Dentro do carro eu não parava de pensar em como essa história está estranha. Eu nunca na minha vida fiz seguro, não faço nem ideia de como isso funciona. Então como eu posso ter um?
Chegamos no lugar do endereço. E um prédio branco enorme está bem na nossa frente. Sério mesmo que esse arranha céu é uma agência de seguros? Nossa... acho que vou trabalhar aqui.
- Uaau, será que eles tem quartos para alugar? - Diz o Tinho.
- É bem possível. - Digo ainda olhando o grande prédio boquiaberta. - Vamos. - Entramos na agência e ficamos lá parados, olhando em volta no meio do saguão, observando as pessoas andando para lá e para cá, sem saber para onde devemos ir exatamente.
- Tem certeza que nos trouxe ao lugar certo?
- Claro, esse é o endereço. Pergunta para alguma dessas mulheres de uniforme, elas devem saber onde é. - Diz o Tinho no meu ouvido.
- Por que você não pergunta?
- Por que não foi a minha casa que foi pro beleleu - Lhe lanço um olhar mortal.
- Opa, foi mal. - Diz coçando a cabeça. Suspiro.
- Com licença moça. - Digo abordando uma senhora loira de uniforme azul que estava passando. - Eu estou procurando...
- Qual é o seu nome? - Me interrompe.
- Raissa. - Digo desconfianda. Ela abre um sorriso.
- Ahh Raissa, o Sr. Daniel está a sua espera. Por aqui, me sigam. - Eu e o Tinho trocamos olharem. Isso está cada vez mais estranho. Essa mulher me conhece? Entramos no elevador e subimos quinze andares. Seguimos a moça até uma sala com paredes de vidro, e lá dentro vemos um homem mexendo no computador com a expressão séria. Ela dá umas batidinhas leves na porta e a abre.
- Com licença Sr. Daniel, a Raissa está aqui.
- Deixe- a entrar. - Entro na sala meio hesitante, ao contrário do Tinho que entra como se fosse o Will Smith de Um Maluco no Pedaço.
- Sentem- se por favor. Fiquem a vontade. - Diz o Daniel com um sorriso, fazendo gesto para as duas cadeiras a sua frente. O Tinho dá de ombros, se senta em um das cadeiras e coloca os pés encima da mesa do Daniel, apoiando os braços na cabeça. Dou um tapa na minha testa. Esse garoto só pode ser doente.
- Se ajeita idiota, aqui não é a sua casa! - Digo tentando me controlar para não dar na cara dele.
- Ele pediu para a gente ficar a vontade. Não foi Rafael?
- É Daniel. - Diz dando um sorriso desconfortável e eu estou com o rosto queimando de vergonha.
- Desculpe senhor, ele tem problemas mentais, saiu do hospício faz pouco tempo e ainda não se acostumou com as pessoas normais. Eu não devia ter trazido ele, sinto muito mesmo.
- Eeei, eu não tenho problemas mentais! - Diz em protesto. Me abaixo e sussurro em seu ouvido.
- Mas vai ter se não tirar esses pés fedorentos dessa maldita mesa e se comportar como um ser humano normal e comportado. - Ele engole em seco e abaixa os pés na hora, se sentando direito.
- Desculpe mais uma vez senhor.
- Tudo bem, tudo bem. - Olhando melhor esse homem, ele me parece familiar. Ele usa um terno perfeitamente passado, seu cabelo castanho está penteado para trás, seus olhos são verde escuro e ele parece não ter mais que trinta anos.
- Bem, para começar eu não entendo nada de como funciona um seguro, então se o senhor puder me explicar... - Digo sentando na outra cadeira.
- Quanto a isso você não precisa se preocupar, já está tudo resolvido. O dinheiro já está depositado na conta da sua mãe. Você só precisa assinar aqui - Diz me passando um papel e uma caneta. Congelo. Como ele sabe da conta da minha mãe? Quando morreu, minha mãe deixou como herança sua conta de banco e é assim que eu venho me sustentando até agora, já que para arrumar emprego não está nada fácil, ainda mais para uma estudante sem experiência como eu. Pego o documento e começo a ler com atenção. Quase me engasgo quando vejo a quantia do seguro.
- Humm, Sr. Daniel? Acho que a quantia está errada. - Digo lhe entregando a folha. Ele faz cara de confuso e confere.
- Não há nada errado, esse é o valor total. - Diz me entregando novamente. Olho para ele em choque, piscando várias vezes.
- Deixa eu ver. - Diz o Tinho pegando o documento das minhas mãos. - Caraca! 300 mil contos? Acho que eu vou botar fogo na minha também. - O encaro e arranco o papel de suas mãos. Pego a caneta e assino na linha pontilhada mesmo sentindo que há alguma coisa errada, mas o que que eu posso fazer? É minha única saída. O BTS não vai ficar no Brasil para sempre e o dinheiro da minha mãe não vai dar para pagar outra casa. Devolvo o papel ao Daniel que o guarda na gaveta de sua mesa. Ele volta para mim, apóia o rosto nas mãos e começa a me encarar. Isso já está me deixando constagida.
- Humm, por que o senhor está me olhando desse jeito?
- Ah, desculpe e que... é incrível como você cresceu. - Arregalo os olhos. A coisa acabou de ficar ainda mais estranha.
- C-como assim?
- A ultima vez que eu te vi você tinha onze anos, uma menina, agora você já é uma mulher. - Desde quando o assunto sobre seguro passou a ser conversa de tio?
- O senhor me conhece?
- Claro! Você é a filha do meu melhor amigo e cliente. - Meu estômago afunda. Sabia que havia alguma coisa errada, sabia que estava bom demais, sabia que conhecia esse homem de algum lugar.
- E foi o meu... o meu pai que pagou...
- Sim, claro, todo mês. - Diz com um sorriso. E claro que foi ele, quem mais poderia ser? Como sou burra. Levanto de supetão, fazendo a cadeira cair no chão com um baque alto.
- Levanta Tinho. - Digo de cabeça baixa.
- Ray...? - Diz já de pé. Respiro fundo, bem devagar tentando controlar a raiva. Ergo a cabeça.
- Diz para esse homem que eu não quero porcaria nenhuma dele, que não preciso de seus favores e que pode enfia- los onde bem quiser! - Digo dando um soco na mesa fazendo o Daniel pular de susto e saio pisando duro.✴...ஜ 웃 ஜ...✴
Na viagem toda de volta, pela primeira vez na vida o Tinho não disse nenhuma palavra, ele sabe como eu fico quando o meu pai está envolvido. Paramos na porta do hotel.
- Você está bem? - Diz se aproximando de mim devagar. Forço um sorriso.
- Acho que assustei o homem. - Ele sorri.
- E me assustou também, você é de dar medo garota. - Diz me abraçando. - Fica bem tá bom? Se precisar de algum conselho... Ligue para a Jheny por que não sou muito bom em falar desse negócio de sentimento. Mas se precisar de um palhaço me chame okay? - Sorrio.
- Obrigada Tinho. - Ele entra no carro e acena antes de sumir de vista.
Entro no quarto e me jogo na minha cama. O dinheiro do seguro era a minha única saída. O que eu vou fazer agora? Suspiro e fecho os olhos. Ouço a porta do banheiro se abrindo. Sento na cama. O V sai do banheiro mexendo os cabelos molhados. Ele olha para mim e para. Está com uma calça de moletom cinza e uma blusa sem manga. Mordo o lábio inferior. Droga.
- O que você está fazendo aqui? - Digo desviando o olhar.
- Bem, eu durmo aqui. - Olho para ele de novo.
- Eu sei, mas você não foi praticar para o show junto com os outros?
- Estava com dor de cabeça, resolvi ficar.
- Hum. - Ele passa por mim e o cheiro de homem que acabou de tomar banho invade meu nariz. Duas vezes droga! Ele vai até sua cama e se senta olhando para mim.
- Ray, nós realmente precisamos conversar.
- Eu não quero ouvir. - Me levanto indo em direção a porta. Preciso de ar. Sinto ele me segurar pelo braço e me girar ficando cara a cara comigo.
- Por quanto tempo mais você vai ficar fugindo? - Diz me encarando sério.
- Eu não estou fugindo. - Digo tentando me soltar.
- Então sobre aquele dia eu... nós...
- Você não precisa falar nada. Aquilo... aquilo foi um erro. - Ele me encara com o olhar magoado e suaviza o aperto.
- Então nosso beijo foi um erro para você? Pois para mim foi a coisa mais certa que já fiz. - Mordo o lábio inferior com mais força.
- O que você quer que eu diga?! Que estou apaixonada por você? Que te amo e quero ficar com você para sempre?!
- É exatamente isso que eu quero ouvir. - Diz me prendendo contra a porta, colando seu corpo no meu. Ofego. Uso toda a minha força interior para me controlar.
- Mas não vou! Além do mais você não disse que queria ser só o meu amigo? - Ele sorri.
- E Quero. - Diz aproximando seu rosto do meu. Me espremo ainda mais contra a porta. - Quero ser o amigo que memoriza cada centímetro do seu rosto com os lábios. - Diz traçando uma linha de beijos da minha bochecha até meu queixo. - Que anda segurando sua mão. - Ele desliza suas mãos até as minhas. - Que te rouba um beijo quando ninguém está olhando. - Diz beijando o canto da minha boca. - Resisto ao impulso de puxa- lo ainda mão contra mim, preciso me controlar. - Eu quero ser esse tipo de amigo. - Diz com sua voz rouca no meu ouvido me fazendo arrepiar.
- M-m-mas eu não quero esse tipo de amigo. - Digo virando o rosto.
- Não vou desistir. - Consigo finalmente me soltar dele e saio batendo a porta atrás de mim.Uoou, V dando o que falar rsrs Se gostaram vote e comente!
Mega beijooos e até o próximo cap s2
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Atropelada pelo Amor (BTS, Kim Taehyung)
FanfictionRay sofreu muito pela perda de sua mãe e teve desde nova se virar sozinha com o que tinha. Por conta disso se tornou uma garota de personalidade forte e alheia a romances e a garotos. Até que depois de acordar atrasada por conta do horário de verão...