Décimo Capítulo

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Uma Única Barreira

- Sim? - pergunto, visivelmente constrangida.

- Estava indo praticar poesia. Gostaria de me acompanhar? - Juliano responde.
Poesia... A palavra não me era estranha, mas não conseguia me lembrar ao certo o que era.

- [...] Tudo o que vai volta
Tudo o que vem fica... [... ] - ele disse e rapidamente memórias vieram a minha cabeça.
Foi graças a poesia que conheci Juliano. Sim!
Senti um enorme sorriso em meu rosto. Foi por aquilo que me apaixonei : a poesia!

Lori estava errada, eu não estava apaixonada por Juliano, muito menos ele por mim.

- Sem problemas, vamos? - perguntei, entusiasmada.

- Sim.

Chegamos no quarto onde encontrei Juliano.

- Meu querido escritório! - diz ele. - Bom... Eu estava pensando de nós começarmos analisando umas obras.

- Perfeito. - digo.

- Vamos começar com essa de Shakespeare :

[...] Assim que se olharam, amaram-se;
Assim que se amaram, suspiraram;
Assim que suspiraram,
Perguntaram-se um ao outro o
Motivo; Assim que descobriram o
Motivo; Procuraram o remédio [... ]

- Espere! Foi essa poesia que a poesia que falamos quando te conheci! - disse surpresa.

- Sim - ele abriu um singelo sorriso sem tirar os olhos do papel. - O que você acha que é essa tal... "Doença "?

"Eu simplismente acho que é uma
doença! " - pensei comigo mesma. Então, prestei mais atenção na mesma e percebi algo que não tinha visto antes. Como não percebi!

- Amor. - respondo - Amor é a doença... Mas.. Por quê?

- Acho que o que ele quis dizer é que...O Amor nos pega desprevenido como uma doença e, a maioria quer achar sua cura...

- Porém, a cura está dentro de nós mesmos. - digo completando-o.

Ele sorriu e se sentou mais próximo de mim.

- Acho que essa doença não é tão ruim, e que não é difícil conviver com ela - ele diz olhando em meus olhos.

- Que eu saiba, doenças matam. - digo virando o rosto ao lado contrário ao seu.

- Não há problema nenhum em morrer de amor - ele se vira.

Nossos rostos grudados, nossos olhos fixos um no outro, minha respiração acelerada, a dele calma.
A cena se repetindo de novo, mas dessa vez há algo diferente, há pureza. Há pureza nas atitudes de Juliano, coisa que não se via em Bruno.

Nossos lábios se encontram, aquela mesma sensação de antes : alegria e prazer.
Suas mãos tímidas vão até meu cabelo. " Malika, pare! Eles não são diferentes!! " - Meu subconsciente gritava.
Estou tão confusa que me esqueço de algo que estava estampado bem na frente do meu nariz : Bruno e Juliano eram irmãos. Brancos e irmãos.

Me solto de seus braços e me levanto, lágrimas vem sem nem esperar meu comando.

- O quê foi Malika? - pergunta ele, assustado.

- Juliano você não entende eu... Eu não quero mais me machucar por alguém que nunca vou poder amar - digo baixo.

- Você não confia em mim? - pergunta ele.

- Não. - murmuro e saio dali às pressas.
Chego na senzala e Lori me para.

- O que foi? Juliano te machucou?

- Olha Lori me deixa em paz! - explodo de raiva - Não quero me machucar de novo por um Conselho ruim que você deu!









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