8-Capturados por piratas muito doidos

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A imensidão azul à minha frente é tão grande e tão violenta que quase faz-me sentir em casa.

-o mar está bravo não é? -diz Lúcia.
-é-respondo.

-não sei se o barco vai aguentar muito não.

-a gente dá um jeito.-embora eu não tenha tanta certeza.

-aí, o que é aquilo?-ela aponta para o horizonte.
Com a visão meio turva por causa do sol, avisto uma jangada ao longe, semisserro os olhos e vejo que há umas cinco pessoas nela, gritando. O ar parece se agitar atrás deles. Uma massa grande de ar do tamanho de um navio.

-acho que tem gente perdida no mar. Espera, vamos até lá.

Manipulo a água da melhor forma que consigo, nos levando até a jangada, onde quase caio do barco ao ver alguns caras vestidos de piratas gritando comandos como se estivessem num navio.

Minha primeira hipótese é de que fugiram da festa à fantasia de um manicômio.

O que é bem estranho. Mas afinal, meu mundo não é estranho? Vejo tanta coisa estranha que isso nem foi tão surpreendente.
Lúcia faz uma cara de puro susto.

-acha que devemos ajudá-los?-sussurro para ela.

-vamos sair antes que...

-VOCÊS, MARUJOS!-gritou o "capitão" a plenos pulmões quando nos viu, sinceramente quase me deixando surda.

Viramo-nos e paramos.

-O QUE FAZEM AQUI NOS MEUS MARES? -grita de novo o cara.

Lúcia toma a palavra:

-bem, estamos em... uma expedição de busca, se puder nos dar licença...

-NÃO POSSO!

-por que não? -pergunto.

-PORQUE AGORA SÃO MEUS PRISIONEIROS!

-nem cabe mais ninguém aí-murmuro irritada.

-NÃO POR ISSO! VEJAM!-ele aponta para um enorme navio pirata que eu não sei mesmo como não notei.

Então era isso que eu tinha visto.

-COMO ISSO VEIO PARAR AQUI?-indago quase caindo pra trás.

-névoa.-sussurrou Lúcia de modo quase inaudível.

-VOCÊ TEM QUE APRENDER AS ARTIMANHAS DA NÉVOA, MINHA FILHA!-berrou o pirata-MEU NOME É BARNEY!

Ótimo. Uma missão fugitiva, um deus nos visitando, uma aposta que quase põe tudo a perder, e agora um pirata que se chama Barney. É a coisa mais ridícula que já vi.

Na verdade não, não é.

-hmm, oi sr. Pirata Barney, você não é... mortal?-pergunta Ian se levantando do banco.

-NÃO DEVO EXPLICAÇÕES! SÃO MEUS PRISIONEIROS, ALMAS DEPRAVADAS!

Pera...prisioneiros?

-como assim?-pergunta Ian rindo um pouco de nervoso.

Um pirata à direita do Capitão Barney se manifesta esganiçado:

-ora, todo mundo sabe que quem passa pelo caminho de um pirata é um prisioneiro declarado.

Meus dois companheiros viram-se para mim bravos, como se por ser filha de Poseidon, eu devesse saber tudo sobre piratas.

-AGORA, VÃO PARA O NAVIO, VASSALOS! -berrou Barney.

Meus amigos ficam meio desesperados, provavelmente pensando que deve haver mais gente lá dentro. Mas eu tenho um plano.

Os piratas nos escoltam para dentro do navio, entrando no nosso próprio barco.

O Semideus Perdido (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora