O visitante

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Ela tinha os cabelos loiros presos num frouxo coque sustentados por uma caneta, e de alguma forma não conseguia se concentrar no que estava fazendo, ria enquanto circulava e destacava algo num papel sobre minha escrivaninha, o que automaticamente fazia com que eu não me concentrasse no que estava fazendo. Estranho, por que nunca me concentrava em nada, e naquele momento ler o diário de Jaqueline antes de entregá-lo era prioridade.

—Ele é bonitão sabia?

A encarei por cima dos óculos, depositando o diário sobre minha mesa. Entrelacei os dedos, respirando vagarosamente. Não faria sentido matar uma secretaria só porque disse que um cliente era "bonitão", eu precisaria de uma forma real se não quisesse ir pra cadeia, ou ser descoberta pelo instituto médico legal.

—Eu pensei ter dito que...

—Eu sei. Me desculpe Lilian, mas não posso deixar de falar. Ele é perfeito e sério, e tem aquele jeito de quem faz sexo selvagem...

Enquanto isso, ela gesticulava os músculos e o peitoral. Tudo isso faria muito mais sentido se eu estivesse ouvindo o que ela dizia. Lexi não era muito inteligente, o que me fez pensar que o caso que ela teve com o Blake foi muito benéficos para o cargo dela na empresa. Coisa que o porteiro sabia, a tia da faxina sabia, e todo o resto de seres viventes no planeta sabia, mas que os dois, acreditavam ter sido por baixo dos panos.

Nesse exato momento alguém misericordioso bate na porta, fazendo com que a loira desse uma pausa na sua explicação para ver quem era. Ela simplesmente se levantou, se equilibrando naquele salto agulha monstruoso a passos curtos e cuidadosos, não era de se estranhar, o blazer em que estava metida parecia ter sido feito para alguém duas vezes menor que ela, os botões da camisa social branca pareciam querer saltar para fora de tão apertados. Arrumou os cabelos soltando e jogando-os para trás. Fez uma careta ao abrir a porta:

—Ah, é você Caleb?

—Parece decepcionada. Esperava mais alguém? — Caleb se esquivou da loira entrando na sala. Elegante e formal, dentro de um terno cinza bem cortado. Exibiu um sorriso alegre dando uma volta para que eu pudesse ver sua boa forma.

— Adorei o terno — Confessei. Digo isso porque Caleb tinha um péssimo gosto pra roupas, e vê-lo dentro de algo que não parecesse um terno funerário era uma surpresa pra mim.

—Eu sei. Blake me ajudou a escolher.

—Olha, eu sei que estão muito ocupados falando de ternos, então vou levar isso na sala da reunião está bem?

—Lexi, por favor... — Interveio Caleb provocativo, o que fez com que eu não segurasse o riso enquanto arrumava as coisas encima da minha mesa — Você pode não esfregar esses seus... Peitos na cara do nosso cliente? Ele parece um cara sério e não queremos ser processados por assédio sexual.

—Muito engraçado, Caleb. Estou morrendo de rir, morrendo. Tchauzinho.

—E pela porta saiu desfilando — Caleb se fez de locutor: — Ela está cada vez melhor nisso.

—Eu sei. Nosso cliente já chegou?

—Na sala de reuniões, vim buscar você. O que houve com o vestido azul que eu te dei. Pensei que viesse com ele?

Reparei em mim mesma. Podia dizer que me sentia mais confortável dentro do meu discreto terninho escuro de linho com risco de giz, afinal ele não era tão ruim assim. Me deixava com cara de séria e responsável, eu só precisava ficar de boca calada e ninguém descobriria a verdade. Ajeitei os cabelos num longo e alto "rabo-de-cavalo".

—Blake derramou suco de tomate nele.

—Tudo bem. Vamos indo.

—Gostou da minha roupa? — perguntei enquanto ele me empurrava para fora da sala, como sempre apressado e pontual.

—Te deixa meio magrela e com cara de anêmica, suas sardas tão aparecendo. Devia pedir ao Blake pra te ajudar a escolher, é sério.

Eu não devia entrar na sala de reuniões sozinha, e por aquele motivo estava inconformada. Caleb me empurrara o hall inteiro dizendo que estávamos atrasados para no elevador dizer: "esqueci a caneta". Por favor, quem precisa de uma caneta num terno minha gente? Era só um terno! Eu podia dizer que estava nervosa, mas não tinha certeza, já que normalmente eu teria vomitado. Batia freneticamente o escarpin próximo à sala de reuniões, esperando ser anunciada.

—Pode entrar Senhorita. — Fui anunciada por Sara, uma secretária loira e bonitona, que às vezes se pegava com o segurança na área de correspondência.

Me aproximei da porta, parecendo o mais confiante possível, pensei em exibir um daqueles sorrisos falsos que Lexi fazia quando queria receber um aumento, mas para dizer a verdade achei melhor não, aquele sorriso podia ser interpretado de varias maneiras e não queria ser processada – Como diz o Caleb – Pelo nosso cliente por assédio sexual.

Ao entrar fui recebida com cordialidade, Blake e o nosso visitante se levantaram pela minha chegada. Alguma coisa me dizia que devia ter prestado atenção no que Lexi explicava há alguns minutos atrás, não pensei que o impacto fosse tão grande, devia ter me prevenido. Sério e misterioso nosso cliente me avaliou de cima a baixo, e uma onda de calafrios percorreu pelo meu corpo. Seus olhos eram serenos e obscuros, e a pele tão alva quanto à neve, os lábios entreabertos me recepcionaram com um sorriso provocante, pareceu perceber o efeito colateral que me provocava, já que naquele exato momento eu estava parada frente aos dois sem nenhuma reação, simplesmente meditando sobre como ele era o tipo de homem que exalava sexo por todos os poros do seu corpo, esse num excelente e admirável estado. Alto e magro exibia poucos músculos sobre o terno de corte fino, os cabelos desalinhados e negros servia como uma moldura ao rosto diabolicamente sexy.

—Sou Isaac Thorn. É um prazer conhecê-la.






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