Eu era uma publicitária. O que eu fazia? Convencia pessoas a quererem algo que sabem que não precisam, e naquele momento, o que eu precisava era convencer Isaac Thorn a me liberar para ir até Ohio. Luke tinha algo que eu queria, não podia mais contar com a recuperação de Kian para salvar minha vida.
A noite estava fria e pouco movimentada, os alunos da instituição se espalhavam por todo o grande jardim iluminado, exibindo seus olhos vermelhos e intimidadores. Algumas crianças me fitavam curiosas, e quando podiam tocavam em mim, como se esperassem que eu desaparecesse.
— Estou me sentindo uma celebridade — Sorri para o vampiro sentado a uma fonte de águas paradas, próximo a um jardim de rosas vermelhas. Ele simplesmente me ignorou. Não que eu esperasse algo diferente, a sensação de ser vulnerável em sua presença me arrepiava dos pés a cabeça: — Eu soube que deixou o Luke livre.
— E ele mesmo contou a você, eu suponho — Isaac me olhou de maneira sombria e inebriante.
— É, ele... — Encarei meus pés inquietos: — Ele me contou. Eu não devia saber?
— Não achei que se dessem tão bem. Algumas pessoas tem a tendência de se afastar de psicopatas assassinos.
— Ele sabe muito sobre a maldição — Me sentei ao seu lado. O vento gelado e frio soprava em meu rosto, eu me encolhi involuntariamente: — Eu gostaria de saber qual a minha condição aqui dentro.
— Quer saber se é uma prisioneira? — O modo como ele disse aquilo me pareceu exagerado, eu não os estava acusando de me manter dentro daqueles muros, até onde eu sabia não podia ir para casa, e Ohio – definitivamente – não era a minha casa.
— Não é isso. Eu só...
— Os portões estão abertos, pode ir aonde quiser — O modo grosseiro e rude com que me disse aquilo me fez querer levantar e sair.
—Eu não tenho pra onde ir.
—Então fique... — Se virou para mim, seus olhos me encararam esperançosos. Eram profundos e misteriosos, como se guardasse alguma coisa, algum segredo. Pensei pouco sobre Isaac Thorn, talvez o modo reservado e recatado como agia não me despertasse tanta curiosidade, mas naquele momento me lembrei de uma possibilidade que eu havia deixado passar despercebida.
— Foi você quem me salvou — Afirmei: — No primeiro acidente. Porque nunca me contou?
—É o que quer que eu diga, não é?
— Quero que diga a verdade. Lamento o modo como fui rude quando nos conhecemos, e se o que eu suspeito for verdade, agradeço por ter me seguido naquele dia.
—E se eu disser que não? — Disse de maneira suspeita, sua voz transbordava ironia. O que ele pretendia me confundindo daquela maneira?
—Eu ainda vou agradecer.
—Assusto você, não é mesmo? Sua pressão sobe, e eu posso ouvir seu coração bombear rapidamente. É como se todos os sentidos do seu corpo dissessem que corre perigo.
Ele estava certo, e o modo como conseguiu me interpretar me fez duvidar que ele não lia a minha mente, mas em todo o caso, ele era um vampiro, não precisava de algo assim para saber o pavor despertava em mim:
— Não é verdade.
—Quero que seja honesta, Lilian — Se levantou. Se posicionando a minha frente me encarou de cima, me fazendo sentir alguém inferior: — Está presa ao Kian pelo frenesi?
Frenesi? Já ouvi algo a respeito, mas de todas as maneiras me parecia algo metafórico, algo sentimentalista que poderia ocorrer com qualquer um, mas o modo sério como Isaac disse aquilo, não me parecia uma boa coisa.
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A Desolação Do Vampiro
RandomVladislau segundo, casado com Jaqueline Cher em plena guerra dos confederados, não imaginou do que seria capaz ao ver seu grande amor sucumbir a gripe espanhola. Em um desespero para salvar-lhe a vida oferece sua alma ao demônio não sabendo das cons...