"Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento." - Lucas 5:35
Era quarta-feira, já passavam das dez da noite, quando minha campainha tocou. Eu estava comendo um macarrão instantâneo, daqueles de copo, quando caminhei até a porta e a abri. Ao ver a berrona mal-educada parada do outro lado, encostei-me ao batente da porta e esperei para ver o que ela ia dizer.
- Oi! - Ela me cumprimentou simplesmente. Parecia um tanto quanto envergonhada.
- Olá! - Respondi.
- Eu... Bom... Acho que começamos com o pé esquerdo naquele outro dia. - Ela finalmente disse, após gaguejar um pouco.
Seu nervosismo era nítido, já que não parava de mexer nas chaves em sua mão e seus olhos iam de mim para o chão repetidas vezes.
- Eu nem tive tempo de me apresentar. - Ela me olhou e deu um pequeno sorriso e estendeu a mão. - Eu sou Aurora Letícia.
- Olá Aurora, eu sou o Miguel. - Respondi estendendo a mão e a cumprimentando rapidamente.
- Hummm... Pode me chamar de Letícia.
Fiquei alguns instantes a olhando. Ela não parecia com Letícia, mas sim com Aurora. Preferi não dizer isso.
- Apresentações feitas. Vai me pedir desculpas pelas grosserias daquele dia, também? - Perguntei provocando-a.
- Você me chama de gorda e baixinha e eu que preciso me desculpar? - Ela responde com um tom de voz ácido.
Não pude conter um sorriso. Vê-la irritada era divertido.
- Só para você saber... - Ela começou a falar e levantou o queixo em claro sinal de desafio. - Eu calculei meu índice de massa corporal e estou dentro do considerado ideal.
- Mas isso ainda não quer dizer que você tenha genes para ser modelo. - Rebati imediatamente.
Ela se irritou e bufou.
- Eu te diria exatamente o que estou pensando a seu respeito, mas nesse momento tenho uma suspeita de que você está se divertindo com a minha irritação.
Gargalhei.
- Sem genes de modelo, mas com neurônios funcionando. Isso é encantador.
- Seu... Seu... Idiota. - Ela bufou e virou-se em direção ao seu apartamento, então parou e voltou até onde estava. - Merda!
- Alguém já lhe disse que você fala palavrões demais? - Perguntei, me divertindo com os trejeitos dela.
- Palavrão é uma palavra grande, então merda não é um palavrão. Paralelepípedo é um palavrão.
- Obrigada pela aula sobre aumentativo de palavra. Agora se me der licença, tenho várias provas para corrigir. Boa noite Aurora.
Eu já estava começando a fechar a porta, quando ela se aproximou, impedindo que eu fizesse.
- Eu preciso da sua ajuda. - Ela sussurrou olhando para baixo.
Eu abri a porta novamente e a olhei por um segundo antes de responder.
- Eu ajudo, mas com uma condição.
- Você nem sabe o que é, como você já topou? E que condição é essa? Não vou te prestar nenhum favor sexual, nem vem...
- Eu só quero que você peça desculpas por ter me acusado de roubar seu celular e por não ter me agradecido de maneira correta por ter ajudado ontem. - Respondi sério.
- Tudo bem, mas você não sabe que tipo de ajuda eu preciso, como já topou? E se eu precisasse de ajuda para assaltar um banco?
- Então eu seria seu motorista de fuga. - Respondi e consegui que ela desse um sorriso.
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Miguel - (Degustação)
RomantizmSinopse "O amor é paciente, o amor é bondoso. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará. Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e...