Estreito de Bósforo

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Esse é o último capítulo, espero que surpreenda. Deixei uma margem pro caso de eu resolver escrever uma continuação.
No mais, boa leitura!

-Entre minha querida.

Tomas disse de dentro do meu apartamento, eu devo ter passado alguns segundos parada por ver a nove milímetros em sua mão.

-E., não entre!

Gritou Sade do lado de dentro. O que se seguiu foi o som de um disparo e um urro de dor que vinha do meu noivo.

Não sei como ou de onde tirei forças para mover minhas pernas. Acho que estava pensando em voltar correndo pela escada de incêndio, mas quando dei o primeiro passo logo percebi o verdadeiro motivo de estar alí. Me sentia como um marinheiro mercante entrando no estreito de bósforo no escuro e pela primeira vez, não sabia se tinha chance de sair viva dalí, mas tinha que lutar.

O grande cenário com o qual me deparei deveria ter sido pensado por meses e executado por anos. No sofá estavam Hadley, à sua esquerda Manu e à esquerda dela Cameron. Had estava em choque com certeza acreditava que ia morrer, Cameron chorava agoniada me causando arrepios na espinha e Manu estava fria como se soubesse que ia morrer e estava preparada para isso. As cadeiras da mesa de jantar completavam o que eu acho ser um juri. Ao lado do sofá estava Sade, à sua esquerda Julian, à esquerda dele Jean Paul e por último em lugar destacado, como se fosse o banco dos réus estava Nathaniel Sykles. A organização da festa ainda estava pela metade e as únicas coisas que não pareciam fruto do acaso eram os coletes, que deveriam ser obra do Tomas. Cada um com dispositivos bomba, como os usados pelos terroristas, eu já os tinha visto na televisão.

-Admirando o meu trabalho?

Perguntou com um sorriso sádico no rosto.

-O que é que você quer?

Pergunto e assisto-o dar uma sorriso, este costumava ser sinônimo de boas coisas para mim.

-Engraçado, se há alguns anos atrás me pergutassem isso eu diria que queria me casar com você. -Seu sorriso se fecha e ele me olha amargo, como se estivesse muito decepcionado.- você deve estar se perguntando o que esses coletes fazem, eu vou explicar. Quando eu preciono esse botão eu faço dois líquidos dentro da cápsula entrarem em contato, começando um incêndio em vários pontos ao mesmo tempo, que se alastrará rapidamente pois os coletes estão embebidos em álcool.

-Obrigada pela explicação. Mas isso não me diz o que é que você quer.

Digo imaginando que temos uma chance.

-O que é que eu quero?- Repete a pergunta com o sorriso sádico voltando ao seu rosto. - Eu quero te ver sofrer, se arrastar, se humilhar, pedir, ou melhor, implorar para que eu poupe a vida de cada um deles. Depois quero ver você me pedir pra morrer depois que eu matar seu bebê. Você vai sofrer como eu Easy, vai saber o que é a dor de não poder fazer nada, já que está fora do seu alcance.

Aquelas palavras ressoavam nos meus ouvidos junto aos urros de Sade, eu já estava pagando. Coloquei a mão em minha barriga, tentando passar calma para o bebê, e falhando miseravelmente, já que eu não estava calma por ter plena certeza de que tudo ia acabar hoje.

-E o que ele faz aqui, os outros eu entendo, mas e ele?

Perguntei tentando disfarçar o meu plano.

-Nathaniel Haward Sykles! Ele está aqui porque me irrita, é o maior cretino que já existiu. Eu avisei pra ele se afastar de você, mas ele não ouviu! Ele não ouviu!

Ele estava entrando numa desestabilidade mental que eu podia aproveitar.

-Quando você me avisou?

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