[Twenty-six]

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Sinto o meu estômago dar voltas enquanto relembro as palavras de Mr.Coimbra. Dou graças a deus pela Luena não estar no dormitório, já que o que eu preciso neste momento é de silêncio. Silêncio e respostas. Aliás, presumo que preciso mais de respostas do que de qualquer outra coisa.

Sei o quão estranho o meu professor de biologia é, sei o quão confuso ele pode ser, mas não tinha a noção do quão cruel ele realmente é.

Não choro quanto pensei que iria chorar quando chegasse ao quarto. Talvez porque o ódio e a raiva estão a tomar conta de mim e quando isso acontece, a minha tendência não é chorar, é revoltar-me.
E mesmo que a minha tendência fosse lavar-me em lágrimas, não o iria fazer. Ele não merece nada vindo de mim.

Odeio a forma como me estou a sentir agora. Sinto que fui usada, ainda por cima porque me deixei envolver demasiado nesta relação.

Decido levantar-me da cama e limpar os meus pensamentos melancólicos, assim como o meu rosto miserável.
São 17:00 e ainda não comi nada. Visto o meu casaco de cabedal e saio do dormitório. Rezo mentalmente para que o bar esteja vazio, mas parece que a minha oração falha redondamente visto que o Kasha permanece sentado numa das mesas.
Sinto que existe um clima estranho entre nós desde que ele me beijou. Parece que foi ontem, no entanto, já passaram bastantes semanas. O tempo está a passar tão rápido.

-"Hey Ariana." ele diz, quando me vê.

-"Olá. Está tudo bem contigo?"

-"Sim... E tu, estás bem?"

-"Dentro do possível" minto.

-"Hmm... Tenho estado com a Luena, sabias?"

-"Não, ela ainda não me tinha falado disso."

-"Ela é uma rapariga fantástica."

-"Sim, ela é." digo, oferecendo-lhe um sorriso. Forçado, no entanto. "Vou fazer o meu pedido, volto já."

Ando até ao balcão e peço gentilmente um sumo de laranja e um bolo de arroz. A senhora oferece-me um sorriso e rapidamente fico com uma imagem boa dela. Suponho que seja uma funcionária nova, visto que nunca tinha sido atendida por ela é não me lembro de a ter visto por aqui.

Volto para o meu lugar e sento-me confortavelmente.

-"Gostava que tudo fosse como era antes." ele diz, bebericando a sua água.

-"Referes-te a nós?"

-"Sim... Gostava que a nossa amizade tivesse a mesma força. Sinto que nos afastamos imenso desde... Aquilo."

-"O beijo foi um erro, sim foi... Mas deve ficar no passado."

-"Então achas que podemos ser como antes?" ele pergunta. Noto os seus olhos a encherem-se de esperança, e fico contente por ele querer ficar bem comigo.

-"Acho que sim." dou o meu melhor para lhe oferecer um sorriso, ainda que ele seja sincero.

Olho momentaneamente para a porta e vejo Mr. Coimbra e Mr. Cristovinho, e quase cuspo o bolo quando vejo o professor de economia agarrar o braço do colega, num gesto agressivo.

Unconditionally [D.A.M.A]Onde histórias criam vida. Descubra agora