[Forty-four]

181 20 8
                                    

Já passou uma semana.

Cinco dias de puro sofrimento, de ansiedade, de angústia permanente. Odeio o silêncio. Odeio não saber como ele está. Odeio estar com ele, mas odeio ainda mais ficar sem ele.
Será que ele sente a minha falta?

Tentei ligar-lhe no primeiro e segundo dias, mas ele ignorou a chamada. Decidi desistir.

Os outros dias foram passados de igual modo, fazendo-me questionar se realmente tinham sido dias. Pareceram anos. Parece que passei a minha vida toda fechada num quarto, sem expressão, sem ninguem. Apenas eu e os meus pensamentos.

A Luena tem tentado animar-me, mas não tenho forças para sorrir.
Vi também o Tiago à dois dias atrás, mas não fiquei tão feliz quanto pensava ficar.

Será que ele vai voltar?
Queria dizer-lhe agora que o amo, que começava-mos tudo do zero, que apesar de tudo, o nosso amor é maior que qualquer coisa. E é angustiante saber que essas palavras não podem sair da minha boca.

Saio do dormitório, vestindo um casaco. O tempo está mais frio agora. Talvez seja por isso que o meu coração parece estar congelado. Olho para a tela do meu telemóvel e vejo as horas. São 19:30 e eu ainda não comi nada desde o almoço.

-"Miss Ariana?"

-"Sim?"

-"Está tudo bem consigo? Não a tenho visto por aqui." Mr.Cristovinho diz. Ele está com uma T-shirt branca, conjugada com umas calças de ganga. Ainda é estranho para mim vê-lo assim.

-"Tenho andado com uns problemas, na verdade."

-"Pode contar comigo para tudo."

-"Muito obrigado." ele parece atrapalhado, e eu confesso que também me sinto um pouco constrangida.

-"Podíamos jantar? Conheço um restaurante muito bom aqui perto."

-"Porque não?" eu respondo.

Ele é agradável e sinto que quer o meu bem. Talvez consiga tirar Mr.Coimbra do meu pensamento durante as próximas horas.

Pov Mr.Coimbra

Sento-me na cadeira mais próxima e olho para o ecrã do telemóvel. Lembro-me das chamadas de Ariana, mas rapidamente desvio esse assunto da minha mente. Nós precisamos deste tempo, eu sinto isso.

É verdade que as saudades são mais que muitas, mas às vezes é preciso fecharmo-nos num beco para perceber-mos o que queremos fazer, que rumo queremos tomar.

É certo que ela é tudo o que eu quero, é parte de mim mas por vezes é preciso abdicar das coisas mais importantes.

-"Coimbra? Podes vir para aqui?" ouço uma voz feminina chamar.

-"Claro, vou já."

Levanto-me da cadeira e vou em direção ao meu quarto.

Unconditionally [D.A.M.A]Onde histórias criam vida. Descubra agora