Sentença

28 1 0
                                    

Tudo parecia se mover tão lentamente, e eu não conseguia assimilar as coisas, reagir de alguma forma. Quem era ele agora? E no que se transformou? As pessoas corriam para socorrer a vampira caída.

Emily foi carregada pelos braços de Mikael que a levou para dentro, apressado. Meus olhos permaneciam estáticos na cena fixa em minha mente, pensar que ele não teria atacado Emily se eu não o tivesse alimentado estava acabando comigo, e pela primeira vez desde que eu me afundei naquele mundo louco, pude sentir algo molhar minhas bochechas.

Toquei a lágrima surpresa. Isaac me pegou pelos ombros, me arrastando para dentro. Ele dizia coisas das quais eu não conseguia entender, todos os sons e ruídos haviam se transformado em um grande e confuso eco.

Luke havia voltado a sua forma humana, e se sustentava em algumas paredes aqui e ali, até que por fim alguns vampiros o ajudaram a caminhar, provavelmente havia quebrado algumas costelas, mas de toda forma, enquanto eu voltava meus olhos para trás ele esboçou um sorriso. Alguma coisa me dizia que ele sempre quis fazer aquilo.

E quanto ao Kian, porque ninguém o ajudava? Ele estava ferido, e precisava ser socorrido. Ele estava jogado pelos escombros, e algumas pessoas pareciam estar vacilantes ao se aproximarem, amedrontadas.

— O que vai acontecer como ele? — Olhei para Isaac de forma preocupada, e ele continuava a me arrastar para dentro. Suas feições endurecidas me causaram um terrível e quase palpável frio na espinha: — O que vai acontecer com ele droga?!

—Nada que seja da sua conta, agora entre — Freya parecia estar a minha espera próxima à entrada, e com o olhar Isaac pediu que me conduzisse. Me agarrei à camisa de Isaac:

—Eu preciso saber, por favor...

—Leve ela daqui.

— Isaac!

Freya puxou-me pelo braço, seus dedos finos e nodosos pressionavam minha pele de forma grosseira. Tentei me desfazer das suas mãos que se fechavam sobre meu pulso, e ela simplesmente fez menção de torcê-lo caso eu tentasse me soltar.

Eu tive medo de que Vlad finalmente houvesse conseguido retornar, mas não era comigo que eu estava preocupada. E quanto a Emily? Kian a machucou! Minha estupidez de pensar que ele nunca a machucaria me fez perceber que eu não era nada, e nem ninguém, que eu era o mínimo, e que ele não hesitaria em me ferir.

Ao chegar próximo ao quarto no segundo andar, eu me apressei. Talvez pudesse ver o que aconteceria lá de cima:

— Pode me soltar agora. — Olhei para as mãos de Freya, e ela balançou a cabeça positivamente, o que me pareceu à contra gosto, mas me deixou ir. Afastei as cortinas e tentei focar o movimento do lado de fora, porém não havia nada, a pouca luz não me permitia saber o que estava acontecendo. Os vampiros começavam a se dispersar, e uma frota de carros a sair da propriedade.

A porta se abriu e eu fiquei feliz em ver um rosto tão conhecido, corri para abraçá-la. Freya tinha feições endurecidas, a abracei forte fechando os olhos, eu não queria chorar, não queria me mostrar uma mulher frágil, mas eu não conseguia, e novamente fui surpreendida pelas lágrimas que escorriam por minha face. Eu estava tão assustada:

—Você o alimentou — Me desfiz do abraço imediatamente. Não podia negar, e talvez naquela altura do campeonato todos já soubessem.

— O que vão fazer com ele? Não podem matá-lo não é? Phoebe não está aqui, e não podem fazer nada sem o consentimento dela.

— Ele não pode morrer Lilian... — Me pareceu decepcionada: — Mas em consideração todo nós podemos. O que foi que você fez?

—Eu não sei... — Passei as mãos pelos cabelos lhe virando as costas. Fui tomada por uma coragem talvez absurda, algo que eu não me permitia o há tempos — Eu preciso dele! É isso, não podem afastá-lo de mim...

A Desolação Do VampiroOnde histórias criam vida. Descubra agora