Sexta feira chegou nublada. O sol tinha decidido não aparecer hoje e as nuvens vieram fazer a substituição. Seria uma pena se chovesse hoje de noite. Pouparia-me de me preocupar com essa tal Festa de Iniciação, afinal, estava nervosa, ainda não tinha falado com minha mãe muito menos decidido ir.
Eu também não tinha alguém para me fazer companhia na festa considerando que Rebecca não iria querer uma sombra hoje de noite. Ela tinha as amigas dela e eu não queria parecer intrometida.
Andei pensando muito nas afirmativas que Becca me contou ontem. Mas se tinha mesmo alguém que queria que eu fosse, porque não me entregou o convite pessoalmente, tentando fazer amizade? Iria facilitar as coisas. Bem, seja o que for. Alguém me convidou. E eu estava pagando pra ver no que iria dar.
Eu tinha que ir.
A manhã na escola São Tomás de Aquino estava bem turbulenta. Todos estavam cochichando sobre a festa. E foi aí que eu notei como a casa da garota deveria ser grande para couber toda essa gente. As garotas debatiam a roupa que iriam. Os garotos repartiam o dinheiro que comprariam as bebidas. E eu observava tudo de longe.
Bem, infelizmente a noite chegou sem chuva. Era 18h46min quando minha mãe chegou do trabalho eu finalmente falei com ela sobre a festa:
– Mãe, é... Hoje eu tenho uma festa na casa de uma amiga... Às sete – a "amiga" mencionada era mentira, pois se eu falasse que era na casa de uma garota que eu nunca tinha ouvido falar era óbvio que ela não iria deixar.
– Tudo bem.
Oi? Minha mãe me deixando ir sem questionar onde era a casa ou com quem eu ia? O que estava acontecendo?
– Sério? Não quer perguntar mais alguma coisa? Olha que eu vou mesmo e aí não adianta ficar brava por não saber mais.
Ela riu e respondeu:
– É que eu acho ótimo você sair. Eu nem lembro quando foi a última vez que você pediu permissão para ir à algum lugar.
Isso era verdade, eu nunca mais saí de casa depois do que aconteceu. Não tinha mais amigos. Não era mais a mesma coisa.
– Beleza então...– digo indo em direção as escadas antes que minha mãe mudasse de idéia – Eu... tenho que me arrumar – queria sair logo dali.
– Mas espera aí – tarde demais, pensei – Eu levo você!
– Ann... Ok. Beleza. – Isso não era ruim. Eu não sabia mesmo onde era a casa da garota para decidir ir a pé.
Eu realmente não fazia ideia de que roupa eu poderia vestir. Abri meu armário e examinei as alternativas. Tirei uma camiseta enorme que eu usava como vestido. É, ia ser essa.
Vesti a camiseta, uma meia calça preta rasgada e um colar. Coloquei os coturnos velhos que eram do meu pai. Arrumei um pouco meu cabelo e coloquei meu celular e o convite na pequena bolsa que eu usava para essas ocasiões. Nem precisei me maquiar muito uma vez em que a maquiagem que eu tinha passado de manhã ainda não tinha saído totalmente, só apliquei mais um batom vermelho na boca e desci as escadas.
***
A casa da Micaela era realmente muito grande. E eu podia jurar que todo mundo daquela escola estava presente ali. Chegando à entrada da casa um garoto me barrou:
– Convite?
Abri a bolsa e entreguei o cartão pra ele.
Ele liberou a passagem e eu entrei. A festa já estava tomando proporções descontroladas, observei alguns casais se agarrando nos cantos da casa enquanto uma grande maioria gritava e dançava desequilibradamente. Será que ainda tinha sobrado bebida? Eu dei uma volta pela casa pra ver se "o anônimo responsável pela minha presença aqui" me notava e resolvia falar comigo. Mas como ninguém apareceu eu fui para a cozinha achar algo que resolvesse minha sobriedade.
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Cidades Incertas
Teen FictionDesde aquele dezesseis de julho, Blumenau se tornou um lugar cruel para se viver, o sentimento de culpa assombrava a cabeça de Olívia Queiroz causando uma série de turbulências emocionais.Três anos depois, a oportunidade de se mudar bate em sua por...