Alvorecer

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A tarde se despediu me apertando o peito, até o anoitecer não vi mais ninguém, exceto Freya que entrando no quarto sem nenhuma cerimônia deixara algumas sacolas de roupas e partira. Depois do banho me dirigi até a janela, onde grandes tochas eram acessas no meio do jardim, carros e mais carros entravam e saiam, e alguns rostos novos surgiam no ambiente, estranhos e ao mesmo tempo complexos. Alguns vampiros se recolhiam para dentro e uma grande algazarra típica de adolescentes encheu os corredores. O gramado era tomado agora por pessoas de caras carrancudas e de jaquetas de couro, pircings e tatuagens. Algumas me notavam e faziam algum tipo de comentário, tentei parecer indiferente a tudo aquilo, com certeza me comparavam a Jaqueline. Em meu campo de visão passeando próximo a um grande portão surgiram eles, Kian e Emily, quem os via não teria outra conclusão a não ser achar que eram um casal. Eu poderia simplesmente ignorar, ou nem mesmo isso, pois afinal de contas só ignora quem se importa, não é mesmo? Com tudo eu não conseguia para de olhar pra ele, e como o seu rosto parecia atrair a atenção de todos que olhassem pra ele.

—Melhor parar de encarar. Ele não gosta que o olhem assim — Freya surgiu ao meu lado como um vulto rápido. Procurei apoio no parapeito da janela.

—E existe um jeito certo de olhar pra ele? — Perguntei não tirando os olhos do casal.

—Você teve se primeiro frenesi, vai passar logo. É como se você visse algo perfeito e procurasse explicação do porque ser assim. Nós vampiros nos recuperamos mais rápido, mas até mesmo eu demorei pra me acostumar com ele.

—São um casal?

—Impossível. Emily é um tipo raro de vampiro.

— O quer dizer? — Me voltei curiosa.

—O que acha que somos Lilian? — Sacou uma carteira de cigarros de dentro do bolso da jaqueta de couro: — Uma organização, uma ceita?

— Eu não sei.

— Somos uma sociedade — Explicou, liberando uma densa nuvem de fumaça entre os dentes: — A maioria de nós fomos criados por acidente e deixados pra morrer pelos nossos criadores, resistir à transformação é quase um milagre, nem todos sobrevivem. Emily não, ela foi transformada por vampiros da corte, os de sangue puro. Pessoas transformadas por sub-Originais podem herdar habilidades únicas.

— E quanto a ele? — Apontem para Kian.

— Emily pode ver o próprio futuro. Por isso andam tão juntos, se ele estiver no futuro dela, então significa que ele terá um. Foi uma exigência de Phoebe, por causa do Vlad. Estão tentando descobrir se ele é um sub-original, criado por Vlad.

— E se ele for? — Fitei o rosto pálido impassível.

— Deverá ser mandado para a corte de vampiros na França, e viver entre os de sangue puro. Se alguém for transformado por ele a chance de sobrevivência é quase nula, mas se viver terá habilidades tão boas quanto às de Emily. Está confusa?

—Mais ou menos. Quando vão interrogar o lobisomem?

—Vai ser logo depois da meia noite. Gostou das roupas? Eu mesmo que escolhi, achei que ficariam bem em você.

Não eram nada mal, a regata preta havia combinado com a jaqueta de couro marrom, e a calça jeans? Bem, ela me caiu como uma luva. Até parecia que tinha consultado o Blake. Sorri tentando disfarçar o nervosismo, estava com medo, com medo de que aquilo que Luke revelasse fosse me afastar de vez de casa. Eu não estava preparada.

—Ficaram ótimas — Olhei para ela chamando sua atenção: — Acha que elas poderiam me diferenciar de Jaqueline?

—Porque diz isso?

A Desolação Do VampiroOnde histórias criam vida. Descubra agora