰ Última atualização: May 15, 2016 ⏰

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