Décimo Primeiro Capítulo

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Uma Única Barreira

Ela me olha e sorri.

- Porque eu não posso dar conselhos sobre algo que você está sentindo - e ela saiu.

10 de Janeiro de 1887.

- Lori tem certeza? - pergunto.
Lá estávamos nós, na entrada da Fazenda.
Pedro havia voltado para buscar mais pessoas para ir ao quilombo e Lori queria ir com ele.

- Malika, você mesma disse que é lindo, incrível...Eu vou! Mas eu volto. - ela me abraça e vai até Pedro. Sinto uma sensação ruim, porém não diria isso a ela. Queria que ela fosse feliz.

10 de Fevereiro de 1887.

Havia um bom tempo que Lori estava fora. Enquanto plantava, ouvi um alvoroço e olhei para a entrada e me surpreendi.
Lori estavam de mãos dadas e dois brancos os seguravam, arrastando- os para dentro da fazenda.

- Lori!!! - grito.
Ela procura minha voz com um olhar perdido e vejo que ela está com ir rosto ferido. Neste exato momento, me sinto culpada.

- Não... - murmuro.
Isso não podia acontecer com ela, era minha culpa.
No momento em que iria abraça - la, os brancos empurram todos até a árvore.

Uma fila de espera por uma tortura não merecida.
Da última vez em que estive aqui, um homem estava amarrado na mesma, dessa vez o grupo de escravos fugitivos esperava sua vez.
Seriam todos amarrados um por um torturados não apenas pela tira de couro cru, mas também pela espera e pelos gritos que viriam de seus companheiros.

A primeira pessoa a receber a sentença : Pedro.
Lori está com o rosto encharcado de lágrimas. Ela o ama.

- Escravos, negros, porcos! - Sr. Viana começa seu repugnante discurso. - Novamente um castigo, para aprenderem.
Pedro grita de dor logo em seguida acompanhada por Lori, que dá um grito de tristeza e cai de joelhos no chão.
Não consigo deixar isso acontecer, simplismente não posso.
Um estranho plano vem em minha cabeça e pelo desespero do momento, pelo pânico, acabo achando-o útil.

A vez de Lori. Agora era a minha vez de chorar.
Ares de ser amarrada, ela beija a testa de Pedro que está desmaiado por conta da dor.

Lori é amarrada e a culpa me consome novamente.
A tira de couro cru está pronta para Jr de encontro com suas costas.
Hora de por me plano em prática.

Corro até a árvore e fico entre a tira e Lori. Olho para o rosto das pessoas ao meu redor e vejo uma expressão em comum : Surpresa.
Antes que Sr. Viana possa acertar meu rosto, boto minhas mãos a frente.

Dor lacinante, sangue em quantidades enormes, um grito vindo de mim mesma e um arqueio vindo de todos presentes.
Tudo começa a perder seu sentido. Perco primeiro minha visão e desabo no chão ouvindo gritos e choros desesperados.
Perco então a audição e não sinto mais nada. O único pensamento que tenho é : Será isso o que as pessoas de morte? Eu morri?

* Antes de tudo, desculpa pela demora, estava meio brava por o último capítulo ter tão poucas visualizações *

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