[Thirty-one]

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O discurso de Mr.Coimbra ainda se encontra muito presente na minha cabeça, enquanto procuro algo para levar à festa.

Sinto-me ridícula quando dou por mim a pensar que todas as suas palavras foram dirigidas a mim, mas foi isso que ele deu a entender. Ele falou em amor, que ele é importante, que sem ele não vivemos. Mas ele não me ama. Se ele gostasse verdadeiramente de mim, não me teria feito o que fez. Não teríamos andado neste ciclo que parece infinito e que me está a deixar cada vez mais devastada.

Opto por colocar um vestido preto que me fica um pouco acima do joelho, e calço uns sapatos altos. Imagino como o meu professor de biologia iria reagir ao ver-me assim: os seus olhos selvagens percorrendo o meu corpo, os seus lábios entreabertos. Tenho de deixar de pensar nele a toda a hora, é tóxico.

Coloco um pouco de mmaquilhagem e saio do dormitório. A Luena avisou-me que iria chegar mais tarde, e isso facilitou-me a saída. É claro que lhe irei contar isto, mas hoje não é um bom dia.

-"Está linda. "

-"Obrigado. Você também."

Ele veste umas calças de ganga e uma T-shirt azul. É estranho ver um professor de economia assim vestido, mas ele está agradável.

-"Acha que nos podemos tratar por 'tu'? É que vai ser estranho passar a noite toda a falar de uma forma tão formal." ele pede, dirigindo-se até ao seu carro. Um Mercedez. É claro que ele tem um mercedez.

-"É, acho que sim."

A viagem foi desconfortável, não houve nem uma palavra dita por nós os dois. Mas acredito que se Mr. Cristovinho tivesse puxado assunto, seria igualmente desconfortável, ou pior talvez.

-"Chegamos." ele diz, despertando o cinto de segurança.

Saio do seu carro (que por sinal, dava para comprar uma grande quantidade de roupa, dinheiro que seria muito melhor empregue), e espero por Mr. Cristovinho.

Ele guia-me para um bar que parece agradável à primeira vista. Porém, essa opinião dissolve-se no momento em que entro no estabelecimento. Ele está lotado de estudantes embriagados, suados e com as hormonas piores que nunca. É verdade que estes ambientes me são familiares, mas estar aqui com Mr. Cristovinho é estranho e torna o espaço ainda mais sufocante.

-"Queres beber alguma coisa?"

-"Não, obrigado. Estou bem por enquanto."

-"Eu insisto. Já volto."

Ele entranha-se na multidão, parando junto do balcão. Apesar de ele ser um pouco mais velho, a verdade é que ele parece um jovem vestido daquela maneira. Gosto de o ver assim, descontraído.

-"Aqui tens."

-"Obrigado."

A bebida parece queimar a minha garganta. Não faço a mínima do que isto seja, mas não me preocupo em perguntar. Isto é muito bom, e extremamente viciante.

-"Vamos dançar?"

-"Pode ser. Mas posso beber outra?"

-"Claro."

Dentro de segundos estamos os dois na pista de dança. As suas mãos pousam na minha cintura, mas não protesto contra isso.
Os meus olhos parecem ver um cenário desfocado. Aquela bebida deve ser extremamente forte, isto nunca me tinha acontecido. Só bebi duas vezes, o que é pouco, pelo menos para estar embriagada.

Os nossos corpos esbarram um no outro, fazendo a minha temperatura corporal subir. Parece que estão quarenta graus aqui dentro.

Atrevo-me a puxá-lo mais para mim, e ele parece gostar disto. Mas que raio é que eu estou a fazer?

-"Beija-me." ele implora.

Os nossos lábios chocam de forma agressiva e rapidamente sinto a sua língua entrar na minha boca. As suas mãos apertam a minha cintura, e sinto um leve arrepio a passar pelo meu corpo. Mas o que é que eu estou a fazer?

Unconditionally [D.A.M.A]Onde histórias criam vida. Descubra agora