Unconditionally [D.A.M.A]

[Forty-six]

-"Espero que tenham gostado da aula, até amanhã e não se esqueçam do trabalho da próxima semana." a professora de sociologia diz, arrumando uma quantidade exagerada de livros para dentro da sua mala.

As imagens de ontem à noite ainda estão muito presentes na minha cabeça, assim como Mr.Coimbra.

Ainda tenho uma aula pela frente, mas não estou com paciência para isso. Decido faltar.

Não tenho muito para onde ir. O bar deve estar cheio e a Luena está no dormitório a esta hora. O pátio exterior também não é uma boa opção, já que o sol parece ter-nos abandonado.

Pondero ir até à biblioteca. São raras as vezes que ponho lá os pés, pois não gosto daquele ambiente. Mas penso que agora preciso de silêncio. Preciso sobretudo de pensar nos últimos acontecimentos, apesar de eles estarem sempre na minha cabeça.

Sento-me numa cadeira ao fundo da enorme sala. Olho para o relógio que se encontra perfeitamente posicionado na parede, mas ele está parado. Porque raio eles têm um relógio que não funciona pendurado na parede? O tempo não pára.

Olho para o ecrã do telemóvel, ainda é bastante cedo.
Quero ligar a Mr.Coimbra, mas tenho receio. Receio de ser rejeitada, como da última vez.

Clico no seu nome num ato inconsciente, e por minutos entro em pânico. Será que estou a fazer a coisa certa? Ele atende ao terceiro toque o que me faz relaxar.

-"Olá?" ouço uma voz feminina dizer. Parece uma criança, mas... o que faz uma criança com o telemóvel dele?

-"Olá, hmm quem fala?"

-"A irmã do Coimbra." irmã? Ele tem uma irmã? "És tu a namorada do meu irmão?"

-"Eu? Não." infelizmente "Será que posso falar com ele? Ele está aí?"

-"Não, ele-"

-"Quem é? Porque atendeste por mim?" consigo ouvir o meu professor de biologia dizer.

-"É a "Amor", pelo menos é o que diz no nome do contacto." um sorriso toma conta do meus lábios quando ela diz que o meu nome do contacto é "Amor". Ele ainda não o mudou. É incrível como ele consegue ser tão romântico e tão frio ao mesmo tempo.

-"Dá cá isso" ele parece atrapalhado.

-"Desculpa por isto Ariana. Porque ligaste?" é tão bom ouvir a sua voz, parece que já não a ouço à anos.

-"Liguei-te à alguns dias, porque não atendeste?"

-"Pensava que não querias. Que te irias arrepender no minuto seguinte."

-"Isso é um absurdo. Porque foste embora? Eu sinto a tua falta."

-"Tu disseste que não me querias ver, que o que eu sentia por ti era uma mentira, que tu eras só uma brincadeira para mim. Porque estás a fazer isto agora? Achei que não me quisesses ver pelo menos por uns tempos."

-"Eu sei que é uma atitude bipolar mas eu já não sei o que fazer, eu preciso de ti." pareço desesperada, mas não quero saber "Porque é que não lutas-te por nós, porque é que não foste atrás de mim como sempre fazes?" estou prestes a chorar, e ele consegue perceber isso.

-"Eu... Não chores, Ariana. Estou aí na próxima semana."

-"Prometes?"

-"Prometo."