Unconditionally [D.A.M.A]

[Fourteen]

-"E depois ele disse que adorou a minha companhia e que queria jantar comigo mais vezes!"

Luena encontrava-se defronte ao guarda-vestidos, provavelmente a escolher o que vestir. O seu entusiasmo estava ao mais alto nível, enquanto me contava os episódios do jantar com Luís.
Ouvia tudo com atenção, porém, havia momentos em que os meus pensamentos se concentravam apenas em Mr. Coimbra. Pequenos flashbacks da noite passada atingiam-me a mente, mesmo que eu só os quisesse ignorar.

-"Estás a ouvir o que eu estou a dizer?"

-"Oh, claro que sim."

Espreitei pela pequena janela do dormitório, e consegui ver que o dia estava bom. Optei por vestir uns jeans e uma camisola preta, algo bastante confortável. Terminei calçando umas sapatilhas, nunca deixando de ouvir as palavras em êxtase de Luena, e acenava com cabeça de vez enquanto, só para a fazer crer que lhe estava a dar toda a atenção do mundo.

-"Vou tomar o pequeno almoço, vens?"

-"Vou já, vai indo se quiseres."

Saí apressada do dormitório, e dirigi-me ao bar, para tomar a minha primeira refeição.
Uma quantidade generosa de universitários já se encontravam dispersos pelos corredores; todavia, o bar estava praticamente deserto.

Como habitual, fiz o meu pedido e sentei-me numa das mesas, relembrando novamente a noite anterior. Estava extremamente envergonhada com o que se tinha sucedido com Mr. Coimbra, mas por outro lado, foi um momento bom, inesquecível, diria único.
Não sei ao certo que o que está a passar comigo e com o meu professor de biologia, mas a verdade é que cada segundo com ele me faz querer mais, me faz renascer, e a necessidade de estar perto dele está-se a tornar óbvia. O problema é que isto vai para além do carnal, sinto que a vulnerabilidade não é o único estado em que Mr. Coimbra me consegue deixar, mas não consigo dizer ao exato o que se passa. É tudo muito confuso, a minha cabeça está cheia de questões sem resposta, sinto que me estou a sufocar a cada instante, a nossa "relação" está a tornar-se cada vez mais tóxica, e isso deixa-me preocupada. Afinal, não me posso esquecer que ele é meu professor, porra, não pode passar disso, quer dizer, já foi muito para além disso, e tenho consciência que toda esta situação é má para ambos.

A senhora a quem fiz o pedido, levou-me o pequeno-almoço à mesa, fazendo-me abstrair de todos os meus pensamentos. Olhei em volta, e encontrei, sentado numa das últimas mesas do bar, Mr. Coimbra que parecia pensativo. Isto de ele estar sempre onde estou, está-me a amedrontar, o raio do homem persegue-me.

-"Posso-me sentar Mr. Coimbra?"

-"Claro."

Sentei-me à sua frente, sem citar uma única palavra. Estivemos num silêncio durante alguns minutos, o que me fez irritar mais do que o devido.

-"Espero que o que aconteceu ontem não mude os nossos comportamentos."

-"Oh, claro que não Mr. Coimbra. Não é pelo facto de você ter estado com a cabeça entre o meu peito que vai mudar alguma coisa. Afinal, é uma situação bastante comum, não acha?"

-"Você mereceu. Estava-me a seduzir. E não diga que não gostou, porque é mentira."

-"Não seja convencido Mr. Coimbra."

-"Apenas realista."

À entrada do bar, vi Luena que me deu uma piscadela de olho, e logo se retirou. Por momentos tinha-me esquecido que ela vinha tomar o pequeno almoço comigo, mas decidi não dar muita importância ao sucedido.

-"Sabe Miss Ariana, acho que consigo perco toda a minha ética, não consigo distinguir o certo do errado, quando estou consigo necessito de algo carnal, é totalmente fora do comum."

-"Isso é bom ou mau?"

-"Sinceramente, eu não sei."

-"O que se passa connosco é maior que nós, é sufocante. E eu não sei lidar com isto."

-"Apenas me prometa que nunca vai sair daqui; que vai ser sempre a miss Ariana que conheci; que nada do que acontecer a fará mudar."

-"Prometo."

A única certeza que tinha, é que prometi. E promessas são para cumprir.