A Herdeira de Cronos • pjo

XVII

- Onde estamos? - ouço um sussurro.

- Não tenho idéia - sussurro de volta - Nico, é você?

- Sim, sou eu... Está tudo escuro.

- Cansei desse lance de sombras - eu disse.

- Por incrível que pareça, eu também.

Depois de um silêncio, tento saber onde estou. Minha cabeça encostada em algo macio, depois o chão.

- Nico? É você?

- Lydia, você está deitada no meu ombro - ele diz rindo - E estamos no chão.

- Desculpa... - eu disse saindo de perto.

- Não! Eu... Eu não sei o que tem aqui, só consigo sentir você é o som das vozes.

- Tudo bem. Será que o Kevin está aqui?

- Ainda com essa coisa de Kevin?

- É claro, eu nem sei o nome dele.

Mas eu sei exatamente o nome dele, e o que, provavelmente, quer fazer.

***

Peter*

Eu estava esperando Lydia e Nico na porta da sela, quando alguma coisa veio por trás e me deu um soco, me fazendo gritar como uma garotinha:

- AAAHH!!

O ciclope me bateu e eu cai no chão. Depois me arrastou para fora do lugar, eu não conseguia nem reagir.

Ele me jogou na praça como se eu fosse um saco de lixo. Na minha mente eu pensei: "Eu vou voltar! Vou me vingar de você!". Mas na real eu só consegui dizer algo como: " urrgh".

Depois eu acordei ainda na praça, não conseguia ver o lugar onde eu e Lydia entramos, então fui para o acampamento, já que não podia fazer nada.

Corri o mais rápido que pude, - ainda bem que filhos de Hermes são rápidos - e cheguei no acampamento, onde parei bem ao lado do refeitório.

Caí de cara na grama.

Um garoto da minha idade parou em cima de mim, provavelmente me olhando.

- E aí, Peter? - ele disse e logo reconheci a voz do meu irmão, rindo da minha cara.

- Oi, Connor - eu disse com a voz meio abafada por causa da grama e fazendo um jesto de "legal" com a mão.

- Levanta daí, Flash. Chegou rápido, ein? Onde está a garota?

Ele me ajudou a levantar e cuspi a grama dentro da minha boca.

- Cara, - ele disse - você está péssimo.

- Eu sei... E trago más notícias.

Fomos até a casa grande, onde os representantes dos chalés e Quiron estavam em volta da mesa discutindo.

- Diga-nos o que quer agora, Peter. - diz Quiron.

Só para esclarecer: eu não sou um dos mais bem-vindos aqui. Quíron me mandou para o Texas justamente porque sou filho de Hermes e tenho umas cartas na manga. Minha primeira missão: Procurar a Herdeira.

- É a Lydia. Eu sei onde ela está, e também sei que está em perigo e precisamos ajudar. - Minha primeira missão que falhei. Eu não devia nem ligar para ela, mas agora me importo com Lydia, mais do que devia.

- Não mesmo. - diz Clarisse - Ela só trouxe mais problemas para nós.

- Escutem: o pai dela está lá, e pode até tomar conta do corpo, alma ou algo assim.

- Igual ao Luke.

Todos viram as cabeças para a voz que falou: Percy Jackson. Não queria ter que lembrar daquilo, Luke era meu irmão. Toda vez que falavam o nome dele eu tinha orgulho, mas também me sentia muito triste.

- Temos que ajudar ela - ele disse - eu vou, mas tem que nos contar onde ela está.

- Tudo bem... É um pouquinho longe - faço um espaço pequeno entre o polegar e o indicador.

- Podemos chegar a tempo? - pergunta Connor - quer dizer, ainda não preparamos nada, podemos chegar no máximo em dois dias.

Olhei para todos na mesa. Percy estava nervoso, Clarisse fungando, Annabeth olhando para um ponto fixo na mesa preocupada, murmurando alguma coisa.

- Temos que tentar. Não vou deixar esse titã tomar posse de um corpo. - diz Annabeth - não de novo.

***

Lydia*

Depois de um tempo na escuridão, ainda não consegui me acostumar. Podia acontecer qualquer coisa, à qualquer hora.

A cada dois segundos verificava o relógio de bolso, caso alguns coisa acontecesse.

- Lydia! Não respire! - gritou Nico.

- O que! Por...? - já era tarde demais, a mesma fumaça de antes preencheu a sala.

Desmaiei de novo. Mas que droga!
Estou parecendo um cosplay do Jason, mesmo não sabendo quem é esse cara.

***

Acordo em um lugar escuro - de novo - mas essa sala é familiar, parece que nem existem paredes ou algo assim.

Fico com a cabeça encostada no chão. Mais ao lado Nico está com as mãos presas em correntes.

- Vamos garoto! Não temos o dia inteiro!

Por quanto tempo eu dormi?

Nico colocava as mãos no chão, parecia cansado mas fazia o máximo que podia.

Ele estava ressuscitando os mortos?

- Você não vai... Vencer essa de novo! - ele gemia e respirava com dificuldade.

- Isso quem irá decidir sou eu! Faça logo o seu trabalho. - dizia a voz. Meus deuses, era Kevin!

- Não vai me obrigar - Nico sorria malicioso, pronto para o desafio.

- Faça ou ELA vai morrer, e você sofrer as consequências.

- Vai matar... Sua própria filha? - ele abaixou a cabeça e fungava.

Como assim filha? Kevin é meu pai? Não, espere... Ele era só uma voz...

Meu pai se chama Kevin, quer me matar ou possuir meu corpo. Que pai amoroso não é? Tá, eu já sabia que ele é Cronos, mas só precisava de uma confirmação.

- Eu engoli meus próprios filhos como se engole água. Posso fazer pior com a minha Herdeira.

Atá, sei. Eu sou a chave principal do plano dele. Ele não faria isso, faria?

Eu pensei que até os titãs amassem os filhos.

- Tudo bem. Eu faço. - disse Nico.

- Não - murmurei.

Algo começou a brotar do chão, e não foi o fantasma do grupo do WhatsApp. Era uma fumaça, logo depois um esqueleto, humano ou não, horripilante.

O esqueleto parou de se mecher, e ficou no chão. Não sei dizer se era menino ou menina, mas parecia que foi jovem quando morreu. Pois parte da carne e pele ainda estava exposta.

Dessa vez, a fumaça - sinceramente, para que tanta fumaça? - saía do corpo no chão e pairava no ar, cada vez mais e mais.

Eu só pensava: Quiquitacontecenum?

Não aguentava ver Nico daquele jeito, sofrendo. O suor escorria pela sua testa.

Se eu fechasse os olhos, podia morrer, dormir ou perder o que acontecia. Mas se deixasse-os abertos ia ver meu amigo sofrer.

Doía. E como doía.

—

Oi gente, como vcs tão?
O que acham que vai acontecer? ^-^

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Bjs