Epílogo

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Uma Única Barreira

9 meses depois...

Quando meu pai disse que estava contrabandeando escravos, a primeira coisa que senti foi rejeição.
Agora penso, que se não fosse por ele, não teria a encontrado.

Assim que ela chegou, sua beleza exótica me chamou a atenção. Infelizmente, Bruno tinha percebido isso primeiro.
Vê -la beijando-o diariamente, era um sofrimento. Quando ela veio até mim, dizendo que gostava de poesia, meu coração começou a ama-la ainda

Quando ela fugiu para o quilombo, não pude aguentar, e tive que tentar impedir.
Sem nenhum sucesso, fui até o quilombo com ela. Descobri aos poucos o quão incrível era, e que odiava ser chamada de Maria.
Malika. Foi um nome que ficou fixo em minha cabeça por muito tempo.

Aos poucos fui conquistando-a, e não sei o que passou pela minha cabeça quando enviei aquele bilhete para a Fazenda.
Para minha sorte, Malika veio amo meu encontro.

Na reunião, ela me surpreendeu ainda mais, porém aquela noite foi inesquecível por outro motivo; foi naquele momento, que tivemos nosso primeiro beijo.
Sentindo seus lábios nos meus, um filme se passou em minha frente.

E era isso que acontecia agora. Ali estava eu, olhando a mulher da minha vida agonizando de dor para parir nosso filho.
Mesmo daquela forma, aos meus olhos, continuava linda.

Tive que sair do quarto, pois não parava de andar em círculos.
Fiquei com a testa apoiada na porta, pedindo com todo o coração, que ela e nosso filho ficasse bem.

Depois de um tempo, escutei um choro.
Abri a porta da maneira mais rápida que pude.
Desabei de joelhos e comecei a chorar quando vi Malika com uma criança no colo.
Ela sorriu para mim, o que me fez sorrir também, e me chamou para perto.

- É uma menina. - ela diz. - Alguma ideia para nomes?- completa.
Mordo o lábio inferior e faço uma careta, negando.

- Por que não... Nadza? - pergunta. - Significa esperança. - fala com um sorriso ainda maior.

Pesso permissão e pego a criança. Olho em seus olhos e vejo que são iguais aos meus. A cor, lembra um pouco a de Malika. Enfim, ela é incrível.
Depois de um tempo, olho para Malika e concordo com a cabeça. Era disso que precisávamos agora, de um pouco de esperança.

Nadza. Aquela criança era a esperança de vários escravos. Todos eles poderiam romper barreiras.
É isso que Nadza representava, o que eu e Malika fizemos.
Nós ultrapassamos nossa única barreira, agora nada podia nos impedir de continuar.

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