[Thirty-four]

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Acordo com a minha cabeça a latejar e pergunto-me porque é que é tão difícil estar de ressaca. Podia ser tudo tão mais fácil. Acho que o mundo seria melhor sem dores de cabeça e vomitos constantes.

Levanto-me da cama e levo uns segundos até me lembrar que estou no dormitório de Mr. Coimbra. Não há sinais dele, e agradeço por isso.

Dirijo-me à casa de banho e olho-me ao espelho. O meu cabelo está horrível e os meus olhos estão cobertos de maquilhagem da noite anterior.

Tento lembrar-me do que se passou ontem, mas a tentativa é falhada. A única coisa que me recordo é de estar no colo de Mr. Cristovinho. Meu deus, como é que eu vou olhar para ele a partir de hoje?

Será que eu dormi com Mr. Coimbra? As minhas questões são varridas da minha cabeça quando vejo o professor de biologia entrar no quarto.

-"Podes descansar mais. Ainda tens duas horas até a tua primeira aula." ele diz. Sinto-o distante e isso é horrível.

-"Na verdade não tenho sono."

-"Ok. Trouxe-te o pequeno almoço."

-"Obrigada."

Eu sento-me à sua beira e abro o pacote de sumo de morango. Não gosto muito de sumo de morango, mas este sabe bem.

-"Está tudo bem consigo?" eu pergunto, receosa da sua resposta. Será que aconteceu algo ontem?

-"Porque me mandas-te aquela mensagem?" o quê?

Posso não me lembrar de muita coisa, mas tenho a certeza que não lhe mandei mensagem nenhuma. Eu nunca faria isso, até porque eu estava com outra pessoa, não faria sentido.

-"Não mandei nada."

-"Como não? Eu recebi uma mensagem tua a dizer para eu ir ter contigo."

-"O quê? Eu não tenho nenhuma mensagem enviada." eu mostro-lhe o telemovel.

-"Mas eu tenho." ele passa-me o objetivo para as mãos, e eu fico intrigada. Realmente ele tem uma mensagem recebida do meu número, mas não fui eu que mandei."

-"Não fui eu que a mandei."

-"Então foi quem? Eu fui de propósito à porra daquele bar na esperança de uma reconciliação, na esperança que me pudesses perdoar, mas, quando chego lá, vejo-te no colo daquele idiota." ele está a ficar cada vez mais nervoso. "Não sei o que queres de mim. Passas o tempo todo a dizer que eu te faço mal, fazes de mim o vilão da história mas no fim, quem me magoa és tu. Achas que eu gostei de te ver no colo de outro? Eu só pensei em matá-lo naquele momento Ariana, fodasse eu estou mesmo passado com tudo o que vi."

-"Eu não sei onde estava com a cabeça para fazer aquilo mas eu não te mandei mensagem nenhuma." eu tento tranquiliza-lo, mas sem sucesso.

-"Então quem foi Ariana? O outro idiota com que te enrolas-te?"

-"Pára de dizer essas coisas!" eu levanto-me, posicionando-me à sua frente. "Eu não sei quem foi, talvez tenha sido ele, mas também porque é que ele faria isso?"

-"Ele quer comer-te, obviamente. E acho que ele desconfia da nossa ex-relação. Talvez ele queira o caminho livre."

-"Não sei se isso é verdade mas eu não o quero e tu sabes disso." as minhas palavras saem desesperadas demais, e arrependo-me por isso. "Mas também eu não preciso de te dar explicações. Tu é que decidis-te acabar com tudo."

-"Tu não percebes." ele senta-se na beira da cama e puxa o seu cabelo em sinal de frustação, um tique muito característico.

-"Não percebo? Tu não és o santo nesta história. Eu errei, mas tu também erras-te o tempo todo. E eu sei das raparigas que trazes para aqui. E tu certamente não lhe dás apenas explicações de biologia." desta vez sou eu que me irrito. "Tenho a certeza que já fodes-te montes de raparigas nesta cama."

-"Sim, tens toda a razão. Mas nenhuma é como tu."

Unconditionally [D.A.M.A]Onde histórias criam vida. Descubra agora