Destroços

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Cheguei ao meu apartamento por volta das sete da noite. Nuvens de chuva se formavam no céu e dentro de mim, quando vi apenas os destroços de tudo o que havia ali. Fui até o meu quarto e vi que não restava mais nada. Porém a mancha preta na parede branca me chamou a atenção. Indicava que quem colocou fogo no meu apartamento tinha feito isso da porta, e tinha usado um acelerador. Para que tudo queimasse mais rápido. A pessoa foi esperta o suficiente para deixar indícios mínimos de que foi incêndio criminoso. A mesma coisa no meu escritório. Agora todos os móveis, toda a decoração eram apenas cinzas e eu não podia estar mais triste com essa situação. Algumas lágrimas me escaparam ao ver meu patrimônio destruído, ainda mais agora, grávida. O apartamento e a minha parte na agência são tudo o que eu tenho agora.

-E!

Chamou Sade da porta, melhor, do resto de porta, atrás de mim. Sequei as lágrimas e o fitei.

-Está tudo bem?

-Não. Mas vai ficar.

Ele me abraçou por trás, apoiando o queixo no topo da minha cabeça.

-Eu vou cuidar disso.

-Obrigada. Onde você está dormindo desde isto aqui?

-Na casa de Julian.

-Vamos para o hotel. Eu tenho um quarto que fica alugado permanentemente.

-Easy...

-Eu preciso de ajuda, Sade. Posso contar com você?

Me virei para olhá-lo nos olhos e ele assentiu afirmativamente.

Saímos de lá, passamos na casa de Julian para pegar as malas de Sade e seguimos para o hotel. Chegando lá, tudo o que fiz foi tomar um banho e trocar de roupa.

-Aonde vai?

Sade me perguntou, espantado com a velocidade com que estava agindo.

-Ao médico, preciso confirmar... isto.

Falei apontando para mim mesma.

-Eu vou com você.

Ele disse, se levantando rápido e largando o livro que lia em cima da cama.

-Tudo bem. Tenho uma pergunta, o que aconteceu com os meus carros?

-Julian os recolheu a um depósito onde está a Ferrari batida.

-Bom, diga a ele que quero o meu Audi de volta.

Falei pegando a bolsa e indo em direção à porta.

Ele me seguiu e me levou em seu carro até o consultório na rua Perman 43. Sade estava muito ansioso, parecia que ele era o pai, andava para um lado e para o outro, coçando a cabeça e olhando o relógio a cada minuto que passava.

Era engraçado vê-lo assim, aliviava a minha própria tensão. Quando a recepcionista me chamou, meu corpo inteiro tremeu. Ele me ajudou a levantar e me acompanhou até a sala.

-Bem vinda, senhora Bates. -Me cumprimentou apertando minha mão. -Senhor...?

-Sade.

Apresentou-se nervosamente.

-Eu sou Chris Colleman, médico ginecologista. Meu amigo Jean Paul me informou qual a sua situação.

-Por favor, doutor, seja breve. Eu gosto de objetividade.

Pedi angustiada.

-Bom, na outra sala há uma máquina de ultrassonografia que sei operar. Vamos lá?

Ele abordou o assunto simpaticamente, mas eu fiquei parada com as mãos travadas na cadeira, olhando para ele como se não tivesse entendido a pergunta.

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