[Six]

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-"Espero que tenham estudado este fim-de-semana. Vão realizar um teste, no qual vai sair a matéria que temos estudado. Desejo-vos boa sorte."

Um burburinho começou a instalar-se na sala, fazendo Mr. Coimbra repreender a turma.

-"Espero que o teste lhe corra bem Mr. Ariana. Estou a contar com uma excelente nota da sua parte."

Raio de homem sarcástico que eu tanto odeio!
Respondi-lhe com um sorriso o mais irônico possível e comecei a dar uma vista de olhos ao maldito teste. Tinha apenas duas folhas, mas era o suficiente para me cansar, portanto, não tinha intenções de responder a muitas perguntas, até porque não saberia resolvê-las na maioria.
O álcool ainda parecia vaguear sobre a minha cabeça, fazendo-me sentir mal disposta, mas nada de que não aguentasse.
O tempo parecia passar mais devagar do que o costume, fazendo-me ficar cada vez mais aborrecida. Do meu lado, encontrava-se um rapaz loiro, de olhos atentos à miserável folha. Espreitei cuidadosamente e consegui copiar duas respostas. Era o suficiente para deixar Mr. Coimbra de boca aberta quando corrigi-se a prova.

-"Quem acabou o teste, pode sair."

Rapidamente me levantei da cadeira, andando vagarosamente até ao encontro de Mr. Coimbra. Era a única que me encontrava de pé, fazendo as atenções virarem-se só para mim.

-"Pode ir Miss Ariana. O seu teste está anulado."

-"O quê? Porquê?" o sangue bombeava rapidamente pelas minhas veias, e a minha pulsação aumentava à medida que os segundos passavam. Mas quem é ele para me anular a porra de teste? É teu professor, Ariana. Ai, cala-te subconsciente do meio do inferno!

-"A menina copiou pelo colega."

-"Mas-

-"Aqui não à mas. Quem decide as coisas sou eu."

-"Você vai-se arrepender, garanto-lhe."

Dito isto, saí apressadamente da sala. Não sei se disse a coisa certa, afinal, Mr. Coimbra não deve reagir muito bem a ameaças, mas acho que o consegui intimidar minimamente.

O relógio dizia-me que ainda tinha bastante tempo até à próxima aula, por isso decidi ir até ao dormitório. Pelo caminho, encontrei Mr. Cristovinho que se encontrava sentado num dos bancos, no exterior da escola.

-"Menina Ariana, é bom vê-la." a sua voz magnífica saudou.

-"Igualmente."

-"Então, está tudo bem consigo?"

-"Sim, acho que sim. E com o professor?"

-"Também, obrigado. Vou andando, tenho uma aula a seguir. Fique bem miss Ariana."

Estas curtas conversas fazem-me sentir bem. Fazem com que eu relembro o ano passado, onde tudo era mais simples, sem Mr. Coimbra no meu caminho.
Coloquei as mãos nos bolsos do casaco, e retirei de lá uma pastilha elástica, deitando o seu embrulho no pavimento de cimento.

-"A menina sabe que não se deve deitar plásticos ao chão?"

-"E o senhor sabe que não se deve brincar com o fogo?"

-"Sei. Mas não tenho intenções de me queimar."

Mr. Coimbra olhava para mim de forma intimidante, como sempre fizera.

-"Ai não? Mas parece."

A sua expressão encontrava-se severa, como de costume. Olhei de relance para o relógio e vi que o tempo passara rápido, pois já tinha tocado para fora.

-"Não fale assim comigo Menina Ariana."

-"Qual é o seu problema, afinal? Está sempre a implicar comigo, eu não sei o que lhe fiz para você ser assim para comigo."

-"O meu problema é você, Menina Ariana."

-"Devo ficar preocupada?"

-"Acho que sim."

Unconditionally [D.A.M.A]Onde histórias criam vida. Descubra agora