Era quente, pouco iluminado e vazio. E mesmo que eu buscasse encontrar algo com que me familiarizasse certamente não haveria nada. Os móveis eram escuros e antigos, e as cortinas pesadas bloqueavam qualquer raio de sol, qualquer brisa que tentasse sorrateiramente entrar no ambiente. Continuei parada, deitada sobre a cama olhando o teto, branco e assim como o quarto, também vazio. Eu estava perdida entre cobertores e almofadas. Levei meus pés ao chão, e logo senti falta das minhas roupas, para minha surpresa estava completamente nua.
Droga, onde estavam minhas roupas? Vasculhei debaixo da cama e entre os cobertores. Devia estar em algum lugar:
—Está procurando aquela coisa sem graça e molhada?
Voltei-me assustada para a mulher a minha frente, usando um lençol para me cobrir. Sinceramente pensei em comprar algum tipo de alarme, desses modernos que avisam qualquer tipo de aproximação, estava precisando.
Ela estava encostada ao batente da porta, me fitando de modo entediado, brincando com uma trança única dos seus cabelos de cor âmbar, que descia até um pouco acima dos seios.
Apontei para cama e busquei palavras para dizer "Hei! estou nua!". Não importava se estavam molhadas, eram as únicas que eu tinha!
—Acho que essas aqui vão servir — Me lançou algumas peças de roupa que eu agarrei prontamente: — Mas pode, por favor, tomar cuidado? Ganhei num show do Jim Morrison e está autografada, vai ser difícil conseguir outra dessas já que ele morreu há 43 anos. Então, toma muito cuidado.
Olhei para a blusa larga e branca que trazia impressa o rosto em preto e branco de um homem, e alguns rabiscos de uma assinatura. Era um pouco absurdo pensar que alguém que não aparentava nem mesmo ter 25 anos ter ido num show há tanto tempo. O short jeans curto desfiado nas pontas me assustou um pouco, eu ia parecer uma adolescente rebelde e bêbada.
—Tudo bem — Concordei balançando a cabeça positivamente, esperando que ela saísse do quarto. Ela demorou um pouco pra perceber, mas acho que entendeu o recado enigmático que meus lábios retorcidos transmitiram a ela.
— A propósito, me chamo Freya — Saiu fechando a porta atrás dela. Freya, o que significava? Não que tivesse que significar alguma coisa, mas era um nome bem singelo para alguém que parecia ter poucos amigos, de cara carrancuda e que aparentemente tinha uma personalidade violenta.
Olhei-me no espelho, esse se posicionava ao lado da cabeceira da cama, de adornos de metal, amarelado e gastos. Lembrei-me do Blake, e em como ele diria o quanto estava magra e que aquela camisa que cobria até um pouco abaixo da minha cintura me deixava mais alta. Eu estava horrível. Olhei para as costas das minhas mãos, pálidas e apagadas. Enquanto dava um nó frouxo no cabelo percebi o quanto Caleb estava certo, minhas sardas estavam aparecendo. Precisava ir pra casa.
Abaixei a gola da camisa sobre o ombro, o ferimento havia desaparecido, não havia mais nada, nem uma cicatriz ou marca do que tinha acontecido no dia anterior, como se aquela cena de terror nunca tivesse acontecido. Caminhei até a janela afastando as cortinas para que o sol inundasse o ambiente de forma vigorosa e aquecesse meus pés descalços.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Desolação Do Vampiro
RandomVladislau segundo, casado com Jaqueline Cher em plena guerra dos confederados, não imaginou do que seria capaz ao ver seu grande amor sucumbir a gripe espanhola. Em um desespero para salvar-lhe a vida oferece sua alma ao demônio não sabendo das cons...