Vigésimo Primeiro Capítulo

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Uma Única Barreira.

Finalmente tê-lo perto de mim era uma vitória pessoal.
Olhei nos seus olhos por alguns segundos e me sinto imensamente mais feliz.

- Você veio! Temia que aqueles bilhetes não funcionariam e... - Eu o interrompo com um beijo em sua bochecha.

- Também senti saudades - digo e percebo que seu rosto está vermelho. - Está com vergonha Juliano? - pergunto, com um sorriso irônico.

- Talvez... - Ele diz sorrindo. - Vamos entrar? - fala apontando para o local das reuniões.

- Sim. - digo.
Num gesto inesperado, sinto sua mão segurar a minha.

Sorrio para ele. Tenho vontade de beijá- lo e me surpreendo comigo mesma.
Essa sensação boa, que sempre vem quando estou junto dele, é cada vez maior e mais intensa.

Entramos no lugar ainda de mãos dadas.

- Juliano! Vejo que voltou bem acompanhado! - João diz.
Dessa vez, sorrio mais abertamente, não estou mais envergonhada.

- Acho que tínhamos conversando sobre isso. - Ricardo murmura com arrogância.

- Conversamos, e como você deve saber, decidimos que não haveria problema nenhum nisso. - João fala e Ricardo levanta uma sobrancelha, visivelmente indignado.

- Posso fazer uma pergunta? - pergunto.
O rosto de João se ilumina e ele afirma com a cabeça.

- Por quê ele continua aqui? - digo.
Imediatamente me arrependo, pois temo ser expulsa dali.

- Quem? - João pergunta.
Penso um pouco.

Se falasse, eu diria o que penso, que por um lado é o que eles querem, mas por outro, posso acabar magoando Ricardo.
Nesse momento, lembro que ele não pensou antes de expressar sua opinião, e digo antes que a coragem suma.

- Ricardo. - falo e olho para o mesmo, que está com uma expressão rígida. - Ele não concordou com a minha presença em nenhuma das reuniões, como se eu fosse diferente. E, pelo o que eu sei, vocês não tem esse pensamento. Por quê ele age assim? - digo.
João parece surpreso.

Depois de longos segundos de espera, Juliano é o primeiro a se manifestar.

- O que você está esperando para responder, Ricardo? - ele diz.

- Bom... Pensei que iríamos começar a reunião... - Ele diz.

- Tudo bem. O foco agora é que, na parte nordeste do país, já conseguimos abolir a escravidão! - João fala.
Todos comemoram.

"Será que o Nordeste tem lugar para mais uma pessoa"- penso - "Ou melhor, duas..."

Saímos da reunião e me despesso de todos, ficando sozinha com Ricardo, pois Juliano conversava com João.

- Escute aqui, Malika. - sua voz era rígida e rouca. - Acho melhor você não mexer mais comigo, me entendeu? - diz ele.

- Como assim? O que você quer dizer com is... - Ele me interrompe tampando minha boca.

- Quieta. - diz ele, se afastando.
Não tenho mais reações.

Fico olhando ele se afastar, com medo do que ele possa fazer. Decido não contar nada para Juliano, porém, sei que mais tarde terei que lhe dizer.
Juliano se aproxima e forço um sorriso, mas ele está sério. Então, sei sobre o que devemos conversar.

Uma única barreira Onde histórias criam vida. Descubra agora