[Thirty-seven]

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-"O que é que se passa, amor?"

Ela está sentada na sua cama, com os joelhos dobrados e as seus braços à volta dos mesmos. É tão triste vê-la assim.

-"Não é nada, Ariana." ela funga.

-"Diz-me."

-"Eu não posso..." estou a começar a ficar preocupada.

-"Por favor?"

-"É sobre... O Cristovinho..." o quê?

-"Desculpa, não percebi."

A minha cabeça está demasiado confusa, mas o que é que o professor de economia tem a ver com ela? O que é que os liga e porque raio a Luena está a chorar? E porque é que ela o tratou de forma informal? Eles têm uma relação? São demasiadas questões sem resposta.

-"Eu estou tão envergonhada, eu nem sequer tenho coragem de te contar, sei que é um ato de cobardia, mas eu não sei mesmo como te explicar tudo."

-"Conta-me, estás a deixar-me preocupada!"

-"Sabes aquela mensagem que o Mr.Coimbra te falou?" ela diz a medo.

-"Sim" estou a ficar nervosa.

-"A culpa disso foi mimha."

-"O quê?" Eu quase grito.

Isto está a ficar cada vez mais confuso, não sei no que pensar, não percebo o porquê de tudo isto.

-"Eu sei que foi fodido mas o Cristovinho seduziu-me de maneira a que eu fizesse isso. Nós tínhamos tido alguns encontros e eu acabei por criar um sentimento que eu nunca pensei vir a sentir. Ele disse-me que precisava da minha ajuda para te afastar de Mr.Coimbra pois ele era perigoso e iria acabar por te magoar muito mais." ela olha para mim. Neste momento não sei se hei-se sentir raiva ou compaixão. "Ele disse-me para descobrir o teu código de bloqueio e para lhe dizer. Ele também deitou algo na tua bebida, droga acho eu." ela acaba o discurso.

-"Como é que me pudeste fazer isto, Luena? Como? Eu sempre fiz tudo por ti."

-"Eu sei e agradeço-te por isso, mas eu estava tão cega... Só quando te vi hoje, quando me contaste tudo é que eu vi o quão feliz tu estavas e me arrependi de imediato."

Os meus olhos estão a começar a ficar embaciados e eu sei que se não for forte agora, irei começar a chorar daqui a breves instantes.

-"Eu ainda não consigo perceber o que sinto em relação a isto, desculpa mas não consigo olhar para ti neste momento."

-"Ainda há mais uma coisa..."

Não sei se aguento com mais revelações, mas eu acho que já sei o que ela vai dizer.

-"O reitor. Foste tu, não foste?"

-"Fui."

-"Não preciso de ouvir mais nada."

Saio do dormitório completamente fora de mim, eu nunca desconfiaria da minha melhor amiga. É suposto os melhores amigos serem tudo uns para os outros, apoiarem-se, amarem-se. E ela traiu-me de uma forma que eu nunca imaginaria que fosse possível.

Sei melhor que ninguem que por vezes o sentimento é mais forte que a racionalidade, que o amor nos cega de uma forma imaginável, mas porra. Ela sabia de tudo, sabia que o meu amor por Mr.Coimbra é fora de série, que eu me sinto verdadeira ao pé dele, que ele me faz bem. E mesmo assim, ela escolheu um homem. Escolheu passar por cima de uma amizade para atingir o amor. Amor esse que é totalmente falso.

Eu não imaginava que Mr.Cristovinho fosse tão idiota ao ponto de brincar com os sentimentos das pessoas, e logo ele, que parece sincero em tudo o que diz, que parece ter a perfeição aos seus pés, parece atingir o estereótipo de senhor responsável e honesto. Afinal, ele não é nada disso. É incrível como as pessoas conseguem inventar uma personalidade dando uma imagem totalmente diferente daquilo que elas realmente são. Eu não conseguiria viver nesse sufoco, como é possível vivermos em prol duma personagem que nós próprios criamos?

Corro pelo corredor até ao pátio exterior, na esperança de ver aquele que é o homem que mais anseio confrontar neste momento.

-"Mr. Cristovinho. Acho que temos muito para conversar."

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Olá minhas desajeitadas, estavam à espera disto? ❤


Unconditionally [D.A.M.A]Onde histórias criam vida. Descubra agora