Leander se concentrou em Sâmia como havia feito há quase três meses e sentiu seu corpo se dissolver. Fechou os olhos e um forte vento o empurrou. Sentia seu corpo se contorcendo e sofria câimbras, que atacavam não só o estômago como sua cabeça.
Foi arremessado contra uma vitrine muito larga de vidro. A dor foi intensa. Mesmo sendo um imortal, sua energia era reduzida drasticamente quando estava na Superfície. Ele olhou em volta, tentando se recuperar do susto. Sabia que não tinha muita experiência em atravessar o portal, mas nunca havia feito uma chegada tão mal-sucedida como aquela.
A rua estava deserta, e agradeceu aos céus por estar vazia, ou os humanos das forças armadas já o teriam apanhado pelo ocorrido e tudo que ele menos precisava agora era perder tempo. Sentia-se fraco. Seja lá o que a Sâmia havia pensado ou como havia conseguido reunir tanta energia, sua estratégia fora suficiente para reduzir sua energia quase que completamente.
Ele se levantou e começou a andar pelas ruas. Precisava se localizar. Onde estaria? Dobrou uma esquina e viu alguns jovens reunidos na beira da calçada.
— Hei, como faço para chegar à 13th Street?
Um dos garotos, de aproximadamente 15 anos, perguntou:
— Fica perto de onde?
— Não sei. Um edifício grande e espelhado. É aqui em Manhattan mesmo.
O grupo caiu na gargalhada, olhando a aparência dele ainda atordoado pela batida, e Leander permaneceu parado sem entender. Os garotos observavam os olhos cansados e os cabelos dele em desalinho. Embora vestido como um mortal, Leander tinha uma aparência horrível: parecia um andarilho ou um completo drogado.
— Tá doidão, hein, tio?
— O que disse?
Outro tomou a palavra:
— Cara, vai pra casa que você já bebeu demais.
— Eu não bebi coisa nenhuma! — Indignou-se Leander.
Mais risos, logo seguidos pelo comentário do primeiro garoto:
— Não, né, tio? Então, segue essa rua aí em frente que daqui a uns vinte anos você chega lá.
Eles começaram a gargalhar de novo e Leander decidiu sair de perto daquelas criaturas tão estranhas. Ele seguiu por uma avenida, mas depois da experiência que havia tido, não arriscou conversar com mais ninguém. Os humanos eram muito estranhos e toda vez que ia à Superfície se sentia inconfortável. Continuou andando, na tentativa de reconhecer alguma das ruas que fazia parte da redondeza do apartamento de Sâmia.
Ele encontrou uma banca de revista e decidiu comprar um jornal. Talvez não quisessem dar informações porque o achassem estranho, mas quem sabe com um jornal na mão as coisas ficariam mais fáceis.
— Diário de New York, por favor.
Pediu enquanto colocava as mãos no bolso, materializando moedas locais.
O dono da banca ficou olhando atentamente para ele e disse:
— Sinto muito, senhor, mas não temos esse jornal. — É um turista, não é? Aconselho que leia o jornal do seu país pela internet, pois não vai encontrá-lo à venda.
O jornaleiro apontou para a esquina, dizendo:
— Ali mesmo tem um terminal de computadores.
"Seu país?"
Leander começou a sentir uma sensação incômoda. A primeira coisa que passou por sua cabeça foi perguntar que país era aquele, mas, se fizesse isso, com certeza iria passar por maluco, então reformulou a pergunta:
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Ciclos Eternos - Submundo Livro 1
FantasyEsqueça tudo que você acha que sabe sobre o Submundo e seus habitantes. Esse livro mostra um romance mágico, fantástico com valores reais usado em nosso cotidiano. Esse é um livro como você nunca viu!