Uma única barreira

Décimo Terceiro Capítulo

Uma Única Barreira

17 de Fevereiro de 1887.

Lá estava eu, novamente na senzala. Estava cansada de passar tanto tempo sentada, mas sabia que precisava me recuperar.
O entra e sai de pessoas era contínuo.
Minhas mãos ardiam menos, e pareciam estar melhor.

Estava feliz com minha recuperação relativamente rápida, e principalmente, por ter me aproximado ainda mais de Mãe Jani, ela era uma pessoa maravilhosa, e pelo simples fato de ser assim, ela lembrava a minha tia que deixei a tempos atrás.
Então, tudo aconteceu.

Mãe Jani entrou na senzala, sem seu sorriso quase habitual. Ela estava acompanhada de Sr. Viana, que mantinha uma expressão séria e olhava ao redor. Quando seus olhos encontraram os meus, ele ergueu as sobrancelhas e me lançou um olhar de raiva.

- Você - ele murmurou e veio em minha direção.
O medo tomou conta de mim, e fiquei desesperada. Então, para minha salvação, Mãe Jani o segurou, com um olhar firme.

- Você tem assuntos a se tratar comigo, Não com Mal..... Maria. - ela disse.

Percebi o quanto ela se sentiu desconfortável por ter que falar meu Outro nome.
Eles foram mais fundo na senzala. Apurei Minha audição para conseguir ouvir o que era dito.

- Não tem mais desculpas, você será expulsa! - escuto Sr. Viana dizer.

- Mas ela preços de cuidados! - Mãe Jani diz.
Eles estavam falando... De Lori?

- Não quero saber, você tem Duas semanas - ele diz, e sai dali.

Vou até onde Mãe Jani estava e a vejo, enxugando algumas lágrimas.

- Mãe... Jani? - digo. Ela olha rapidamente para mim e força um sorriso. - Você irá sair da senzala.
Ela abaixa a cabeça.

- Isso é minha culpa?! - pergunto, chocada.
Se não fosse eu, Lori não iria para o Quilombo, Não apanharia e não tomaria o tempo de Mãe Jani.

- Não Malika- ela se levanta e me abraça - Nada é sua culpa.
Lágrimas rolam pelo meu rosto. Eu não queria que nada disso acontecesse. Não queria.

- Não chore - Ela diz limpando minhas lágrimas - Tudo vai ficar bem.
Eu concordo com a cabeça, mas sabia que no fundo, nada disso era verdade.