Capítulo 22

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O silêncio dominaria o quarto se não fosse pelos sons do meu choro enquanto esperava qualquer comentário da parte deles.

- E-eu... – gagueja Breno nervoso – Nem sei o que dizer...

- Queriam a verdade? Aí está! – respondo ávida.

- É, essa verdade já deveria ter sido dita há muito tempo... – comenta Caio impaciente.

- Você enganou todo mundo esse tempo todo? Dizendo que tinha vindo para cá por causa da sua mãe? – ri Ágatha irônica.

- Não, não, não! Isso era verdade, foi a única oportunidade que surgiu para me tirar daquele pesadelo.

- Meu Deus Olívia... Poderia ter dito isso pelo menos para gente, poderíamos ter lhe ajudado em alguma coisa ou sei lá. – responde Breno apreensivo.

- Não, não poderiam, eu não queria que ninguém soubesse, seria melhor assim.

- Isso é inacreditável – Caio coloca as mãos na cabeça e dá voltas no quarto visivelmente nervoso.

- Eu sabia que vocês iriam reagir assim, agora entendem por que eu escondia?! – grito em prantos.

- Ah é? E quem diz que você não está escondendo coisas de novo? Porque bem, você escondeu tudo isso da gente até agora Olívia, a gente compartilhou tantas coisas com você, o clube e tudo mais. A gente CONFIAVA em você...

- Vocês não entendem – sinto meus olhos marejarem – Vocês nunca vão entender o que eu aguentei para chegar à conclusão de não contar.

- Ah bom, suponho que tenha grandes motivos mesmo porque você também não contou pro Henrique que gostava dele – Ágatha pega seu celular que estava em cima da minha cama e o coloca no bolso de trás já querendo ir embora.

Fico em silêncio absorvendo o que ela tinha dito.

Acho que essa era uma das coisas que eu mais me arrependia em toda minha vida. Talvez se eu tivesse assumido que gostava dele muita coisa poderia ter mudado.

Ouço a respiração rápida de Ágatha e quando volto a olhar para ela, a mesma ligeiramente caminha até a porta a batendo com força ao sair. Breno reprova a postura de Ágatha balançando a cabeça e saí atrás dela ficando apenas eu e Caio no quarto.

E agora eu estava rezando para que Caio me compreendesse.

- Caio... – murmuro molhando os lábios com a língua.

- Sabe... Quando você levou o tiro, eu entrei com você na ambulância pensando no quanto queria você viva – começa ele olhando para baixo – Eu sabia que não aguentaria perder você também.

Sinto as lágrimas voltarem e respiro fundo enquanto ele continua:

- Quando você levou o tiro, eu não conseguia acreditar que justo as pessoas mais importantes na minha vida estavam sendo castigadas por Deus daquela forma. Eu não conseguia acreditar que justo você, a garota que eu imaginava ser a melhor coisa que tinha me acontecido, a garota por quem meu cérebro não parava de pensar... – ele suspira deixando as palavras acabarem na sua boca.

Então ele se aproxima de mim e olha diretamente nos meus olhos.

- E agora... – Ele balança a cabeça apertando os lábios – Agora eu nem sei mais quem é a garota por quem eu me apaixonei.

E dizendo isso ele dá as costas me deixando em pedaços.

Eu já poderia sentir uma dor de cabeça chatinha se aproximando, também, quem me dera acontecer toda essa confusão sem nenhum efeito colateral, acabei mergulhando nos meus pensamentos e refletindo sobre o que tinha acabado de acontecer. Eu não conseguia acreditar, tanta coisa para um só dia? 

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