– O QUE SIGNIFICA ISSO OLÍVIA?Abri os olhos com dificuldade tentando me acostumar com a luz que invadia meus olhos. Notei que minha mãe estava de frente para mim esperando uma resposta. Olhei para ela com os olhos semicerrados e resmunguei me virando para o outro lado da cama.
– Olívia, eu não vou dizer de novo, o que esse gato está fazendo aqui? – perguntou minha mãe agora mais calma.
– Que horas são? – balbuciei ainda sonolenta.
– Não troca de assunto!
Qual era a dificuldade de me perguntar isso quando eu estivesse acordada?
– Achei ele ontem na rua e trouxe para cá – respondi sentando na cama para olhar para ela.
– Então dá um jeito de dar para alguém, você sabe que não podemos ficar com ele.
– Mas mãe...
– Sem mas, não quero gato dentro dessa casa, Olívia! – interrompeu minha mãe fechando a porta do quarto.
Bufei e deitei na cama de novo. Qual era o problema de ficar com ele?
Olhei para dentro da caixa, onde eu tinha colocado ele na noite anterior e dei de cara com um gatinho confuso me fitando de volta.
– A gente vai achar um jeito de você ficar, ok? – disse a ele.
Olhei no relógio do criado mudo: 10:07. Ai que ótimo, minha mãe não podia dar sermão lá pelas 11:30?
Levantei da cama, já sabendo que meu sono tinha se esgotado, peguei o gato de dentro da caixa e disse:
– Acho que nós dois precisamos de um bom banho para começar o dia, não é? – falei indo para o banheiro.
***
Segunda feira chegou com o peso da preguiça ao começar uma nova semana de novo, comecei esse dia arrastada, não queria voltar para a escola e ter que encarar os fatos da última sexta feira de novo. Mas essa segunda aconteceu um fato histórico. Não que seja uma coisa boa, mas aconteceu algo que eu nunca vou esquecer. E provavelmente ninguém daquela escola ia.
– E aí tua mãe falou alguma coisa? – Caio perguntou, enquanto esperávamos na fila da merenda junto com a Ágatha e Breno.
– Sobre o quê? – perguntei, meu consciente estava no mundo da lua nessa hora. Ou até quem sabe em Netuno, num planeta mais distante possível de onde meu corpo se encontrava.
– Sobre o gato, ela disse alguma coisa? – repetiu Caio lentamente, dando tempo para meu cérebro absorver as palavras.
– Ahh, sim... Ela falou para eu achar alguém que fique com ele – digo já um pouco desanimada.
– E agora? O que vai fazer?
– Ao contrário do que ela me pediu, vou achar um jeito de convencê-la a deixar ele ficar.
Ele riu do meu plano e disse que me apoiaria nessa missão, o que eu achei muito legal da parte dele.
Depois de pegar o lanche, fomos indo até o banco azul, que ficava um pouco longe do refeitório, por isso tivemos que fazer uma volta ao redor da quadra para sentar lá e enfim encontrarmos a cura da AIDS ou coisa do tipo.
Mas não foi nada disso que aconteceu.
Obviamente, porque bem, estamos falando de Ágatha, Breno, Caio e Olívia e não a mais nova equipe de futuros médicos da escola.
O que aconteceu foi que não chegamos até o banco azul.
Não chegamos lá, porque antes disso fomos "interrompidos" pela voz irritantemente alta da Paloma. E bem, maldita hora quando ela decidiu me tirar pra trouxa hoje, as coisas não saíram muito... bem, digamos assim.
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Cidades Incertas
Teen FictionDesde aquele dezesseis de julho, Blumenau se tornou um lugar cruel para se viver, o sentimento de culpa assombrava a cabeça de Olívia Queiroz causando uma série de turbulências emocionais.Três anos depois, a oportunidade de se mudar bate em sua por...