Olho para trás e vejo a professora bem em cima de mim, com as garras e pele escamosa, e o seu icor dourado escorrendo pela barriga. Não adiantou muito, já que o veneno ácido que saia de sua boca pingou em minhas costas, ardendo.
Os alunos da sala apenas observaram, chocados. Acho que na mente mortal deles, devem ter visto um aluno enfiando algo na professora.
O garoto me puxa pelo braço e diz aos alunos:
- Não aconteceu nada aqui, ok? -ele diz em tom sério.
Eles apenas fazem um "sim" com a cabeça e o garoto me puxa para fora da sala.
- O que... Você? - eu disse confusa, ainda olhando para trás.
- Sem tempo, por enquanto - ele diz apressado - você precisa sair daqui. Agora.
- Mas eu nem te conheço, você não...
- É, eu não mando em você, já sei disso.
Saímos da escola e vamos mais para a cidade, despistando as pessoas. Até o que o garoto para e eu também, cansados.
- Já andou de trem? - ele pergunta com as mãos nos joelhos.
- Já, moro em Nova York, não tem como nao andar. Por quê?
- Tem um chegando e vamos pegá-lo. Daqui a duas horas.
- Sou eu quem defino as horas por aqui - eu disse e parei o tempo. - Agora pode me explicar tudo.
- Mas... Você... Argh! Esqueci que você faz isso!
- Escuta aqui, cara, é melhor você falar as seguintes coisas: quem é você, de onde veio, para onde vai me levar, como sabe quem eu sou e mais uma coisa... Ninguém te deu essa intimidade!
- Calma! Desculpe, ok? Me deixa lembrar das perguntas... Ah sim! - ele disse depois de uma pausa -meu nome é Peter, vim do Acampamento Meio-Sangue, não posso contar para onde vou te levar. Sei quem você é porque praticamente todo mundo sabe sobre a Herdeira - ele pisca para mim.
- Você foi sempre assim tão...
- Bonito? Eu sei! - disse passando a mão pelo cabelo castanho.
- Não, idiota. Eu ia dizer engraçado! - rolei os olhos, mas ri por dentro.
- Muitos dizem isso - ele fala com um sorriso malacioso. - É uma das minhas qualidades.
- Eu não vou para o acampamento com você, e pronto - eu disse cruzando os braços.
Fiquei ali parada por uns dez segundos, esperando ele dizer alguma coisa.
- Ok então. Mas você ainda pode ir comigo se quiser. Porque eu sei onde é o lugar de Conquista.
- Você sabe?
- Sim, eu sei. E posso te levar no trem, de você deixar, é claro.
- Sério? Por que eu não sei se posso confiar em você.
- Se você acelerar o tempo pode ser mais rápido, sabia?
Eu odeio quando mandam em mim, mas é minha única escolha.
Fecho os olhos, respiro fundo e quando abro, o trem está ao nosso lado.- Vem - ele me puxa pelo braço.
É branco e azul, meio que um metrô na verdade. Está escrito: "Expresso Hermes".
- Essa coisa é sua? - pergunto
- Não. Essa "coisa" do meu pai - ele bate no metal e sobe as escadas. - Não gosto muito de pégasos. Sorte sua que é por conta da casa.
Entro no trem e me sento em um dos bancos. Tinha que ser um filho de Hermes para ser desse jeito, tão brincalhão e tão...
- Se segura.
- Por que? - dou ombros - É só um trem.
- Esse não é comum... Vai a quinhentos por hora.
- O que?! Tá querendo me matar, garoto? Políciaaa! - grito e aperto o sinto.
Ele vai tão rápido, que parece o Flash versão Thomas e Seus Amigos. Sinto uma vontade de vomitar, pena que não saiu nada, nem tomei café da manhã.
Sabe aqueles mini infartos? Como um frio na barriga? Só que na barriga e no joelho? Eu tive um desses agora.
Olhei para o lado, Peter estava em pé, segurando numa barra e cantarolando alguma música country.
- Como você fica tão calmo? - pergunto quase segurando o vômito.
- Costume - ele dá ombros. - Quanto anos você tem, Lydia?
- Fiz dezesseis à pouco tempo... - ponho a mão na boca por conta do enjoo - E você?
- Eu também. E aliás, gostei do seu relógio - ele segura na sua mão.
- Me devolve isso, Peter! Estava no meu bolso!
- Desculpe... Mas é bem bonito - ele me devolve o relógio.
- É muito importante para mim, como pegou ele?
- Outro dos meus talentos, ruiva...
Abaixo a cabeça e lembro do enjoo. Lembro das ameaças do meu pai, de Nico, e penso no que pode acontecer em breve.
O trem para depois de alguns minutos de viagem.
Peter sai primeiro e espera eu descer. Eu saio tropeçando em tudo, depois nas escadas eu caio de vez.
- Ei, cuidado! - Peter diz me segurando, quando eu agarro seus braços.
- E-eu acho que vou vomitar... - eu disse, fazendo-o rir ainda mais.
- Não vai, não. É só a tontura, logo passa.
Ele me solta e tento ficar de pé.
- Onde estamos? - pergunto, me recuperando.
- Devíamos estar em Manhattan - ele olha diretamente para frente.
- E que lugar é esse?
- E-eu não tenho ideia.
Ouço um barulho, pegadas fortes vindas em nossa direção. Estamos numa sala, clara, com paredes marrons e alguns móveis, mas não tenho ideia de onde é esse lugar.
- Finalmente! - diz uma voz - Minhas visitas chegaram! Só esperava mais gente...
Engulo seco, apenas de nervosismo.
- Oi... - Peter diz fingindo animação.
- Fale de uma vez o que você quer - eu disse e que fez Peter fungar.
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A Herdeira de Cronos • pjo
FanfictionImagine a filha de um titã com uma mortal. Agora a imagine nos dias de hoje. Lydia não é uma deusa, mas possui poderes de uma. Pode ter apenas 16 anos mas não se deixe enganar. O titã precisará de uma herdeira para substituí-lo e ajudá-lo a renascer...