IX

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Nico tem o sono mais profundo que eu já vi.
Não dá para acordar ele, mas como precisava descansar, eu deixei.

Só estou com medo de alguma coisa acontecer aqui, essa casa me dá medo, a cidade me dá medo, tudo me dá medo aqui!

Eu quero sair, já é noite e provavelmente não tem ninguém no bar ao lado e nem na escola. De manhã é outra coisa.

"Você pode sair e explorar..." - diz minha mente.

Mas Nico vai ficar sozinho - falo na minha mente.

"Deixe ele! Quem se importa? É praticamente um cadáver!".

- Ei! Eu que digo isso!

Me levanto da poltrona e vou até o sofá.

- Vai ficar tudo bem... Não banque uma de Michael Jackson e dance Thriller, pelo amor.

Nico fala alguma coisa, provavelmente algum pesadelo horrível, não deve ser pior que os meus.

Mordo o lábio. A curiosidade fala mais alto, não quero deixar Nico sozinho mas... Pode ter alguma coisa la fora e eu não gosto de ficar nesse lugar, como eu disse: tenho medo.

- Eu vou te deixar aqui, mas não vou demorar. Prometo.

Ele muda a posição se virando mais para o lado, deixando nossos rostos um de frente para o outro. Passo a mão pela testa de Nico e me levanto. Vou até a porta, olho para ele de novo. Saio e começo a caminhar pela cidade.

***

Por que eu tive que entrar num beco?

Depois que eu sai da casa tive a brilhante ideia de passar pelo bar, mas pela parte de trás dele. E sim, fedia, tinham alguns barris, restos de palha no chão, e algo molhado, como esgoto.

O pior não foi isso. Pela porta de trás do bar saiu um cara, provavelmente bêbado, ele foi empurrado por uma mulher - acho que trabalhava lá - dizendo para sair dali, senão chamaria a polícia.

Ele saiu bravo e passou por mim.

- Urgh! - falei. - Esse cara bebeu muito mesmo.

Sinceramente, o cheiro de monstros é melhor que o dele.

Saí correndo e acabei parando na frente de uma escola, devia estar vazia mas vi as luzes de uma sala acesa.

Minha curiosidade ainda me mata.

Tive que entrar na escola.

Vou pela porta da frente e passo pelo corredor escuro, cheio de armários e salas escuras, mas só uma estava acesa, a luz iluminava a pequena parte do corredor, e a sala era a última.

Respirei fundo e fui até lá. Devagar e quando cheguei na janela me abaixei.

Era uma dracaena, e estava falando com alguém, mas a outra pessoa não estava na sala. Acho que era a famosa mensagem de Íris. Como ela fez aquilo eu não tenho ideia, mas deu muito certo.

Não vi a outra pessoa, mas pude ouvir a conversa através da porta.

- Conseguiram? - dizia o sujeito do outro lado.

- Está a caminho. A garota não sabe de nada, mas tem um garoto junto dela.

- Preciso da menina - diz a pessoa, vou apelidar de Kevin, parecia um homem (e foi o primeiro nome que veio em mente, ridícula ideia mas ok). - Mas o garoto ainda vai servir.

- Então o que sugere, meu senhor? -  perguntou ela.

- Separe-os. Eles não podem ficar juntos por muito tempo. O plano precisa ser feito.

- A menina está aqui na cidade... Quer dizer, os dois estão. Podemos fazer isso agora.

- Não, não! Cedo demais. Ela precisa estar pronta. - fala sério, do que eles tanto falam? - Se estivessem mais perto do local de onde a conquista ocorrerá - Kevin disse as palavras com firmeza - Deixe-os chegarem mais perto.

- Sim senhor, estarei de olho. E minhas outras irmãs já foram até o acampamento, os meios-sangues estão alertados.

Kevin riu sem humor, como uma risada maligna.

- Percy Jackson pagará pelo que fez. Todos teremos nossa vingança.

Ele pareceu se contorcer de dor, como se o riso e as palavras tivessem esgotado sua força.

Olhei pela janela da sala de novo. Eles falaram alguma coisa que não ouvi, o monstro saiu da frente da imagem e enfim pude ver: não era ninguém, só a escuridão.

A imagem desapareceu e ela se virou para a janela, consegui me abaixar a tempo. Mas acho que ela viu meu cabelo, pois ele prendeu em um parafuso da porta, bem em cima da janela.

- Droga... Para piorar é ruivo! Tinha que ser ruivo? - falei baixo e xinguei em grego antigo.

Aquela coisa parece ter notado e ouvi algo vindo até a porta. Tentei puxar o cabelo mas não adiantou muito. Se eu parasse o tempo... Mais monstros podiam aparecer depois. E meu relógio? Acho que o brilho e a luz toda chamaria muita atenção, a dracaena abriria a porta e eu batia a cabeça no armário – que cena feliz.

- Quer saber? - falei para mim mesma. - Acho que preciso mesmo aparar as pontas.

Tomei coragem, peguei meu cabelo e puxei-o rápido.

Ai ...

Ai...

Ai... Que dor do ... - xinguei mentalmente.

Sai correndo o mais rápido que minhas pernas deixavam, tropecei no caminho em meu próprio pé. Levantei e continuei.

Desci as escadas da escola, e a contornei, não ia passar por aquele beco de novo. NUNCA MAIS!

-

Oi Oi gente! Quem postou mais cedo?? Sim! Eu!!!

Sério? Hj estréia A Esperança o final! Quando terminar o filme, vou me levantar gritar "JÁ ACABOU JESSICA?"

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Bjs;

A Herdeira de Cronos • pjoOnde histórias criam vida. Descubra agora