Sâmia saiu do banho, se sentindo exausta. Já passava das cinco e a voz estridente daquela mulher ainda parecia falar em seus ouvidos. Seja lá o que Leander tivesse tentado, não havia dado certo, pois a criada não a deixou sozinha nem um momento sequer. Agora, ainda enrolada na toalha, não tinha coragem de abrir a porta do banheiro por saber que ela a esperava do lado de fora para ajudá-la a se vestir para o jantar.
Ela ouviu a voz de Leander e abriu a porta aliviada, mas, para seu desapontamento, Aédi ainda estava ali.
— Mas pelo Submundo, o que está pensando?
Sâmia observava, sem conseguir se mexer, Aédi empurrando Leander porta afora.
— Mas que maneiras são essas? De toalha? Como é possível? Acha que as damas por aqui andam de toalha, totalmente despidas, na frente de nossos homens?
Ela não sabia o que responder. Não estaria essa doida exagerando? Afinal, o Leander nunca lhe havia faltado com respeito e, sendo ele um deles, poderia ter-lhe feito mal, se assim quisesse. Aédi agora estava mais mal-humorada que nunca e, abrindo o guarda-roupa em um baque, apanhou um vestido azul-turquesa. Ainda com a testa franzida e expressão de rancor, colocou o vestido em cima da cama e resmungava enquanto procurava por um par de sapatos.
— Essas jovens mortais acham que podem ser sensuais, enquanto o que conseguem é ser totalmente vulgar.
Sâmia abriu a boca para revidar quando Aédi virou-se para ela com o par de sapatos e gritou:
— O que está fazendo aí parada? Vá se vestir! O rei a aguarda!
Era inútil. Sâmia apanhou o vestido e Aédi fechou o zíper de uma só vez, empurrando-a pelas costas de modo que se sentasse em frente à penteadeira.
— Ao menos os sapatos você consegue colocar sozinha, não é? — Perguntou com os olhos estreitos transbordando desprezo.
— Tenho certeza de que, se não conseguir, poderá me mostrar, já que é tão eficien...
— Ai! — Sâmia gritou ao ter seu cabelo puxado de uma vez.
As mãos de Aédi trabalhavam rapidamente fazendo um arranjo. Sâmia teve certeza de que aquela mulher tinha sido mandada por aquele demônio para tornar sua vida um inferno. Depois de meia hora de tormento, Aédi saiu batendo a porta e dizendo:
— Não estrague meu trabalho. Tente não fazer nada de errado até que o Leander venha lhe buscar.
— Mulher dos infernos! — Sâmia suspirou e se olhou no espelho, espantada.
O espelho refletia uma linda jovem de pele alva e face rosada, trajando um vestido clássico que contornava o busto, deixando os ombros à mostra, afinando a cintura e soltando levemente no quadril. Seus cabelos com um arranjo florido davam um brilho ainda mais especial.
— Essa bruxa pode ser um demônio, mas ela se sentia linda. O que Leander acharia?
Leander abriu a porta de seu quarto e ficou paralisado e boquiaberto por alguns segundos, antes de exclamar com os olhos brilhando:
— Encantadora!
Sâmia sorriu encabulada enquanto ele lhe oferecia o braço para descerem à sala de jantar. Ela sorriu. Ele era um verdadeiro cavalheiro e, por mais raiva que tivesse sentido momentos atrás, agora tudo estava esquecido. Em sua companhia, fazia cada momento ter valido a pena.
— O Jahean sempre janta conosco. Por favor, tente ser gentil com ele.
— Gentil? Deve estar brincando! Olha a mulher infeliz que ele mandou me vigiar! — Porque sei que é exatamente isso que ele quer, que aquela coisa fique contando meus passos.
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Ciclos Eternos - Submundo Livro 1
FantasyEsqueça tudo que você acha que sabe sobre o Submundo e seus habitantes. Esse livro mostra um romance mágico, fantástico com valores reais usado em nosso cotidiano. Esse é um livro como você nunca viu!