Vigésimo Quinto Capítulo

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Uma Única Barreira.

17 de Abril de 1888.

Acabo meu serviços com um sorriso. Depois que Juliano começou a cuidar da Fazenda, os serviços de todos nós foi diminuído.
O medo que se vivenciava, é quase inexistente, tudo mudou.

Entro na senzala e meu sorriso se alarga. Já se passaram um mês e Juliano fez reformas na senzala.
Agora, não dormimos mas no chão. Temos camas em alas masculinas e femininas. Não urinamos mais em um lugar distante, agora temos nosso próprio banheiro bem ao lado da senzala.

- Esqueceu de mim? - escuto Lori gritar.

- Nunca! - grito de volta.
A abraço.

Desde que Lori descobriu que eu amava Juliano, e que tinha lhe beijado, ela não me deixava sozinha.
Queria sempre estar ali. Acho que não queria perder a oportunidade de conversar com Juliano.

- Lori! - Pedro diz.
Lori vai até ele e eles se beijam.

Tampo o rosto fingindo nojo e Lori ri de mim.
Percebo que Lori e Pedro se juntam com um grupo de outros escravos, e percebo que todos estão ali, menos eu.

Me aproximo vagarosamente, pois sinto que sou indesejada naquele grupo.
Escuto o que eles dizem e me surpreendo, sentindo uma lágrima escorrer.

- É a nossa chance! - diz um dos escravos amigo de Pedro.

- Não acho uma boa ideia. - diz Lori.

- Não. - murmuro.
Minha voz sai fraca, mas todos parecem ter me ouvido.

- Por que? - Pedro pergunta.
Era como se ele estivesse esperando argumentos de ambos os lados, para decidir qual era o mais digno de seu julgamento positivo.

Como eles ainda achavam uma boa ideia? Eles ainda não perceberam que ele é uma pessoa boa?
Como eles ainda pensavam na possibilidade de matar Juliano?

Ele tinha mudado tudo, tinha melhorado tudo.
Ele foi incrível, tudo o que ele poderia fazer ele fez. Ele nos fez sorrir e ter um pouco mais de esperança.
Não entendia a cabeça daqueles escravos! Eles deviam achar que todos os brancos eram terríveis como Sr. Viana.

Foi com um susto que percebi. Eu era assim.
Eles não tem culpa de ser uma coisa que eles são praticamente obrigados a ser.
Ser um escravo, e viver com medo, e estar sempre em modo de defesa, esperando pelo pior.

Eu amava Juliano, mas ele não conquistou minha confiança facilmente.
Ele teve que lutar, e era isso que eu iria fazer por ele. Eu ligaria por Juliano, esperando que Pedro entendesse que ele não era um monstro disfarçado.

- Vocês devem dar uma chance a ele! Isso é injusto! - digo. - Não vê tudo o que ele fez por nós? Não vê que a nossa vida está melhor agora!? -
Minha voz agora é mais autoritária, mas temo o que pode acontecer.

O medo e a vontade de chorar estão presos em minha garganta.
Tudo o que eu queria agora era me jogar nos braços de Juliano e chorar, mas não podia. Não agora...

- Eu converso com ele, ele muda as regras. - falo, desesperada. - Escravos não apanharam mais! Poderemos fazer serviços e receber por isso! Seremos livres, pelo menos aqui na Fazenda.... - termino minha frase e um silêncio se instaura.

- Vou te dar uma chance Malika. - diz Pedro - Você tem uma semana. - Ele completa.
Ajoelho - me no chão, e desabo em lágrimas.

Saberia que seria difícil aceitarem Juliano como aliado, mas matá - lo? Era pura loucura.
Depois do julgamento de Pedro, ainda há alguns murmúrios de desaprovação.

Tento ignorar, e Lori vem me abraçar. Ela é uma das poucas ali que entende minha dor.

- Me desculpe por Pedro. - diz ela, chorando junto comigo. - Eu tentei explicar mas... - Eu a interrompo.

- Acalme - se. A culpa não é sua - falo e a abraço mais forte.

Ficamos abraçadas por muito tempo. Queria ficar ali, mas não tinha tempo.
Teria que falar com Juliano. E teria que ser urgente.

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