Capítulo 1

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Maik

Olho no espelho e gosto do que vejo. Sou feliz assim, gosto da minha vida e principalmente do que faço.

— Vai sair agora? — minha irmã pergunta enquanto se senta em minha cama.

— Vou. — Percebo que ela me observa e que está doida para perguntar o que realmente eu faço naquele lugar.

— Por que faz isso?

— Porque eu gosto, é divertido. — Annie nunca me viu fazendo isso. Embora façamos quase tudo juntos, isso é algo só meu, que ela não precisa ver. Saber já é o suficiente.

Me leve com você, quero assistir.

— Não, você sabe que logo vou parar com isso. Além do mais, não é ambiente para você. Isso é uma coisa minha, preciso disso.

— Você não se cansa dessa vida? Não acha que está na hora de arranjar alguém para ser sua companheira?

Eu me aproximo dela e sento-me ao seu lado. — Annie, eu já tenho você, e o que não faço contigo faço com muitas outras. Não preciso de uma mulher para controlar minha vida, para isso, tenho você. Não quero saber de romance, amor, essa besteira aí de que você e mamãe ficam falando.

Tenho a vida perfeita, uma amiga, parceira, companheira com quem posso contar sempre, dividir todas as minhas alegrias e tristezas, tudo em uma pessoa e, além disso, posso ter todas as mulheres que quiser para me satisfazer.

— Maik, pare de besteira. Um dia vou me casar, e você? Vai ficar sozinho?

— Por que acha que temos os apartamentos colados? Não vou ficar longe da minha melhor amiga e companheira.

— Sou tão sua amiga e companheira, que você não confia em mim. — Golpe baixo. Ela sabe o quanto confio nela e que jogar esse psicológico fajuto é o suficiente.

— Como não confio? Você sabe mais da minha vida do que eu mesmo e me conhece melhor que ninguém.

— Então me deixe assistir ao que vai fazer. — Ela se levanta e me encara, fodido. Não sei dizer "não" para ela. Annie é tudo em minha vida. Amo essa garota e falo sério quando digo que não me importo em nunca me casar, porque tenho minha irmã como companheira.

bom — concordo e vejo seus olhos brilharem, enquanto ela dá saltinhos e bate palmas. — Mas você vai ficar longe, apenas olhando.

— Fico pronta em 10 minutos, você nem vai perceber minha presença.

Annie sai correndo para se arrumar e um filme passa por minha cabeça. Aos 17 anos, sofri por amor e a única pessoa que sabe disso é minha irmã. Sempre fomos muito unidos e nossa profissão ajuda a manter essa forte ligação.

Somos dançarinos desde que nascemos, é isso mesmo, não sei quando foi a primeira vez que dancei porque sempre dancei. Deixe que eu explique, minha mãe é mexicana e dançarina. Quando veio morar no Brasil para viver com meu pai, eles abriram uma academia e, hoje, temos uma grande Cia de Dança. Por isso, nascemos no meio disso e seguimos a profissão. Annie é minha melhor parceira, dançamos com perfeição. Nosso ritmo preferido é o latino, o que me dá muita vantagem com as mulheres e a prejudica com os caras. Além disso, sou megaprotetor em relação a ela. Não permito que caras como eu mesmo se aproximem e, para minha alegria, minha irmã não se importa.

— Estou pronta. Vamos? — Ela está linda, mas fico tranquilo em levá-la, porque lá só haverá mulheres.

— Vamos. Já sabe, né? Nada de ficar perto do palco.

No Ritmo da Paixão - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora