2 Chamadas perdidas, Pai
Arregalo os olhos. O que ele quer? Me enlouquecer? Quando estou prestes a desligar o aparelho, ele começa a tocar. Me sobressalto com o susto. É ele! Fico encarando o celular gritar em minha mão sem saber o que fazer. Meu pai nunca me ligou. Só mandava mensagens, que acho nem era ele quem escrevia.
- Não vai atender? - Diz o V me acordando do transe. Engulo em seco, preciso resolver isso logo! Aperto no verde.
- Alô? - Digo o mais ríspida possível.
- Filha? - Diz uma voz grossa do outro lado da linha me fazendo gelar. - Filha? - Repete.
- O que você quer? - Digo tentado deixar a minha voz firme.
- Por que não aceitou o dinheiro do seguro? - Direto como sempre. Bufo.
- Estou bem, obrigada. Não, não me machuquei sério, valeu por perguntar. - Digo irônica. O ouço suspirar.
- Está tudo bem? - Diz suavizando a voz.
- Não graças a você. - Ele dá uma risada. - Vejo que puxou o gênio forte da Roberta, muito bom. - Congelo. Não acredito que esse homem falou no nome da minha mãe nesse tom zombeiro. Trinco os dentes, com a raiva fervendo dentro de mim.
- Escuta aqui, você não toque no nome da minha mãe! E está pensando o quê? Que é só aparecer do nada e me dar dinheiro que tudo que você fez será apagado em um estalar de dedos? Pensou errado! Eu NUNCA vou te perdoar pelo que fez! - A linha fica muda, só ouço sua respiração.
- Ahh, lembrou, né? Não vai se defender? Não vai mentir outra vez?
- E-eu não sabia que ela estava com câncer! Eu estava viajando a trabalho! - Diz com a voz alterada.
- Que falta de criatividade. Não sabia?! - Dou uma risada irônica. - Eu te mandei milhares de mensagens, te liguei igual a uma maluca! E você me respondeu? Me ligou de volta?
- Mas depois eu voltei! Estou aqui agora e... - Tenta falar mas eu o interrompido.
- Agora é tarde! E que tipo de pai vai viajar a trabalho durante TRÊS anos, sem se preocupar com as pessoas que mais o amavam? Que tipo de homem faria isso? Que tipo de ser humano faria isso? - Digo com minha voz embargada por conta do choro que tento engolir. A linha fica muda mais uma vez.
- Que foi? Se sente culpado por abandonar sua mulher à beira da morte, e sua filha adolescente sozinhas? Tem ideia o quanto eu chamei o seu nome? Sabe, eu era boba, ficava te esperado chegar. Dormia olhando para a janela fantasiado a sua volta. - Solto uma risada triste. - Nossa, eu realmente era idiota. - Não consigo mais controlar as lágrimas, e elas caiem livres pelo o meu rosto. O V me olha alarmado. Viro de costas.
- Sabe o quanto foi difícil suportar a dor... sem um pai do lado para me confortar? Já pensou nisso alguma vez? - Sinto o gosto salgado na minha boca.
- Filha, e-eu sinto muito. S-se eu pudesse voltar atrás...
- Me poupe das suas desculpas, não quero ouvir... Mas pensando bem, vou aceitar o seu dinheiro. Não vou deixar mais você me destruir. Vou comprar uma nova casa e viver feliz a suas custas... está bom pra você...? - Minha voz falha. - Amenizou um pouco a sua culpa?
- Se é o que você quer. - Balanço a cabeça. Como ele pode ser tão frio?
- Não, é o que você quer. Não precisa mais fingir que se preocupa, que se importa. O teatro acabou, tire a sua máscara. Já cresci, já sei me cuidar. Não preciso mais de um pai igual a você. - Digo entre dentes. - Não. me. ligue. mais... pois não vou atender. - Desligo e deixo o celular cair na cama. Levo as mãos ao rosto sentindo as lágrimas cairem com mais intensidade. Sento no colchão e abaixo a cabeça. Sinto alguém me abraçar. Levanto o olhar e o V está do meu lado com os braços em volta de mim, tentando me confortar.
- Está tudo bem? Quem era? O que aconteceu? - Olho para ele confusa. Ele não ouviu? Ah, é... Ele não entende português. Balanço a cabeça, limpando as lágrimas.
- Nada. Não era ninguém. - Digo com a voz entre cortada. O V me olha preocupado.
- Mentirosa, pode falar para mim, vou fazer o impossível para te ajudar. - Diz me apertando mais forte. Levanto da cama, me libertando de seus braços.
- Por que você se importa?! - Digo com minha voz embargada. - Não é da sua conta. - Uma lágrima escorre pelo meu rosto. Viro de costas a limpando rapidamente, mas outras caiem. Não quero que ele me veja assim. O sinto chegar mais perto. Ele me vira, fazendo eu ficar frente a frente com ele. Encaro seus olhos castanho-escuros preocupados. Pousa uma das mãos no meu rosto e passa o polegar devagar pela minha bochecha.
- Por que eu me importo? - Ele diz com a voz baixa, chegando ainda mais perto. Seu corpo está quase colado no meu agora. Coloca sua outra mão no outro lado do meu rosto. - Você não faria essa pergunta se soubesse o quanto... eu estou apaixonado por você. - Ofego pela surpresa, minha boca faz um perfeito "o".
- V-você o quê? - Ele dá aquele seu sorriso quadrado que sempre mexe tanto comigo, mas logo me olha sério. - Nunca mais pense... que eu não me importo com você. Você... é a única que consegue me deixar apaixonado e maluco ao mesmo tempo. A única que não sai da minha cabeça. A garota que me fez um masoquista, que gosta de tomar fora. - Sorri de lado. Eu não estou acreditando no que ele está dizendo. Não sei se rio ou se choro ainda mais.
Ele aproxima seu rosto do meu. Fecho os olhos esperando sua boca contra a minha, mas sinto ele me dar um beijo doce na minha testa. Olho para ele.
- M-mas eu sei que você não gosta de mim como eu gosto de você. Não vou te perturbar mais com minhas bobagens. - Diz meio sem jeito dando um sorriso triste. O quê? Ele começa a se afastar de mim e ir em direção a porta. Não consigo mais fingir, não quero mais fingir. Já estou cansada de lutar contra o que eu sinto. Já estou cansada de tudo. Seguro a sua mão, fazendo-o parar. Ele olha para mim.
- Você não disse que não ia desistir de mim? - Ele me encara confuso, o encaro de volta. - Eu quero ser a sua amiga V. - Ele parece entender. Solta a minha mão dando um passo para trás.
- Ah claro, minha amiga. - Diz olhando para o chão triste. Não, ele não entendeu. Sorrio, balançando a cabeça. Que coreano burro. Vou até ele e passo os braços em volta do seu pescoço.
- Você não entendeu, quero ser a sua amiga V... Quero ser a amiga que memoriza cada centímetro do seu rosto com os lábios. - Digo fazendo igual a ele, traçando uma linha de beijos da sua bochecha até seu queixo. O ouço suspirar. - Que anda segurando sua mão. - Deslizo minhas mãos até as dele apertando forte. - E que... te rouba um beijo quando ninguém está olhando. - Digo subindo as mãos até sua camisa o puxando e selando sua boca na minha. - Quero ser esse tipo de amiga. - Um sorriso se abre devagar pelo seu rosto.
- Você se lembra do que eu disse? - Sorrio de volta.
- Cada palavra. - Seu sorriso se alarga mais. Roço meus lábios nos seus. Sinto ele ofegar e apertar a minha cintura contra a dele.
- Também estou apaixonada por você V. - Sussuro no seu ouvido.
- Você não imagina o quanto esperei para que falasse isso.Oiie lindas <3
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Talvez eu demore um pouco para postar, mas não muito mega kissuuus :3
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Atropelada pelo Amor (BTS, Kim Taehyung)
FanfictionRay sofreu muito pela perda de sua mãe e teve desde nova se virar sozinha com o que tinha. Por conta disso se tornou uma garota de personalidade forte e alheia a romances e a garotos. Até que depois de acordar atrasada por conta do horário de verão...