Capítulo 3

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No fim das aulas, andava pelos corredores relaxado, pronto para ir embora. Thalia estava parada na porta de saída, com seus livros nas mãos como se esperasse alguém.
Droga!
Respirei fundo e andei sem olhar para ela, tentando não ser notado, não deu certo.
-Oi, Andrew- ela sussurrou

Porra!
-Oi, Thalia- sorri, andando para longe

Ela acompanhou meu passo andando do meu lado
-Tudo bem?- ela perguntou
-Tudo -parei olhando para ela- você quer algo?
-Oh, não- ela colocou uma mexa de cabelo atrás da orelha

Thalia era bonita. Tinha cabelos escuros, e um rosto pardo, era tímida e, claro, tinha que tomar remédios controlados.
-Então? -indaguei
-Ah, eu só, acho que poderíamos sair hoje- ela piscou
-Ah, bem, eu tenho compromisso hoje a noite- falei agradecendo por ser verdade
-Você me acha louca! -ela berrou me assustando
-O quê? Não! - falei rapidamente
-Acha sim- ela deixou seus livros caírem e começou a chorar- você não gosta de mim!

Meu deus! Socorro!
-Thalia, não é nada disso- falei erguendo seu rosto- eu tenho mesmo uma entrevista de emprego hoje. Não posso sair.
-Mas você é rico!
-Não! - falei- meus pais são. Olha, eu...
-Eu gosto de você, Andrew! -ela agarrou minha camisa

Olhei para os lados vendo que alguns paravam para olhar
-Thalia. .-murmurei- para com isso
-Não! -ela me abraçou
-Alguém me ajuda?- rosnei para os que estavam em volta

Uma garota veio até mim e segurou Thalia
-Thalia, vamos para casa- ela murmurou
-Não! -Thalia gritou
-Andrew tem que ir, amanhã vocês se falam- a garota olhou para mim
-Sim, Thalia- pronunciei- Amanhã, nos falamos

Ela me olhou com os olhos vermelhos, e então foi me soltando.
-Amanhã- ela murmurou para si mesma- Tá
-Vamos, Thalia- a garota levou ela

Todos envolta se dispersaram, e eu fiquei congelado.
Por que tudo acontece comigo?
Girei meus calcanhares indo para meu carro e saindo daquele lugar.

~Obrigado por me esperar! - disse Danillo ao telefone
-Foi mal, explico tudo mais tarde. Tenho que me apressar para o emprego misterioso- falei
~Tá bem, boa sorte, cara!- Danillo desligou

Beco furado era um bar que ficava em um dos becos de New York, tinha uma placa que dizia Beco Furado em luzes pisca-pisca vermelho, uma porta vermelha. Olhei para trás vendo que quase não se dava para notar o bar, à não ser que se entrasse no beco
-Posso ajudar?- o cara grandalhão que barrava a porta perguntou
-Vim falar com o Jonas- falei relaxado
-Quem é você?
-Me chamo Andrew
-Ah, pode entrar- ele saiu da frente da porta- é só seguir até a porta negra nesta direção- ele apontou
-Valeu- falei, jogando uma nota de vinte para ele.

Vi seu sorriso pelo canto do olho então entrei no bar.
O interior era bem diferente do que se aparentava. Tinha várias mesas xadrez, um poli-dance, um bar com bebidas de todos os tipos. E os caras que estavam lá pareciam uniformizados vestidos com jaquetas de couro preta, calça jeans, botas de combate, e blusa black tank.
Eu andava observando todos, meu olhar varria o local, eu não demonstrava nada. Estava comum. Eles me olhavam enquanto tomavam sua bebidas; uma música tocava. E mesmo sendo dentro de um beco, era um lugar luxuoso.
Entrei na porta preta, sem bater. Jonas estava sentado na sua mesa, trajando a mesma roupa que os outros do outro lado.
-Você veio!- Jonas comemorou girando em sua cadeira
-Você é o chefe?- ergui minhas sobrancelhas
-Sou. Eu que contrato o pessoal- Jonas sorriu
-Ah...- falei- e cadê o pessoal?
-Você não os viu do outro lado?- Jonas franziu o cenho
-São eles? -fiquei ainda mais confuso- é esse o trabalho? Beber em um bar?
-Não, Andrew- Jonas gargalhou
-Então? -estava ficando inquieto
-Se sente- ele apontou para a cadeira à frente

Puxei ela sentando rapidamente.
-Então, vamos explicar o esquema- ele sorriu

Esquema? Não gostei disso. Mas soou bem.
-Beco furado é um código para o sistema de cobrança não levada a sério - ele começou- Em New York ou até fora dela tem muita gente que tem devedores. Esses devedores, demoram e ficam a protelar para pagar suas dividas. O que acontece? Os cobradores ficam irritados com a espera. Então, mandam pagar de outra forma. Mandando matar seus devedores. Nosso trabalho é exatamente esse. Nós somos assassinos de aluguel. Não matamos só devedores. Matamos quem somos pagos para matar. E isso, nos faz receber muito bem.

Minha mente agora estava uma confusão. Eu sempre fui sinistro, sempre soube dessas coisas, desses caras. Mas eu ser um? Nunca me passou pela cabeça. Fiquei pensando no que meus pais diriam sobre isso.
Foi quando senti que não faria diferença. Para meu pai eu sou errado de todas as formas, e para minha mãe, é só eu não deixar meu pai irritado que está tudo bem. Esse pensamento me deu motivação, e eu senti que não faria diferença o que eu faria; se eu ganhasse dinheiro para esfregar na cara do meu pai que não precisava dele, já era suficiente.
-Andrew?- Jonas me despertou de meus devaneios
-E a policia? -perguntei
-Bem, boa pergunta- ele sorriu- nós aprendemos a matar do jeito certo. Sem rastros, sem evidências, sem testemunhas. Cada um de nós tem licença para carregar uma arma, isso eu devo ao trabalho do meu pai. Ele nos dá essa licença de graça, e nós todos usamos luvas. Então, se fizermos tudo certo, não tem risco

Sorri convencido. Eu era perfeito para isso. Sempre fui bom em não deixar rastros.
-Então, se a policia nos pegar com armas, não vai ter confusão?
-Exatamente. E ninguém sabe do nosso código, só quem tem que saber- ele piscou
-Então, se eu não aceitar, vão ter que me matar?- joguei
-Não quero matar ninguém, mas você vai ter que me garantir que não vai abrir a boca- Jonas falou sério
-Não vou abrir a boca- sorri
-Como me garante isso?- ele indagou duvidoso
-Porque eu quero entrar no esquema- Falei, certo de minhas palavras

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